Guarulhos resiste: um olhar para a arte jovem da cidade

04/02/2022

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Espaço Juventudes no Sesc Guarulhos | Foto: Matheus José Maria

Por Diego Micieli e Carlos Silva, educadores do Programa Juventudes do Sesc Guarulhos

Frente à situação posta pela pandemia de COVID-19 e tudo o que está sendo realizado nas mais diversas camadas de resistência para a enfrentarmos, o Programa Juventudes do Sesc Guarulhos definiu a produção de um mini documentário para marcar a ação institucional “Juventudes: Arte e Território”, ação do Sesc São Paulo, na edição de 2020. Essa ação surge no contexto da celebração do Dia Internacional da Juventude, instituído pela ONU, e tem como intuito ampliar os olhares e as discussões referentes às juventudes, considerando os diferentes contextos de inserção, territórios e sua relação com esse público.

O esforço vai no sentido da valorização e visibilidade das produções artísticas de adolescentes e jovens, com idades entre 13 e 29 anos, realizadas em diversos formatos, normalmente presenciais anteriormente, que as unidades elegem em consonância com as pessoas e os cenários possíveis.

O mini documentário “Guarulhos resiste: um olhar para a arte jovem da cidade” surge de conexões cultivadas com quem produz e curte arte em todas as suas vertentes e modos de existência. Assim, a rede de conexões com artistas que já conhecíamos viabilizou o encontro com outras juventudes que produzem arte neste território.

Pretendemos compartilhar um pouco do que temos ouvido e aprendido com essas juventudes e para tornar visível o quão rico esse espaço tem se mostrado.

Ser artista ou trabalhar com arte é um desafio em qualquer conjuntura. Não é raro que esses profissionais sofram pela marca da criação incompreendida pautada por propostas fantasiosas, sobretudo quando a tônica de seus trabalhos é dada por atmosferas pouco utilitaristas, ou então desabam em produções de entretenimento, senão por opção, por sobrevivência.

Agora, imagine fazer arte quando se é jovem! Todos os estigmas são depositados sobre a juventude – ou melhor sobre as juventudes, porque todas as individualidades são únicas em sua essência e realidade – são acrescentados ao panorama idealizado do fazer artístico. Encaradas pelos olhares admirados e, ao mesmo tempo, desconfiados, esse(a)s jovens esbarram com as expectativas de frescor depositadas sobre sua jovialidade, somadas ao medo de novidades muitas vezes estereotipadas em figuras de rebeldia.

Guarulhos é a segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo e, em seus pouco mais de 318 km2 de área dividida em 47 distritos, estão escondidas juventudes ávidas, envolvidas na produção e divulgação de dança, teatro, música, literatura, audiovisual, entre tantas outras linguagens que ocupam desde espaços oficializados para a apreciação da arte até a transitoriedade e as incertezas das ruas e praças públicas.

Para desvelar e explorar esse quadro vasto e surpreendente de potencialidades, conquistas e resistências, contamos com o auxílio do produtor Franklin Jones, que mostra veredas de desafios e suas contradições nessa paisagem, nos oferecendo interlocuções entre a história cultural da cidade e as juventudes artistas espalhadas nela.

Tomando como mote a pergunta “O que é ser artista jovem em Guarulhos?”, passamos e fomos despertados em nosso trajeto por questões como a distância entre os bairros desta enorme cidade, a participação direta e indireta do território em suas formações artísticas, as dificuldades de produzir e veicular arte nesse espaço, a surpresa e a descoberta oportunizada pelo intercâmbio entre grupos de diferentes distritos, a partilha com o lugar de origem, a originalidade e alternativas adotadas que fazem dessa arte jovem sinônimo de resistência.

Seja no improviso das rimas, na estética das poesias, no movimento dos quadris, nos cineclubes, nas canções reveladoras, nos pés e vozes que tocam ressoam nos palcos ou no respeito à sacralidade de um nariz vermelho, essas juventudes convocam com suas presenças à possibilidade e à urgência de coexistir.

Trazendo à tona novos modos de enxergar seus territórios internos e externos, essa arte jovem guarulhense nos apresenta a possibilidade do exercício da horizontalidade na tomada de decisões, a importância do resgate de nossas comunidades ancestrais, a necessidade de incursões exploratórias por nossas identidades, e, por que não, a conciliação da arte com a maternidade. Pois, afinal, quantas raízes de Baobá, de Amoras, de Julianas, de Elizabeths, de Nelsons, de WGs, de Peixes, de GBs estão germinando por essa cidade ou já atravessaram camadas de terra e ainda nos são desconhecidas?


Assista ao mini documentário:
 

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