Quatro artistas trans ilustram versos inspirados em São Paulo, que completa 468 anos nessa terça, 25/1/2022.
Auá Mendes, Carú de Paula, Luiza Lemos e Lune criaram obras inéditas a partir de canções de Adoniran Barbosa, Rita Lee, Inocentes e Brisa Flow.
Janeiro é o mês em que a cidade mais plural e diversa do Brasil comemora seu aniversário (25), bem como o mês que marca a luta da Visibilidade Trans (29). Com o propósito de celebrar o multiculturalismo da capital paulistana, o Sesc Avenida Paulista convidou quatro artistas trans para criarem uma ilustração inédita baseada em trechos de canções de diferentes artistas e gêneros, feitas para São Paulo, como uma forma de homenagem.
De 22 a 25/1 acompanhe nas redes do Sesc Avenida Paulista o projeto #ilustrasSobreSP e embarque nessa jornada de linhas, cores e versos.
Experimente também o filtro Sons de SP para instagram e escolha uma canção que combina com a sua foto ou vídeo.
Você sabe por que dia 25 de janeiro é o aniversário de São Paulo?
Foi neste dia, no ano de 1554, que os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta fundaram o colégio, que viria a ser o local em que os indígenas seriam educados para se adaptarem ao estilo de vida e conduta dos jesuítas.
Já o nome da cidade é uma homenagem ao apóstolo Paulo, que segundo a tradição católica teria se convertido ao cristianismo no dia 25 de janeiro, mesma data em que foi celebrada a missa de fundação do Colégio dos Jesuítas.
(Fonte: Portal do Governo de SP)
E por que dia 29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans?
No dia 29 de janeiro de 2004, foi organizado, em Brasília, um ato nacional para o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”. O ato foi um marco na história do movimento contra a transfobia e na luta por direitos e a data foi escolhida como o Dia Nacional da Visibilidade Trans.
(Fonte: Desenvolvimento Social)
Conheça cada artista
Carú de Paula
carú de paula é uma ação potente que atravessa experimentações transmasculinas, poeta, arteiro, psicólogo, uma corpa dessa terra e não outra se não nessa na qual pisa, uma corpa afoita por afetos e ações de vida éticas, sobretudo anticoliniais. Atualmente é mestrando em psicologia clínica pela PUC-São Paulo e coordena o projeto Acolhe LGBT+ na organização internacional LGBT+ AllOut.
Canção escolhida por Carú De Paula: O Trem das Onze – Adoniran Barbosa
“São Paulo é terra de encontro e fluxos, foi conjurada em um encontro de águas, bem como o trem das onze é conjurado para uma jornada até a Cantareira em busca de água em 1893. Adoniran Barbosa eterniza o trem das onze, mas mais que isso, registra a memória do fluxo, bem como uma longa história de desencontro entre os desejos desenvolvimentistas da cidade e seus fluxos mais antigos, os mesmos que a cidade tampou, os mesmos que a cidade sujou, os mesmos que garantiram alimento e proteção para tantos, antes mesmo do nascimento da cidade. São Paulo é território de encontro, é terra antiga e ancestral, e ainda que em uma irredutível disputa com as águas, manifesta em seu cotidiano mais presente um fluxo infindável de corpos, dores, festas, memórias, lutas, curas e amores.”
Carú de Paula
Luiza Lemos
Luiza Lemos é formada em História. É quadrinista, cartunista, roteirista e ilustradora. Autora da HQ Transistorizada (2018) edição impressa das tiras que publicava semanalmente pela internet, que falam sobre questões LGBTQIAP+ com foco maior no seguimento T e política. Também produziu tiras para o jornal Brasil de Fato (2018), participou da coletânea Rancho do Corvo Dourado (2019), HQ que narra uma visão satírica e crítica da Sítio do Pica-Pau Amarelo em um futuro pós apocalíptico, Participou também das coletâneas LAGBTQIAP+ Sob a Luz do Arco-íris e Quadrinhos Queer (Skript, 2020). Participou da HQ Mulheres e Quadrinhos 2° Edição (2020), como capista, esta HQ foi indicada a 2 categorias no Prêmio HQ Mix, também pela editora Skript. Como roteirista trabalhou no projeto Oreo Faz de Contos, contratada pela Eleven Dragons, foi roteirista do curta de animação “Os Três Porquinhos”, revisão do conto clássico por uma visão crítica da masculinidade tóxica, e do documentário Muito Além do Arco-íris para o Canal da Social Comics no YouTube, que fala da história e importância do quadrinho nacional LGBTQIAP+, também sob contrato com a Eleven Dragons.
Canção escolhida por Luiza Lemos: Pânico em SP – Inocentes
“Fui punk na juventude, e quando o Sesc Avenida Paulista me chamou pra fazer uma ilustra com músicas falando de São Paulo, Pânico em SP foi a primeira coisa que me veio em mente. Na ilustra, uma trans punk cantando o refrão da canção. Na camiseta dela o logo da banda Against Me – banda punk cuja vocalista é uma mulher trans. E um toque de crítica em relação à recente visibilidade que as trans conseguiram nos últimos tempos.”
Luiza Lemos
Auá Mendes
Auá Mendes, Indígena do Povo Mura, Artista, Manauara do Amazonas, formada em Tecnologia em Design Gráfico pela Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO atualmente é Mestranda Profissional em Design pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Designer gráfica, ilustradora, grafiteira, performer, maquiadora artística e fotógrafa experimental, trabalha com freelancer e já desenvolveu projetos para Nu Bank, Feira Preta, Tomie Ohtake, PerifaCON, Vivo, MAM, Instituto Goeth Indonésia e entre outros.
Faz parte do coletivo Nacional Trovoa, coletivo Tupiniqueeen e Akela Crew. Seus projetos já foram apresentados em Berlim, Indonésia e alguns estados do Brasil. Em 2021, fez parte da campanha Empreendedorismo Feminino da Nu Bank, e da campanha do Sistema B (Feira Preta). Participou da formação de lideranças femininas do projeto da Tomie Ohtake pela Feira Preta, participou como curadora de grafite para o projeto Sarjetas da Sopa Análises, e da campanha Viúva Negra da Disney/Marvel pela PerifaCON. Em 2020, fez parte da equipe de júri do evento Feminists Generation Movements and Moments de História em Quadrinho, realizado pelo Instituto Goeth Indonésia, no mesmo ano, integrou a exposição internacional coletiva Fúria Tropical do Instituto Oyoun, Berlin. Foi artista convidada pela World Wide Fund for Nature (WWF) para exposição coletiva do Dia da Terra, e também da Marsha Coletividade Trans de SP para a exposição no Centro Cultural de São Paulo. Em 2019, fez sua exposição individual no Centro de Artes Galeria do Largo em Manaus (AM).
Canção escolhida por Auá Mendes: Zona de Segurança – Brisa Flow
“Minha relação com a música e a artista, é que é uma mulher indígena falando sobre os enfrentamentos que um corpo originário passa em São Paulo. Sobre a retomada de confiança que temos em certos lugares e pessoas de SP, sobre a afirmação de identidade que reforçamos todos os dias e momentos, por estar em um lugar colonizado, e estar descolonizando com nossas existências e resistências, em corpo, língua, vestimenta e acessório.”
Auá Mendes
Lune
Lune é uma pessoa que sonha com um mundo onde as pessoas vençam o ódio e o preconceito e tenham seus aspectos respeitados. Fez sua transição de gênero e, desde então, é uma pessoa muito mais feliz consigo e com seu corpo. Atualmente mora em São Paulo e trabalha como ilustrador e designer gráfico.
Canção escolhida por Lune: Lá Vou Eu – Luiz Sergio e Rita Lee
“O céu não é estático, tem dias de chuva, sol, nublado, fluindo ao longo do tempo, mas nunca igual ao que era antes, relacionamentos também. Eles passam por diversos momentos, sendo eles felizes ou difíceis, mas sempre se pode admirar que ali as pessoas estão compartilhando algo muito maior: o calor de ser humano, a melhor parte de viver. O sol, na minha ilustração, representa isso, algo maior e quente, que ilumina e cria espectros de cores diferentes a cada dia no céu, colore aquela imensidão do universo sem resposta, e nos faz ver o que vale a pena, embora sejamos tão pequenos.”
Lune
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