Foto: Renata Teixeira
Mesmo com uma jogadora eleita, por diversas vezes, a melhor do mundo, o futebol feminino ainda é tabu na sociedade brasileira. É triste saber que um dos esportes mais praticados no mundo ainda cria divisões, mas aos poucos essa realidade vem sendo modificada e as mulheres têm conquistado espaço através de muita luta e ações como o FuteMinas do Sesc Campo Limpo, que dedica uma parte da programação esportiva para que as garotas se sintam à vontade para praticar o futsal feminino.
Até certa idade as crianças brincam e praticam esportes sem nenhuma distinção, mas num determinado momento, no jogo dessa sociedade excludente – que faz questão de classificar tudo por cores – as meninas recebem o cartão vermelho para os esportes. Os motivos que levam à redução do número de praticantes do sexo feminino são diversos, que vão desde a vergonha, provocada pela falta de habilidade inicial, mudanças no corpo das meninas e até a pressão pelo “amadurecimento” precoce, que geralmente as coloca nas posições de cuidadoras (dos irmãos, dos afazeres domésticos, do marido, filhos, etc). E assim o esporte vai ficando em segundo plano para as meninas e mulheres.
Mas é no futebol que esse abismo se mostra mais evidente. Há um tempo não muito distante a prática do futebol era proibida para mulheres no Brasil. Diziam que não era compatível com o corpo feminino e que era loucura pra elas praticarem um esporte tão bruto, pois isso poderia tirar a delicadeza de seus corpos. Loucura maior é a de quem impunha essa limitação que até hoje está presente nos discursos daqueles que dizem que futebol é coisa pra homem. Não é à toa que a diferença de salários entre os jogadores e as jogadoras ainda é absurdamente desnivelada. É loucura não refletir sobre essas questões, e limitar as pessoas de fazerem aquilo que gostam e que traz emoção para suas vidas soa no mínimo retrógrado.
Nesse tempo em que se instalou o FuteMinas no Sesc Campo Limpo, observamos uma grande diferença entre o futebol praticado pelas meninas e o futebol masculino. Enquanto os garotos estão sempre competindo em busca da vitória, do resultado final da partida, para as meninas o que importa é a alegria do compartilhamento do jogo e a evolução no aprendizado e conhecimento. As partidas são mais leves e alegres. Elas nos ensinam a cada dia que nem sempre quem ganha é vitorioso e que existem outras formas de vencer. Para essas meninas, mais importante do que o destino é o caminho que é trilhado. No futebol, no esporte, na vida… jogue como essas garotas.
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