Foto: Matheus José Maria
“Os jovens estão muito mais abertos e muito mais conscientes do que a gente pensa”
Sérgio Vaz
A juventude é diversa e traz um universo de realidades, marcado por fatores sociais, políticos, econômicos, culturais, territoriais, étnico-raciais, de gênero e sexualidade, que acabam influenciando sujeitos e comunidades, possibilitando, para alguns, o protagonismo e privilégios; para outros, invisibilidade e preconceitos.
Pensando em trazer diálogos e reflexões para, sobre e com os jovens, o Sesc São Paulo apresenta a ação Juventudes em Foco que por meio de encontros e rodas de conversa, pretende provocar discussões sobre as diversas juventudes e as principais questões referentes a esta população, trazendo os anseios e dilemas vividos na contemporaneidade.
Esta edição, que acontece de 7 de fevereiro a 28 de março nas unidades da capital, interior e litoral de São Paulo, tem como tema Comunidades e Conexões, onde pretende-se criar espaços de diálogo e reconhecimento dos sujeitos e seus territórios, trazendo a potência do que tem sido feito nos coletivos, ampliando a visibilidade às ações e projetos que eles já desenvolvem.
A EOnline conversou com o poeta Sérgio Vaz, que fala sobre a importância e influências da literatura na periferia e como sua relação com os jovens tem sido feita, por meio de distribuição de livros, poesias, saraus, slams e, principalmente, pelo diálogo. “Mais do que teorizar sobre os jovens, é preciso caminhar com eles, compreendê-los”, comenta o poeta.
Quando jovem, Sérgio jogava futebol de várzea e achava que gostar de poesia não “pegava” muito bem, até que, por meio da música popular brasileira conheceu Pablo Neruda e entendeu que a poesia podia trazer força, que por meio dela podia falar do povo, para o povo, falar do trabalho, da fome, da miséria, sobre racismo e contra diversas outras coisas que assolam a humanidade. Decidiu que era sobre isso o que queria escrever. Depois que conheceu o trabalho de Carolina de Jesus sentiu vontade de falar de sua “aldeia”, da sua “quebrada”, e isso foi um divisor de águas em sua vida, pois, além do envolvimento com a poesia, criou o Movimento Cultural Cooperifa e com ele um dos Saraus mais importantes da periferia de São Paulo.
“A gente chegou na literatura através da palavra, através da gentileza… muito mais do que essa transformação social é a transformação pessoal. O que o livro é capaz de fazer, de humanizar uma pessoa, é uma coisa fantástica”.
Sérgio citou, ainda, a diferença dos jovens da sua época para a juventude atual, dizendo que agora, com as inovações tecnológicas e crescimento das mídias digitais, os jovens são mais ágeis: “hoje uma pessoa escreve um poema, coloca no Facebook, consegue atingir outros lugares, além da periferia, outras pessoas que ela não conhece”.
Não apenas nas novas tecnologias, as conexões estão, também, nas comunidades, nos projetos que os jovens têm produzido e realizado, nos coletivos, na gentileza de falar e na gentileza de ouvir e na busca conjunta pelo fortalecimento dos valores democráticos e o respeito ao que é diverso.
Veja um pouco mais dessa conversa abaixo.
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