Artista residente Glauco Paiva trabalha com sucatas eletrônicas
Foto:Neurilan Ribeiro/Sesc
O Sesc apresenta novas configurações do programa Internet Livre na unidade de Santos. Novo projeto contempla oficinas e residência artística
O Sesc em São Paulo dispõe de espaços equipados para a exploração das técnicas e conteúdos digitais, individualmente ou por meio de dinâmicas. Os novos recursos de comunicação, o reaproveitamento de resíduos eletrônicos, a experimentação e a produção criativa utilizando a combinação de tecnologias permeiam as atividades oferecidas pelo programa Internet Livre. Projetados para estimular o comportamento em rede, os espaços dispõem de instrutores de internet e multimídia, encarregados de propor conteúdos e procedimentos alternativos, bem como de dar soluções às dúvidas rotineiras ou às demandas específicas de cada usuário.
A criação de tais espaços para navegação na internet foi necessária e possibilitou a mobilização e engajamento de pessoas de todas as idades na utilização dos recursos tecnológicos digitais disponíveis. Hoje, o Sesc busca se adequar às necessidades de continuidade da inserção dos usuários no universo digital, ampliando esse aprendizado/interação/criação. Isso permite a expansão do conhecimento e da criatividade e mantém a finalidade de solução de problemas ou apenas diversão através do uso da tecnologia digital.
Algumas unidades assumem novas atividades nas salas da Internet Livre. A ideia de criação de um Lab (laboratório) na unidade do Sesc Santos, que funciona em conjunto com a navegação livre, nasceu da notória demanda de um público atento à cultura digital e amante da arte mídia.
Assim, a unidade instalou, em agosto de 2013, um esboço de laboratório na sala da Internet Livre. Foram oferecidas oficinas com equipamentos obsoletos e sucata eletrônica. A transmissão do conhecimento dos conceitos básicos e do uso da plataforma de hardware livre Arduino, apresentados com exercícios práticos, foi a atividade inicial mais marcante.
Arduino (nome italiano) é uma placa, uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre. É uma placa única com suporte de entrada/saída embutido e linguagem de programação padrão. É também um tipo de controlador de baixo custo que cria ferramentas flexíveis e fáceis de usar por artistas e amadores, para desenvolvimento de objetos interativos independentes ou conectados a um computador hospedeiro. Uma placa típica “arduino” é composta por um controlador, algumas linhas E/S digital e analógico e saídas USB para interligar-se ao hospedeiro. No Brasil, já temos em desenvolvimento nossa própria placa com características semelhantes, o “Severino”.
A experiência sob a coordenação do instrutor web da unidade de Campinas, o professor de física Antonio Celso, foi um sucesso e demonstrou um caminho a continuar. A partir de agosto, a equipe apostou na residência do artista e professor Glauco Paiva.
A proposta de laboratório é prestigiar a utilização de sucata e componentes eletrônicos. O Lab Livre do Sesc Santos foi aberto ao público que poderá acompanhar, interferir e participar da produção Glauco Paiva, oferecendo uma nova maneira de interação com a tecnologia e com as artes, criando um ambiente de produção colaborativo e vivo.
Durante a residência de Glauco Paiva, serão feitas as seguintes ações:
Circuit bending com brinquedos chineses: brinquedos serão desmontados para construção de objetos sonoros (distorção de sons), aproveitando motores e reduções para criar novas peças interativas.
Painel Interativo: som, luzes e movimentos desenvolvidos e instalados em estrutura existente na sala, utilizando os trabalhos de circuit bending e sensores.
Móbile com movimentos de motores e leds: com o material retirado dos brinquedos, o móbile ficará pendurado na sala criando uma ambiência que conversa com o trabalho que está sendo desenvolvido.
Acompanhamento de projetos de usuários: projetos particulares poderão ser realizados na sala, como, eletrônica básica, robótica educacional e criações próprias.
Primeiros passos com Arduino: em funcionamento com leds e servomotor, será apresentada e ficará à disposição dos interessados em produzir seus projetos. Programação básica e interação com o software scratch para crianças.
Esculturas e robôs interativos com sucata tecnológica: materiais de descarte trazidos pelos usuários.
É importante destacar que todo o material produzido ficará em exposição na sala durante a residência. A vivência em laboratório terá duração de dois meses, sendo realizada três vezes por semana, com período de seis horas por dia, todas as sextas, sábados e domingos, de 20 de setembro à 24 de novembro de 2013.
A coordenação geral do projeto é de Glauco Paiva, artista e educador que trabalha há mais de 15 anos no universo da criação de processos lúdicos de apropriação de tecnologias. Inclui a ressignificação de objetos do uso cotidiano ao seu trabalho, que é uma espécie de bricolagem que funde arte, eletrônica e invenção.
Assim o LabLivreSantos passa a ser um espaço onde a curiosidade poderá alçar os voos mais inacreditáveis da tecnologia ao alcance de todos: robôs, máquinas, instrumentos, vídeos, sons, objetos, diversão, imersão, qualquer coisa, desde que desperte a curiosidade, a busca pelo conhecimento, o prazer de fazer ou apenas a observação. Os participantes serão orientados na viagem da exploração, investigação e criação através do reaproveitamento de materiais descartados, equipamentos obsoletos e sucata eletrônica.
Entre os novos objetivos do LabLivreSantos está o de criar interesse e curiosidade e ao mesmo tempo difundir o contexto tecnológico que está disponível a todos atualmente. Além de propor adaptações e improvisos para encontrar soluções simples e criativas para pequenos problemas cotidianos, inclusive para criação nos contextos da arte contemporânea e da cultura digital.
Outra atividade que estará em constante movimento é a Carriola Eletrônica, projeto criado anteriormente pelo web instrutor André Rosário. Consiste numa carriola que se desloca pela unidade levando o conteúdo da sala para espaços alternativos. Além de exposições e intervenções aliadas a outras áreas, principalmente artes visuais.
“O LabLivreSantos nasce num velho espaço, mas com novas atividades que oportunizam a análise sobre questões relevantes como tecnologia, sustentabilidade, escassez de recursos, criatividade, arte, design e cultura hacker. Queremos jogar com novas variáveis buscando criações interessantes e ampliar o olhar para as atividades; trazer outros elementos e cruzamentos; agregar conteúdos numa estratégia que contextualize para o público, a atividade desenvolvida por um artista, oficineiro, ou público participante”, afirma a animadora sócio cultural da unidade, Solange Alboreda.
O LabLivreSantos é também um ateliê digital. Um espaço de estudo focado no conhecimento: da vida, da natureza, do cérebro, da história, da física, das artes e de tudo o que compreende a existência humana. Aliados à tradição brasileira de adaptar, improvisar, encontrar soluções simples e criativas para pequenos problemas cotidianos pode ser aplicada hoje, nos contextos da arte contemporânea e da cultura digital. O prazer de mesclar ciência e arte, com a única intenção de jogar, experimentar e criar, isso faz os dias diferentes e a vida melhor.
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