Leite humano, alimento que vale ouro

18/07/2024

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A chegada de um bebê é um momento transformador no cotidiano das famílias. Receber uma nova vida é uma experiência única, complexa e vivenciada de diversos modos. Em algumas casas, os primeiros meses de vida saem como o planejado mas, em outras, diferentes da expectativa. E, em um momento tão singular, o que pode auxiliar no dia a dia são informações adequadas e acolhimento.

No que tange à alimentação, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite humano deve ser o único alimento para o bebê até os 6 meses de idade. Idealmente, deve ser oferecido até os 2 anos ou mais, mesmo após a introdução alimentar complementar. Isso porque ele é considerado completo para o bebê do ponto de vista nutricional, um alimento “padrão ouro”.

No Brasil, pesquisas indicam que o percentual de crianças com menos de 6 meses alimentadas exclusivamente com leite humano não alcançava 3% em 1986. Em 2008, o número era de 41% e, em 2022, a amamentação exclusiva chegou a 46% dos bebês, segundo o Ministério da Saúde. Apesar do crescimento, o número ainda é inferior à meta da OMS: 50% até 2025.

A hora da amamentação pode ser um momento especial para fortalecer o vínculo entre o recém-nascido e a pessoa que amamenta, um período de troca, afetos e de conhecer um ao outro.

Inúmeras são as vantagens para o bebê, como menciona o professor Marcus Renato de Carvalho, pediatra e especialista em amamentação, e um dos fundadores do site aleitamento.com.br. O leite humano ajuda na prevenção de infecções, alergias e doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão. “Ainda há o benefício da sucção, que previne distúrbios fonoaudiológicos e ortodônticos”, completa.

Para quem amamenta, os benefícios também são grandes, contribuindo para a proteção contra câncer de mama, ovário e útero, além de ajudar a prevenir doenças no futuro, como a osteoporose e o infarto. Também representa uma economia doméstica porque, além de ajudar a prevenir doenças do bebê e da mãe, o gasto com amamentação é zero.

Segundo o Guia, a amamentação também faz bem ao planeta, evitando produtos geradores de detritos, como latas e plásticos, contribuindo na redução da emissão de gás metano, com resultado direto no efeito estufa.

Nem sempre é fácil oferecer exclusivamente o leite humano ao bebê, especialmente em livre demanda. Mães solo, com baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social podem ter ainda mais dificuldades. Por isso, uma rede de apoio composta por familiares e amigos é fundamental. Carvalho destaca que “a mulher não amamenta sozinha. A rede de apoio começa em casa, se estende para a comunidade, sociedade, locais de trabalho e estudo”.

O Guia Alimentar Para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos (2019), do Ministério da Saúde, reforça a importância dessa rede, destacando que os primeiros anos de vida são importantes para a formação dos hábitos alimentares, e que a saúde da criança é prioridade absoluta – e uma responsabilidade de todos.

Como aponta o Guia, cada processo de amamentação é único. E nem sempre amamentar é uma realidade. No caso de quem não consegue, uma alternativa é recorrer a bancos de leite humano ou orientações de profissionais.

Informação e apoio são fundamentais. Há recursos disponíveis em unidades básicas de saúde que auxiliam a respeito da pega correta, o que fazer em caso de dores ou incômodos nas mamas, qual a alimentação mais adequada para quem amamenta, dentre outras orientações.

Afeto e cuidado são imprescindíveis para que a amamentação aconteça, possibilitando que o bebê receba comida de verdade, “padrão ouro”, desde o seu primeiro dia de vida.

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