Africanos, europeus, asiáticos, árabes, judeus… Ao longo dos séculos, o Brasil tem acolhido pessoas de toda parte do mundo – cada uma trazendo consigo histórias que criaram a identidade de seu povo. Algumas dessas narrativas ganharam tradução para o português e estão reunidas no projeto Literatura Livre, que o Sesc São Paulo lança a partir de 22 de dezembro.
A iniciativa disponibiliza gratuitamente na Plataforma Sesc Digital uma coleção de obras originárias de povos que contribuíram para a formação do povo brasileiro. Ao todo são 14 e-books, que trazem desde contos folclóricos africanos até textos fundadores das culturas japonesa e árabe, com novelas escritas por judeus em alemão, poloneses em inglês e as vivências de uma imigrante chinesa nos Estados Unidos.
Clássicos como o “Coração das trevas” (1899), de Joseph Conrad, e “As viagens de Gulliver” (1726), de Jonathan Swift, evocam o sentimento de deslocamento – tão pulsante em quem vem de fora – e contam o que é ser um “estranho no ninho” buscando integração ou lutando para preservar suas tradições. Já volumes como as “Crônicas do Japão” (720), de Ō-no-Yassumaro e príncipe Toneri, resgatam elementos fundadores de um país e lidam com a faceta da saudade da pátria-mãe. Por sua vez, os “Contos folclóricos africanos” Vol. 1 e 2 (1901-1012), que trazem narrativas orais de povos nativos coletadas por colonizadores brancos, provocam uma reflexão sobre as contradições entre preservação e apagamento.
O download dos títulos estará disponível nos formatos ePub, PDF e Kindle (compatíveis com todos os dispositivos, do computador aos celulares, tablets e leitores digitais) no endereço sescsp.org.br/literaturalivre. Cada volume é sempre bilíngue: além da tradução do texto para o português, o leitor encontra também o original em seu idioma.
Embora esses autores e suas obras já estivessem em domínio público, restava ainda o obstáculo da tradução a ser vencido: os originais existiam apenas em inglês, alemão, árabe, japonês. O Literatura Livre surgiu para suprir essa lacuna, garantindo a leitoras e leitores o acesso gratuito a esses textos em português, com o olhar de tradutores especializados para cada título, além de ilustrações inéditas.
Agora, públicos de todas as idades poderão conhecer, identificar ou redescobrir raízes de povos que fazem parte da diversa sociedade brasileira e que contribuíram de forma imensurável para a formação de nossos costumes, culinária, língua, arte, pensamento e laços afetivos.
A produção ficou a cargo do Instituto Mojo de Comunicação Intercultural e as ilustrações foram criadas por André Ducci, ilustrador curitibano que colabora com publicações do Brasil e do exterior.
Contos folclóricos africanos – Vol.1
de Elphinstone Dayrell, George W. Bateman e Robert Hamill Nassau
Títulos originais:
The Folk Tales From Southern Nigeria (1910)
Zanzibar Tales (1901)
Where Animals Talk (1912)
Edições Português/Inglês
Sinopse:
A África é o berço da civilização e essa seleção de contos celebra sua cultura e influência, tão ricas e diversificadas quanto o próprio continente. Na África setentrional, as histórias de sultões e seres mágicos deixam entrever a influência moura; nas florestas do Congo, sociedades de animais cuja inteligência sobrepuja à do ser humano; nas ilhas orientais, as alegorias morais das antigas civilizações tribais. Contos folclóricos africanos reúne histórias coletadas por exploradores, governantes e missionários europeus, em sua maioria contadas diretamente pelos nativos. São narrativas transmitidas verbalmente, de geração em geração, por provavelmente centenas de anos. Os contos revelam o folclore, as crenças e os códigos de ética africanos.
Autores:
Elphinstone Dayrell (1869-1917), George W. Bateman (1850-1940) e Robert Hamill Nassau (1835-1921), os três autores selecionados para este volume, fazem parte de um movimento em comum. São três esforços individuais para a preservação de culturas locais ameaçadas pela colonização europeia. Ironicamente, as pessoas que se dispuseram a essa preservação eram oriundas das mesmas instituições que suprimiram tais culturas — um governador britânico, um explorador a serviço da coroa inglesa e um missionário dos EUA. No entanto, há também um dualismo moral nesses esforços. Não fosse pela coleta e publicação dessas histórias, elas poderiam se perder no tempo, pois as tribos africanas as perpetuavam apenas pela tradição oral.
Tradutor:
Gabriel Naldi é tradutor, revisor, publicitário e editor no Instituto Mojo de Comunicação Intercultural. Formado em publicidade e propaganda pela Universidade Metodista e pós-graduado em Tradução pela Estácio de Sá, Gabriel Naldi possui ampla experiência em planejamento estratégico para ações digitais, em agências de propaganda, empresas e portais. Foi revisor de textos para emissoras e empresas como Petrobras, Band, TV Tribuna, TCE Pará e TCU. Desde 2013, atua como tradutor e revisor de texto, localização de websites, redação publicitária, marketing e tradução literária.
Coração das trevas, de Joseph Conrad
Título original: Heart of Darkness (1899)
Edição Português/Inglês
Sinopse:
A obra talvez seja a análise mais profunda já feita sobre a comunicação intercultural e seus possíveis resultados: a relação dominador versus dominado se inverte e se subjetiva no relato da viagem do jovem Charles Marlow ao coração do continente africano. Sua longa jornada rumo às estações de exploração de marfim da Companhia é regada de histórias sobre Kurtz, o homem mais respeitado dentre os europeus em território virgem, conhecido por ser sábio e justo. Com o passar do tempo, Marlow passa a ver mais humanidade nos nativos do que no enaltecido Kurtz.
Autor:
Joseph Conrad (1857-1924) nasceu em Berdichev, na Ucrânia, então parte do Império Russo. Filho de uma família polonesa, Conrad se tornaria um renomado autor de contos e novelas em inglês. Em 1869, seus pais morreram de tuberculose, o que o levou a morar com o tio na Suíça. Aventurou-se no trabalho náutico, em que colheu suas referências para obras posteriores, como O agente secreto e Coração das Trevas.
Tradutor:
Ricardo Giassetti é consultor em cultura participativa, remix e inovações digitais. Transitou pelos mercados editorial, jornalístico, publicitário e audiovisual em seus trinta anos de carreira. Criou metodologias para localização cultural para regiões como União Europeia e América Latina, assim como para países tais quais China, Índia e Estados Unidos. Autor de Gunned Down – Down the River (EUA, 2005) e O catador de batatas e o filho da costureira (Brasil-Japão, 2008). É fundador da Mojo (2006) e do Instituto Mojo de Comunicação Intercultural (2018).
Crônicas do Japão, de Ō-no-Yassumaro e príncipe Toneri
Título original: Nihonshoki (720)
Edição Português/Japonês
Sinopse:
Os textos desta obra têm suas origens em histórias orais. Escritos originalmente em chinês, fato que reflete a influência dessa civilização sobre o povo japonês, foram compilados em 720 por ordem da corte imperial. O objetivo era fornecer ao Japão uma história capaz de fazer frente aos anais dos chineses. Compilados por Ō-no-Yasumaro e pelo príncipe Toneri-no-miko, os textos mesclam lendas, mitos e a genealogia da família imperial. Importante fonte do pensamento Shintō e da história das primeiras famílias imperiais, Crônicas do Japão narra, por exemplo, a introdução do budismo no país e a Reforma Taika ocorrida no século 7.
Autores:
Ō-no-Yassumaro (?-723), ou 太 安万侶, era membro da nobreza japonesa, burocrata e cronista. Era provavelmente filho de Ō no Honji (多 品治), que participou da Guerra Jinshin (672). Famoso por compilar e editar o Kojiki, a mais antiga obra japonesa conhecida, uma encomenda da Imperatriz Genmei, provavelmente também teve papel de destaque na compilação do Nihonshoki, concluído em 720. Já o príncipe imperial Toneri-no-miko (舎人親王, 676-735) era filho do Imperador Tenmu. Viveu no início do período Nara, quando ganhou poder político como líder da família ao lado do príncipe. Foi o supervisor da compilação do Nihonshoki.
Tradutora:
Lica Hashimoto é mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP) e doutora em Literatura Brasileira pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira também pela FFLCH-USP. Bolsista do Ministério da Educação do Japão com especialização em Língua e Cultura Japonesas pela Universidade de Waseda (Tóquio) e do Programa de Treinamento de Professores estrangeiros de Língua Japonesa da Fundação Japão, organização vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. É docente de Literatura Japonesa no curso de Letras Japonês e no Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa. Autora de artigos e livros de temas relacionados à Língua e Literaturas Japonesa e Brasileira. Em sua carreira, Lica traduziu dezenas de obras da literatura japonesa, desde clássicas até contemporâneas.
El Zarco, de Ignacio Manuel Altamiro
Título original: El Zarco (1901)
Edição Português/Espanhol
Sinopse:
A América Latina é o cenário de uma história cíclica de pobreza, violência policial, preconceito, racismo, corrupção, arbitrariedades, territórios dominados por milícias e populações inteiras aterrorizadas pelo crime. Em El Zarco, o mexicano Ignacio Manuel Altamirano apresenta esses elementos e suas correlações. Nessa história, o esplendor da natureza da bucólica Yautepec do século 19 é o cenário para o quadro de caos social no qual vivem seus moradores. Os pobres sofrem nas mãos dos grupos criminosos, que intimidam, sequestram ou matam pessoas em nome dos seus interesses, e nas mãos do Estado, que representa uma ameaça real à liberdade e à vida dos cidadãos que não se curvam às suas arbitrariedades. É nesse ambiente que se desenvolve uma trama em que o caráter de um homem perverso, mesquinho e vulgar, de pele clara e olhos azuis, é contraposto à honradez, nobreza e justiça personificadas em um índio de pele morena.
Autor:
Ignacio Manuel Altamirano (1834-1893) foi um advogado, escritor, jornalista, professor e político mexicano. Escreveu vários livros de sucesso em sua época e cultivou o conto, a crítica e a história, com trabalhos em forma de ensaios, crônicas, poesia, novelas e biografias. Colaborou em algumas das principais publicações da época. Também foi fundador de alguns dos mais conhecidos jornais e revistas mexicanos, dentre eles El Correo de México, El Renacimiento, El Federalista, La Tribuna e La República. Suas obras retratam a sociedade mexicana da época, com destaque para Clemencia (1869), La Navidad en las montañas (1871) e El Zarco (póstuma).
Tradutor:
Renato Roschel é editor, escritor, tradutor e jornalista. Trabalhou na Folha de São Paulo e colaborou no jornal Valor Econômico. Foi correspondente da Rádio Eldorado em Londres. Editou a última versão impressa da Enciclopédia Barsa e participou de sua padronização e transposição para o meio digital. Atuou como editor na Revista Osesp e participou da produção de inúmeros livros para PubliFolha, Planeta Internacional, Oxford University Press e Quatro Cantos. Publicou textos em livros da PubliFolha e da Editora Planeta. É formado em Filosofia pela PUC-SP, estudou Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP) e tem especialização em Economia pela Birkbeck, University of London. Fez mestrado em Filosofia na USP.
O Leviatã, de Joseph Roth
Título original: Der Leviathan (1938)
Edição Português/Alemão
Sinopse:
A obra conta a história de Nissen Piczenik, um judeu do distante vilarejo de Progrody que vive como vendedor de colares e adornos feitos de corais. Homem honesto e comprometido com seu ofício — criar e comercializar suas belas “joias vivas” —, Piczenik nunca ousou sair de sua vizinhança. Porém, seduzido pelo antigo desejo de conhecer o mar, ele mergulha em uma aventura ao desafiar sua rotina e deixar para trás tudo aquilo que cultivou até então: sua freguesia e seu impecável artesanato. A breve ausência coincide com a chegada de um novo comerciante, um húngaro que milagrosamente vende corais mais belos e baratos. Assim, toda uma vida de comedimento se transforma em tragédia.
Autor:
Joseph Roth (1894-1939) foi jornalista e escritor. Nasceu na Áustria e ficou conhecido pela saga da família Radetzky March (1932), sobre o declínio e queda do Império Austro-húngaro. As migrações judaicas tiveram destaque nas obras Job (1930) e em seu ensaio Juden auf Wanderschaft (1927), que aborda as perseguições ao seu povo após a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa (1917).
Tradutor:
Luiz Krausz é professor doutor em Literatura Hebraica e Judaica na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP). Pós-doutor e doutor em Literatura e Cultura Judaica pela USP, com estágio de pesquisa na Universidade Livre de Berlim. Mestre em Letras Clássicas pela Universidade da Pensilvânia, com tese escrita na Universidade de Zurique sob orientação do Prof. Dr. Walter Burkert (1992). Luiz Krausz foi aluno especial do Jewish Theological Seminary of America e da Columbia University nas áreas de Literatura Bíblica e Literatura Clássica. Em 2013, Krausz recebeu o Prêmio Jabuti pela tradução da obra Retrato da mãe quando jovem, de Friedrich Christian Delius. Entre seus trabalhos como tradutor estão obras como A canção dos Nibelungos; A pianista, de Elfriede Jelinek; e As mais belas histórias da Antiguidade Clássica, de Gustav Schwab.
Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift
Título original: Gulliver’s Travels (1726)
Edição Português/Inglês
Sinopse:
Obra mais famosa de Jonathan Swift, Viagens de Gulliver é um genial tratado de filosofia política. Em suas viagens, o personagem conhece diferentes regimes políticos e os analisa profundamente. Tudo isso é feito “com a pena da galhofa” e é exatamente essa capacidade que tornou Gulliver um personagem polêmico e sucesso imediato. Na narrativa, Swift dispara sua fúria satírica contra a ciência, a sociedade, a economia, o comércio e a política de seu tempo. Até mesmo a decisão de escrever em formato de relato de viagem é uma resposta sarcástica ao sucesso que a obra Robinson Crusoé conquistava na época. Swift influenciou autores como George Orwell (1903-1950) e os brasileiros Machado de Assis (1839-1908) e Monteiro Lobato (1882-1948).
Autor:
Jonathan Swift (1667-1745) foi um ensaísta e ativista político (primeiro pelo partido dos Whigs, depois pelo dos Tories), poeta e clérigo que se tornou diácono da Catedral de St Patrick, em Dublin, na Irlanda. É classificado na Encyclopædia Britannica como o principal satirista em língua inglesa. Originalmente publicou todas as suas obras sob pseudônimos como Lemuel Gulliver, Isaac Bickerstaff e M. B. Drapier, ou anonimamente.
Tradutor:
Renato Roschel é editor, escritor, tradutor e jornalista. Trabalhou na Folha de São Paulo e colaborou no jornal Valor Econômico. Foi correspondente da Rádio Eldorado em Londres. Editou a última versão impressa da Enciclopédia Barsa e participou de sua padronização e transposição para o meio digital. Atuou como editor na Revista Osesp e participou da produção de inúmeros livros para PubliFolha, Planeta Internacional, Oxford University Press e Quatro Cantos. Publicou textos em livros da PubliFolha e da Editora Planeta. É formado em Filosofia pela PUC-SP, estudou Letras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP) e tem especialização em Economia pela Birkbeck, University of London. Fez mestrado em Filosofia na USP.
Contos sardos, de Grazia Deledda
Título original: Racconti Sardi (1894)
Edição Português/Italiano
Sinopse:
Em seus Contos Sardos, Grazia Deledda apresenta as peculiaridades de uma região da Itália que, além da natureza ímpar, é igualmente única em sua construção histórica. Encruzilhada do Mediterrâneo, a Sardenha já foi invadida e ocupada por romanos, espanhóis, franceses, piemonteses, sicilianos e árabes — não é por acaso que sua bandeira leva em seu centro a imagem dos “quatro mouros”. Paradoxalmente, o isolamento desse povo insular é, ao mesmo tempo, o resultado de séculos e séculos dos mais diversos tipos de contato com outras civilizações. Os relatos de Deledda sobre a vida de moradores das regiões montanhosas da Sardenha são uma espécie de antídoto para o nosso mundo digital de conectividade ininterrupta. Os contos compõem uma ode à resiliência e retratam as vidas de personagens que lutam contra a crueza do mundo real, enfrentando a fome, as doenças e os infortúnios da vida. Um cotidiano em que o pragmatismo obriga, em nome da sobrevivência, a superar a magia e superstição.
Autora:
Grazia Deledda (1871-1936) nasceu em Nuoro e recebeu o Nobel de Literatura de 1926. Ficou famosa em sua época após a publicação da obra Canne al vento (Caniços ao vento), na qual narra as crises existenciais e fragilidades de suas personagens, bem como descreve em detalhes e com um realismo claro os costumes e lendas da sociedade agropastoril da sua amada ilha da Sardenha.
Tradutora:
Adriana Zoudine é formada em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP (Poli-USP) e em Educação Artística pelas Faculdades Metropolitanas Unidas FIAM-FAAM. Viveu em São Francisco (EUA) e Buenos Aires (Argentina), com viagens periódicas a países europeus, em especial à Itália. Após se aposentar, ingressou no Programa Formativo para Tradutores Literários da Casa Guilherme de Almeida e passou a participar de eventos, palestras e cursos na área de tradução. Atualmente, se dedica à tradução literária, com foco na literatura italiana.
Histórias do tio Karel, de Sanni Metelerkamp
Título original: Outa Karel’s Stories: South African Folk-Lore Tales (1914)
Edição Português/Inglês
Sinopse:
Quando Sanni Metelerkamp publicou Histórias do tio Karel, em 1914, a África do Sul tentava superar um período de grandes turbulências: anos de conflito entre os colonos holandeses, os zulus e os britânicos. A chegada de povos de todo o mundo em busca de ouro e diamantes, juntamente com o advento das ferrovias, abria o país e mudava a sociedade. Metelerkamp temia que muitas das antigas tradições e histórias se perdessem e, portanto, registrou algumas delas para a posteridade. “Esses contos são propriedade comum de todas as crianças da África do Sul”, declarou a autora no prefácio, “e o são desde a primeira vez em que a região foi povoada, há milhares de anos”.
Autora:
Sanni Metelerkamp (1867-1945) foi escritora e dramaturga, uma das responsáveis por introduzir as artes cênicas na cultura sul-africana. Bisneta de George Rex, fundador da cidade de Knysna, na África do Sul, sua compilação de contos folclóricos representou um esforço para preservar histórias infantis populares, comumente contadas à luz do fogo em regiões tribais.
Tradutor:
Gabriel Naldi é tradutor, revisor, publicitário e editor no Instituto Mojo de Comunicação Intercultural. Formado em publicidade e propaganda pela Universidade Metodista e pós-graduado em Tradução pela Estácio de Sá, Gabriel Naldi possui ampla experiência em planejamento estratégico para ações digitais, em agências de propaganda, empresas e portais. Foi revisor de textos para emissoras e empresas como Petrobras, Band, TV Tribuna, TCE Pará e TCU. Desde 2013, atua como tradutor e revisor de texto, localização de websites, redação publicitária, marketing e tradução literária.
Pássaros sem ninho, de Clorinda Matto de Turner
Título original: Aves sin nido (1889)
Edição Português/Espanhol – Quéchua
Sinopse:
A obra é uma denúncia social. Nela, Clorinda Matto de Turner narra como as mulheres peruanas indígenas lutavam contra as inúmeras injustiças praticadas então pelo poder público e por membros da Igreja. A história evidencia como os camponeses da região de Cusco sofriam e eram explorados. O imaginário povoado de Killac é o cenário para evidenciar, segundo a própria autora, a vida dos indígenas, nossos “irmãos que sofrem explorados na noite da ignorância” praticada e perpetuada pelos poderosos. Para ela, os povos e as tradições indígenas deviam ser reverenciados e defendidos a todo custo. Com Pássaros nem ninho, Clorinda elevou a figura do índio a protagonista na literatura da América Latina. Também foi ela quem reivindicou o reconhecimento do quéchua como uma língua portadora de cultura. O livro chegou a entrar na lista de obras proibidas pela Igreja Católica.
Autora:
Clorinda Matto de Turner (1853-1909) nasceu em Cusco, no Peru. Seu livro Pássaros sem ninho é um dos mais importantes romances latino-americanos indigenistas. A autora é um dos exemplos de mulheres liberais do século 19. Formou-se na Escola Secundária Feminina Nacional do Peru, chamando a atenção pela procura de matérias extracurriculares consideradas não femininas como Biologia e Física. Defensora radical da tradição andina, a escritora sempre trabalhou para as principais publicações culturais do Peru. Acreditava que o quéchua deveria ter um papel constitutivo na vida da nação peruana e lutava para que os povos andinos tivessem uma posição central em um projeto político-nacional.
Tradutora:
Nina Rizzi é escritora, tradutora, pesquisadora, editora, professora e promove laboratórios de escrita criativa com mulheres. É autora de Tambores pra n’zinga (2012), A duração do deserto (2014), Geografia dos ossos, Quando vieres ver um banzo cor de fogo (2017) e Sereia no copo d’água (2019). Apresentou no Mestrado em Literatura Comparada a dissertação “Poesia-Tradução à beira do abismo: Tradução integral da obra poética de Alejandra Pizarnik” (UFC, 2018). Traduziu autores como Susana Thénon, Enrique Serna, Óscar Hahn, Vicente Huidobro, Richard Blanco, Dorothea Tanning, Gloria Gervitz e Rosário Castellaños.
Sra. Fragância Primaveril, de Sui Sin Far
Título original: Mrs. Spring Fragrance (1912)
Edição Português/Inglês
Sinopse:
Edith Maude Eaton foi uma das precursoras do multiculturalismo. Filha de pai americano e mãe chinesa, é considerada a primeira descendente a escrever sobre a condição sociocultural dos imigrantes chineses na América. Nessa coleção de contos publicados originalmente em dezenas de revistas e compilados em 1912, Sui Sin Far (pseudônimo de Eaton) analisa de maneira delicada e real as mazelas da convergência de dois povos tão diferentes na região da Califórnia. Em Sra. Fragância Primaveril, a autora ilustra a vida dos imigrantes chineses durante o período da Chinese Exclusion Act (Lei de Exclusão dos Chineses), que, em 1882, proibiu a entrada desses trabalhadores nos Estados Unidos. Suas tradições chocam-se com as da sociedade progressista californiana. Assim, Sui Sin Far aborda as diferenças culturais, de gênero, as lutas sociais e, surpreendentemente, aponta e ilumina recantos da alma humana além das diferenças físicas. Temas como a opressão feminina, a exploração sexual e a homossexualidade já se fazem presentes em seu trabalho.
Autora:
Edith Maude Eaton (1865-1914), 水仙花 ou Shuǐ Xiān Huā, nasceu em Macclesfield, na Inglaterra. Filha de Edward Eaton e de Achuen Grace Amoy — ambos se conheceram quando ele visitou Xanghai, na China. Sua mãe era uma mui tsai (escrava chinesa) e foi comprada por um empresário circense. A autora é considerada a primeira descendente a escrever sobre a condição sociocultural dos imigrantes chineses na América, abordando principalmente suas experiências de vida e seu processo de americanização. Tornou-se uma das precursoras do multiculturalismo com a obra Sra. Fragrância Primaveril. “Sui Sin Far”, seu pseudônimo, significa “flor de narciso” em cantonês.
Tradutor:
Ricardo Giassetti é consultor em cultura participativa, remix e inovações digitais. Transitou pelos mercados editorial, jornalístico, publicitário e audiovisual em seus trinta anos de carreira. Criou metodologias para localização cultural para regiões como União Europeia e América Latina, assim como para países tais quais China, Índia e Estados Unidos. Autor de Gunned Down – Down the River (EUA, 2005) e O catador de batatas e o filho da costureira (Brasil-Japão, 2008). É fundador da Mojo (2006) e do Instituto Mojo de Comunicação Intercultural (2018).
As roupas fazem as pessoas, de Gottfried Keller
Título original: Kleider machen Leute (1874)
Edição Português/Alemão
Sinopse:
De maneira brilhante e bem-humorada, a obra apresenta as desventuras de Wenzel Strapinski, um alfaiate desempregado e faminto que vaga sem destino e cuja única posse são suas roupas, distintas e elegantes, feitas por ele mesmo. Exatamente por usar roupas refinadas e por ser um jovem esguio e belo, Strapinski é carregado por uma sequência de enganos — arquitetados ou não — sobre sua pessoa. Confundido com um conde polaco, hospeda-se na cidade de Goldach, onde inadvertidamente cai nas graças de seus habitantes. Entre matar sua fome e o medo de revelar a verdade, tenta fugir, mas se apaixona por uma bela nobre da região. O texto mostra como uma pequena brincadeira e alguns enganos podem levar a consequências extraordinárias e fora de controle.
Autor:
Gottfried Keller (1819-1890) foi um escritor e poeta suíço na língua alemã, conhecido por sua primeira novela, Der grüne Heinrich. Foi um dos mais populares autores do realismo literário no século 19. Em As roupas fazem as pessoas, Keller analisa a leviandade com que as pessoas julgam, acolhem e repelem os estranhos a quem idolatram pela simples aparência.
Tradutor:
Giovane Rodrigues Silva é graduado em Filosofia pela USP (FFLCH-USP), mestre em Filosofia da Linguagem e doutor em História da Filosofia Contemporânea, com foco em Ética, pela mesma instituição. Em suas pesquisas aborda esses temas sobretudo a partir do estudo dos grandes expoentes da filosofia em língua alemã, em particular do austríaco Ludwig Wittgenstein e o alemão Friedrich Nietzsche, autores cuja produção se encontra no limite entre a filosofia e a literatura. Esse interesse motiva também sua produção como tradutor. Além de Nietzsche, é tradutor de Stefan Zweig, Gottfried Keller, Albert Camus e Ralph W. Emerson.
Contos folclóricos africanos – Vol.2
de Elphinstone Dayrell, George W. Bateman e Robert Hamill Nassau
Títulos originais:
The Folk Tales From Southern Nigeria (1910)
Zanzibar Tales (1901)
Where Animals Talk (1912)
Edições Português/Inglês
Sinopse:
A África é o berço da civilização e essa seleção de contos celebra sua cultura e influência, tão ricas e diversificadas quanto o próprio continente. Na África setentrional, as histórias de sultões e seres mágicos deixam entrever a influência moura; nas verdejantes florestas do Congo, sociedades de animais cuja inteligência sobrepuja à do ser humano; nas ilhas orientais, as alegorias morais das antigas civilizações tribais. Contos folclóricos africanos reúne histórias coletadas por exploradores, governantes e missionários europeus, em sua maioria contadas diretamente pelos nativos. São narrativas transmitidas verbalmente, de geração em geração, por provavelmente centenas de anos. Os contos revelam o folclore, as crenças e os códigos de ética africanos.
Autores:
Elphinstone Dayrell (1869-1917), George W. Bateman (1850-1940) e Robert Hamill Nassau (1835-1921), os três autores selecionados para este volume, fazem parte de um movimento em comum. São três esforços individuais para a preservação de culturas locais ameaçadas pela colonização europeia. Ironicamente, as pessoas que se dispuseram a essa preservação eram oriundas das mesmas instituições que suprimiam tais culturas — um governador britânico, um explorador a serviço da coroa inglesa e um missionário dos EUA. No entanto, há também um dualismo moral nesses esforços. Não fosse pela coleta e publicação dessas histórias, elas poderiam se perder no tempo, pois as tribos africanas as perpetuavam apenas pela tradição oral.
Tradutor:
Gabriel Naldi é tradutor, revisor, publicitário e editor no Instituto Mojo de Comunicação Intercultural. Formado em publicidade e propaganda pela Universidade Metodista e pós-graduado em Tradução pela Estácio de Sá, Gabriel Naldi possui ampla experiência em planejamento estratégico para ações digitais, em agências de propaganda, empresas e portais. Foi revisor de textos para emissoras e empresas como Petrobras, Band, TV Tribuna, TCE Pará e TCU. Desde 2013, atua como tradutor e revisor de texto, localização de websites, redação publicitária, marketing e tradução literária.
Contos de crianças chinesas, de Sui Sin Far
Título original: Mrs. Spring Fragrance (1912)
Edição Português/Inglês
Sinopse:
Edith Maude Eaton foi uma das precursoras do multiculturalismo. Filha de pai americano e mãe chinesa, é considerada a primeira descendente a escrever sobre a condição sociocultural dos imigrantes chineses na América. Nessa coleção de contos publicados originalmente em dezenas de revistas e compilados em 1912 em seu livro Sra. Fragrância Primaveril, Sui Sin Far (pseudônimo de Eaton) analisa de maneira delicada e real as mazelas da convergência de dois povos tão diferentes na região da Califórnia. O primeiro volume foi Contos de crianças chinesas, pensado pela autora como um adendo de contos destinados aos chamados “celestiais”, ou seja, as crianças chinesas. Nesta cultura, a moral e a ética se apresentam já na tenra idade, seja pelo exemplo dos mais velhos, seja pela inocência e honestidade dos pequenos. As narrativas revisitam as temáticas mais profundas da obra de Sui Sin Far: o preconceito para com os imigrantes, as mazelas sociais que um mestiço precisa enfrentar, o machismo, o respeito às tradições, a adaptação a um país completamente diferente, a preservação dos costumes por meio da vida em uma comunidade quase fechada, as Chinatowns.
Autora:
Edith Maude Eaton (1865-1914), 水仙花 ou Shuǐ Xiān Huā, nasceu em Macclesfield, na Inglaterra. Filha de Edward Eaton e de Achuen Grace Amoy — ambos se conheceram quando ele visitou Xanghai, na China. Sua mãe era uma mui tsai (escrava chinesa) e foi comprada por um empresário circense. A autora é considerada a primeira descendente a escrever sobre a condição sociocultural dos imigrantes chineses na América, abordando principalmente suas experiências de vida e seu processo de americanização. Tornou-se uma das precursoras do multiculturalismo com a obra Sra. Fragrância Primaveril. “Sui Sin Far”, seu pseudônimo, significa “flor de narciso” em cantonês.
Tradutor:
Ricardo Giassetti é consultor em cultura participativa, remix e inovações digitais. Transitou pelos mercados editorial, jornalístico, publicitário e audiovisual em seus trinta anos de carreira. Criou metodologias para localização cultural para regiões como União Europeia e América Latina, assim como para países tais quais China, Índia e Estados Unidos. Autor de Gunned Down – Down the River (EUA, 2005) e O catador de batatas e o filho da costureira (Brasil-Japão, 2008). É fundador da Mojo (2006) e do Instituto Mojo de Comunicação Intercultural (2018).
Os miseráveis, de Aljâhiz
Título original: Albukhalâ’ (868)
Edição Português/Árabe
Sinopse:
A literatura árabe é múltipla e riquíssima. O texto Albukhalâ’ (Os miseráveis), de Aljâhiz (776-869), é parte relevante dessa imensa produção cultural. Um dos maiores expoentes da prosa em árabe de todos os tempos, Aljâhiz, nesse texto, nos oferece uma das primeiras obras de ficção do mundo islâmico. Nela, o autor ridiculariza certos comportamentos e indica a generosidade como uma das principais virtudes da mentalidade muçulmana. Além do objetivo social claro de satirizar a miséria e a mesquinharia de indivíduos e grupos, o texto amplifica nossa compreensão da cultura e das condutas reverenciadas pela sociedade árabe medieval.
Autor:
Aljāḥiẓ (776-868), ou الجاحظ, nasceu em Basra e foi autor de trabalhos literários, teologia Mu’tazili, e polemista político-religioso. Suas obras mais importantes são consideradas fundadoras da cultura árabe: O livro dos animais, O livro dos miseráveis (nessa coleção, Os miseráveis) e O livro da eloquência.
Tradutora:
Safa Jubran é professora da USP no Departamento de Letras Orientais (FFLCH-USP). Atua em projetos de pesquisa em Língua e Linguística árabe, Literatura árabe, Fonética e Fonologia e Filologia árabe. É responsável pela versão em português da Gramática do árabe moderno, de David Cowan. Libanesa de Marjeyoun, Safa mudou-se para o Brasil em 1982. Começou a carreira de professora no Departamento de Letras Orientais da USP, no Curso de Árabe, em 1992. Doutorou-se em Linguística pela USP. Já traduziu inúmeras obras literárias e é autora da obra Árabe e português: fonologia constrastiva.
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