O Poço da Mulher-Falcão é uma montagem de Emilie Sugai e Fabio Mazzoni, com participação do performer Toshi Tanaka e figurinos de Telumi Hellen, inspirada na obra do poeta, dramaturgo e místico irlandês William Butler Yeats. De 1º de novembro a 14 de dezembro, no 7º andar do Sesc Consolação, o CPT_SESC recebe a temporada do espetáculo de teatro-dança às quartas e quintas, incluindo feriados. E em 2024, de 17 de janeiro a 3 de abril, uma nova temporada chega ao palco do CPT.
O texto aborda a eterna busca da natureza humana pela imortalidade e a procura pelo inacessível. No enredo da peça, um velho homem e um jovem herói da mitologia celta querem beber a água que brota de um poço encantado, com o intuito de encontrar a sabedoria interior divina e alcançar a imortalidade. Mas o local é protegido por uma guardiã, que, possuída por um falcão, dança de forma mágica, movendo-se como uma ave de rapina bela e ousada, frustrando o desejo dos homens. Experimentações e vivências em técnicas corporais, vocais, direção cênica, performance e construção de figurinos e adereços, realizadas em Residência Artística no CPT_SESC, com a condução de Emilie Sugai, Fabio Mazzoni, Sandra-X e Telumi Hellen, resultaram no espetáculo de teatro-dança.
W. B. Yeats, nascido em junho 1865, é considerado um dos maiores poetas da língua inglesa do século XX. Sua obra literária é composta por poemas líricos de caráter simbolista e diversas peças de teatro, inspiradas essencialmente na mitologia celta. Em At the Hawk’s Well surge o experimento de junção estética entre o Japão e o Ocidente.
Instigado pelo também poeta e amigo Ezra Pound, Yeats inicia intensa pesquisa sobre o teatro nô, antiga e tradicional arte dramática japonesa. Assim, em meados de 1914, tendo por base a lenda celta do jovem herói épico Cuchulain e a peça de teatro nô chamada Yôrô – A Sustentação da Idade, escreve O Poço da Mulher-Falcão, em busca de um teatro cuja simplicidade expressasse a síntese harmoniosa de ideias, sentimentos e imagens. Para tanto, procurou seguir com fidelidade a estrutura do nô, mantendo evidentemente a sua interpretação, ou seja, a leitura ocidental.
No enredo da peça, o velho homem e o jovem querem beber a água do poço para encontrar a sabedoria interior divina e alcançar a imortalidade, contudo esse desejo é frustrado pela mulher, que protege o local e, possuída pelo falcão, dança de forma mágica, movendo-se como uma ave de rapina, bela e heroica. A dança é o “instinto da vida”, que aspira em reencontrar a unidade entre o corpo e a alma, numa busca pela libertação alcançada no êxtase. De acordo com os xamãs é através da dança que se consuma a ascensão para o mundo dos espíritos. Com os movimentos mágicos da dança, a mulher-falcão revela seus poderes sobrenaturais, trazendo o velho e o jovem para a realidade da vida terrena. Yeats exprime, pelo poder de sedução da dança, a necessidade do homem de livrar-se do perecível. O falcão é a perseguição do abstrato, o jovem é a natureza contraditória do sacrifício e o velho, a amargura, solidão e egoísmo.
O Centro de Pesquisa Teatral – CPT_SESC vem realizando atividades formativas que ora se distanciam do legado de Antunes e do que ele tinha vislumbrado como caminho estético ou de pesquisa ora se aproximam. Como é o caso desse espetáculo, que está em comunhão com o propósito de formação e pesquisa do espaço, uma vez que Fábio Mazzoni, Emilie Sugai e Telumi Helen – Sandra-X entra com o som como o Antunes trabalhava com a contenção da voz, mas de uma outra maneira -, tiveram uma história muito forte aqui dentro, de experiências, de formação, de trocas artísticas, estéticas. Fábio entrou como ator no CPTzinho, curso que fez com o Antunes Filho e chegou a cuidar da DVDteca do espaço. Emilie foi convidada para participar do espetáculo do Foi Carmen como performance em homenagem ao Kazuo Ono com a dança butô,. Já Telumi, trabalhou com figurinos no CPT_SESC junto com Serroni.
Formação, experimentação e ato criativo de mãos dadas, que é o fundamento do CPT_SESC hoje – ele pode tudo, só não pode perder essa base, surgindo algo estético para o palco. É um espaço de acolhimento profundo, onde as pessoas vão para se dedicar num processo de imersão para estudar, todo mundo se dedica, interage e tudo se mistura para criar um evento. Dessa forma, a residência artística, diante da proposta das sombras do teatro nô, os artistas-formadores conduziram vivências com técnicas corporais, vocais, direção cênica, performance e construção de figurinos e adereços com atores-artistas, em um processo imersivo por dois meses e meio. Os participantes, assim, puderam se sentir criadores de um ato de teatro-dança, obra que se tornaria hoje o espetáculo O Poço da Mulher-Falcão.
O Sesc, em sua constante missão de fomentar e promover a pesquisa da linguagem teatral, impulsiona esses artistas que têm como tônica uma busca pelo aprimoramento técnico e estético das artes da cena. Da mesma forma, Fábio, Emilie, Telumi e Sandra retiraram o melhor deles para a criação desta montagem.
A partir da sonoridade dos pássaros e colocando no aparelho fonador humano, numa condição animalesca, é muito poético. Você vê o figurino, todo emendado, disforme, mas quando apaga a luz, com esse conceito da sombra e da luz, faz todo o sentido, se transformando num elemento estético. Já nas fotos você vê inspirações em Bosch, Caravaggio.
1/11 a 14/12, quartas e quintas. 20h.
2/11, quinta e 15/11, quarta, 18h.
50 minutos. Autoclassificação 12 anos.
R$ 12,00 a R$ 40,00 – Ingressos à venda em sescsp.org.br ou nas bilheterias das unidades.
17/1 a 3/4, quartas e quintas. 20h.
50 minutos. Autoclassificação 12 anos.
R$ 12,00 a R$ 40,00 – Ingressos à venda em sescsp.org.br ou nas bilheterias das unidades.
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