Associada aos mais diversos acontecimentos, emoções e ideias, a memória pode ser compreendida como a capacidade individual ou coletiva de dar sentido ao tempo passado e permitir, desse modo, que se efetivem processos de pertencimento, interpretação do presente e construção de projetos para o futuro.
Textos, imagens, sons, objetos – todos esses elementos, na medida em que são capazes de registrar tais experiências, podem ser considerados documentos, ou seja, vestígios que nos possibilitam compreender processos e escolhas feitas ao longo do tempo. Levando-se em conta a inviabilidade de registrar e guardar tudo o que diz respeito a um determinado evento, a memória revela seu traço fundamental: trata-se sempre de um trabalho de seleção, no qual convivem lembranças e esquecimentos, escolhas e perdas, continuidades e lacunas. Daí a relevância de pensá-las sempre no plural.
Cabe, dessa forma, aos centros de memória (bem como a outras instituições responsáveis pela salvaguarda de aspectos do passado, como arquivos, museus e bibliotecas) a responsabilidade por guardar e preservar esses documentos. Criado em 2006, com o objetivo de reunir, organizar, preservar e disponibilizar a documentação produzida pelo Sesc São Paulo, o Sesc Memórias conta em seu acervo com materiais de diferentes gêneros, formatos, suportes e tipos, que constituem registros das ações e da trajetória da instituição.
O tratamento desse acervo – que compreende as etapas de recolhimento, higienização, descrição, notação, digitalização, guarda e pesquisa – ocorre de acordo com metodologias desenvolvidas pela equipe, a partir de consultorias, pesquisas bibliográficas, visitas técnicas, cursos e intercâmbio com outras instituições.
O estabelecimento de rotinas e procedimentos adequados para garantir a conservação e o acesso a esses documentos está expresso em manuais, elaborados para orientar o trabalho e a abordar questões como: como deve ser feita a transferência desses documentos para o Sesc Memórias? Quais as técnicas e instrumentos utilizados para a higienização de cada gênero documental? Como devem ser acondicionados e armazenados? Quais padrões de digitalização devem ser seguidos para possibilitar a preservação, localização e acesso?
O empenho empreendido em tais dinâmicas revela a centralidade da memória como valor do Sesc, coerente portanto com a vocação educativa que permeia todas as ações institucionais. Articulada a essa condição, ganha relevo seu viés democrático, uma vez que promover a memória e torná-la acessível à sociedade é pressuposto para interpretações pactuadas da realidade que necessariamente compartilhamos.
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