Entre os dias 20 e 26 de julho, o CineSesc abre suas portas para receber a primeira Mostra Aruanda SP, um panorama do novo cinema paraibano, que desembarca na capital paulista com sessões sempre a partir das 20h30. O evento é uma parceria do Sesc São Paulo com a Bolandeira Arte & Films – produtora responsável pelo festival paraibano que completa 18 anos de existência em 2023 e tem sede em João Pessoa.
Serão 14 filmes em exibição, entre curtas e longas-metragens produzidos no período de 2018 a 2022, todos premiados no Fest Aruanda e em outros festivais do país, com grande parte das obras inéditas no Sudeste. São títulos que trazem no DNA a marca do que foi nomeado pelo crítico de cinema Luiz Zanin Oricchio (ESTADÃO), como a “primavera do cinema paraibano”, num balanço que fez da edição de 2018 em que esteve presente, e testemunhou a emergência dessa nova tendência cinematográfica.
“Foi uma efetiva virada de página na cinematografia paraibana, marcada por uma hegemonia de filmes documentais ao longo do século 20, e que a partir dos anos 90 registra incursões no terreno ficcional (curta-metragem), mas foi o Fest Aruanda 2018 o divisor de águas do novíssimo cinema paraibano que pedia passagem, com uma substancial safra longas-metragens ficcionais”, destaca Lúcio Vilar, o fundador e produtor executivo do festival que assina a curadoria.
Cinema Silencioso & Jackson do Pandeiro
Na noite de abertura da Mostra Aruanda SP, marcada para as 20h30, serão exibidos fragmentos de fotogramas salvos da extinção do filme “Carnaval Paraibano e Pernambucano”, dirigido pelo paraibano Walfredo Rodriguez, em 1923, no contexto do cinema silencioso brasileiro da época. O material foi localizado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a partir de pesquisa de doutorado (ECA-USP) do jornalista e professor Lúcio Vilar, curador da Mostra Aruanda. Serão conhecidas as imagens que foram telecinadas de 35mm para digital e que chamam a atenção pela riqueza do documento histórico.
Na ocasião também serão exibidos o curta-metragem “Era Uma Noite de São João”, uma delicada animação da diretora estreante Bruna Velden, e o longa-metragem “Jackson: Na Batida do Pandeiro”, que tem direção de Marcus Vilar e Cacá Teixeira, sobre o icônico personagem paraibano que influenciou várias gerações de músicos e compositores da MPB. Para o diretor do filme, a oportunidade oferecida pelo Sesc é de fundamental importância:
“Essa exibição dos filmes produzidos na Paraíba, em São Paulo, no CineSesc, vem na hora certa, haja vista que temos poucas janelas de exibição e temos que mostrar essa produção que pulsa e cresce a cada dia, e vem dando continuidade à tradição do cinema paraibano, que é reconhecida nacionalmente e internacionalmente, tendo como nosso marco maior o filme ‘Aruanda’, de Linduarte Noronha”, pontuou Marcus Vilar.
Sobre sua participação, disse se sentir “muito honrado” com o filme na sessão de abertura, uma obra que tem direção compartilhada com Cacá Teixeira (e produção de Heleno Bernardo): “Especialmente por saber que Jackson teve uma relação com São Paulo muito estreita, além de ser uma exibição inédita na cidade”, destacou Vilar.
Para Bruna Velden, diretora da animação a ser exibida na primeira noite, a mostra faz “pelo nosso cinema algo quase inédito: levar pro Sudeste o que é produzido no Nordeste, na contramão do que acontece mais comumente. É um intercâmbio cultural valioso, onde todos os realizadores (sejam da Paraíba ou de São Paulo) vão sair muito enriquecidos! Só tenho a agradecer por essa oportunidade”, disse ela.
Ao longo de sua programação, a Mostra Aruanda SP exibirá durante o período de 20 a 26 de junho uma sessão por dia, composta por um curta e um longa-metragem paraibanos. Destaca-se o documentário híbrido “O Seu Amor de Volta (Mesmo que Ele Não Queira”), do diretor Bertrand Lira, e que tem Marcélia Cartaxo no elenco. Ele é cirúrgico ao reconhecer a relevância da iniciativa, sem precedentes, de uma mostra paraibana em São Paulo:
“Trata-se de janela necessária para o cinema paraibano frente ao gigantesco iceberg das salas comerciais que dificultam esse acesso”, disse em tom enfático o cineasta que também é professor universitário da UFPB e pesquisador do campo audiovisual.
Na mesma linha, se coloca a diretora Kalyne Almeida ao reiterar que a mostra será “uma janela mais que importante e urgente porque se faz necessário ocuparmos os espaços de exibições de filmes, sobretudo, porque temos os cinemas brasileiros, produzidos por pessoas plurais, corpos plurais, lugares diferentes. E isso precisa estar nas telas de todo o país”, afirma.
Serviço
MOSTRA ARUANDA SP
De 20 a 26 de julho de 2023
CINESESC
Rua Augusta, 2075 – São Paulo. Tel.: 3087-0500
Ingressos: R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia) e R$ 8,00 (credencial Sesc)
Programação
QUINTA, 20/7, às 20h30 – Abertura da Mostra ARUANDA SP
Exibição especial de fragmentos de fotogramas do primeiro longa-metragem paraibano, dirigido por Walfredo Rodriguez, em 1923: Carnaval Paraibano e Pernambucano.
Era Uma Noite de São João, de Bruna Velden
Animação, PB, 2022, 11 min
Jackson: Na Batida do Pandeiro, de Marcus Vilar e Cacá Teixeira
Doc, PB, 2019, 97 min
SEXTA, 21/7, às 20h30
O Que os Machos Querem, de Ana Dinniz
Ficção, PB, 2021, 8 min
Aponta Pra Fé ou Todas as Músicas da Minha Vida, de Kalyne Almeida
Ficção, PB, 2020, 71 min
SÁBADO, 22/7, às 20h30
Animais na Pista, de Otto Cabral
Ficção, PB, 2020, 9 min
Beiço de Estrada, de Eliézer Rolim
Ficção, PB, 2018, 105 min
DOMINGO, 23/7, às 20h30
Não Existe Pôr do Sol, de Janaína Lacerda
Ficção, João Pessoa-PB, 2022, 16 min
Miami Cuba, de Caroline Oliveira
Documentário, PB, 2021, PB, 94 min
SEGUNDA, 24/7, às 20h30
Faixa de Gaza, de Lúcio César Fernandes
Ficção, PB, 2019, 16 min
Desvio, de Arthur Lins
Ficção, PB, 2019, 95 min
TERÇA, 25/7, às 20h30
Boyzin, de R. B. Lima
Ficção, PB, 2021, 15min
O Seu Amor de Volta (Mesmo Que Ele Não Queira), de Bertrand Lira
Documentário, PB, 2019, 82 min
QUARTA, 26/7, às 20h30 – Encerramento
Seiva, de Ramon Batista
Ficção, Nazarezinho-PB, 2019, 8 min
Bia, de Taciano Valério
Ficção, PB &PE, 2022, 71 min
CONVERSAS SOBRE O NOVO CINEMA PARAIBANO
Bate Papo sobre os 100 anos do primeiro longa-metragem e a contemporaneidade do cinema paraibano em filmes, críticas, pesquisas e leituras. Com Lúcio Vilar (UFPB/Fest Aruanda), Marcus Vilar (cineasta), Bruna Velden (cineasta), Marília Franco (ECA-USP), Luiz Zanin (Crítico/Estadão). Mediação: Amilton Pinheiro (Jornalista, crítico e curador).
Dia 21/7, 19h. Grátis.
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