Leia a edição de março/22 da Revista E na íntegra
Existia a ideia de que o tempo sobraria, de que horas e dias seriam subtraídos da atividade laboral e deslocados para o lazer e ócio criativo. Quer dizer, essa era a promessa esboçada pela revolução tecnológica no final do século 20. No entanto, o que de fato se constatou foi uma crescente e abissal desigualdade social e econômica da população, a queda livre de ofertas de emprego, a precarização do trabalho, a institucionalização do home office e o desmonte dos direitos trabalhistas. “O novo mundo virtual, cuja desigualdade é agigantada, estabelecerá o formato avatar de atuação econômica, social, política e cultural. ‘Nós vivemos uma mudança de época’: essa colocação mostra o quanto o nosso tempo está marcado por grandes e profundas transformações. Segundo muitos especialistas, estamos vivendo uma mudança de era”, assinala o economista e pesquisador Marcio Pochmann. Em O neocolonialismo à espreita – Mudanças estruturais na sociedade brasileira, publicado neste mês pelas Edições Sesc São Paulo, Pochmann delineia esse cenário e propõe uma análise dos modelos econômicos que atravessam a história do país desde a era industrial à era digital. Professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal do ABC (UFABC), e autor de dezenas de livros sobre economia, entre eles Nova classe média: O trabalho na base da pirâmide social brasileira (Boitempo, 2012) e A década dos mitos (Contexto, 2002), premiado na 63ª edição do Jabuti, Pochmann ainda faz um alerta nesta Entrevista: “Nos cabe lutar pelo descancelamento do futuro”.
Estamos diante de uma profunda mudança de época, diferentemente da época de mudanças vivida por nossos avós ou pais. A alteração no modo de vida e trabalho atual não decorrem de revolução industrial propriamente dita. Os bens manufaturados, embora sejam mais sofisticados, seguem sendo praticamente os mesmos ofertados desde o século passado. A mudança de época atual transcorre pela força de inédito vigor da revolução tecnológica informacional, que concentra o modo de produzir e de viver na unidade do processador computacional. Do avião à máquina de lavar, praticamente tudo, para funcionar, depende de processador computacional, capaz de transformar em dados adequados novos modelos de negócio e de relacionamentos humanos. Na primeira fase de revolução informacional, no final do século passado, passamos a inserir na internet a lista de contatos telefônicos, agenda de atividades, roteiros de deslocamentos, decisões de compras, movimentações financeiras de pagamentos e recebimentos, fotos, vídeos, relacionamentos profissionais, pessoais e familiares etc. No âmbito dos negócios e do sistema produtivo não foi diferente. Em síntese, a internet se conformou como unidade pela qual a forma de vida e de produção se converteram em dados que, armazenados, sistematizados, processados e monitorados passaram a ser conduzidos por algoritmos. Nesta década de 2020, avança a segunda fase da revolução informacional, indicando o desaparecimento de dinheiro, bancos, mídia, entre outras características da época industrial vivida por nossos avós e pais. Assistiremos, possivelmente nesta época digital, à integração e à internalização do modo de produção na internet. O novo mundo virtual, cuja desigualdade é agigantada, estabelecerá o formato avatar de atuação econômica, social, política e cultural. “Nós vivemos uma mudança de época”: essa colocação mostra o quanto o nosso tempo está marcado por grandes e profundas transformações. Segundo muitos especialistas, estamos vivendo uma mudança de era.
ESTAMOS DIANTE DE UMA PROFUNDA
MUDANÇA DE ÉPOCA, DIFERENTEMENTE DA ÉPOCA
DE MUDANÇAS VIVIDA POR NOSSOS AVÓS OU PAIS
Um dos principais aspectos associados à passagem da Era Industrial para a Digital provém da relação da vida humana com o trabalho. O reconhecimento do trabalho na Era Industrial era fundamentalmente realizado fora de casa, denominado por trabalho de produção, distinguindo-se do trabalho de reprodução exercido em casa, doméstico e cuidados. Ao longo do século 20, as lutas da classe trabalhadora organizada por associações, sindicatos e partidos políticos permitiram que governos reconhecessem nessa atividade humana de produção exercida em lugar determinado, a fonte de identidade e pertencimento coletiva, protagonizando formas inéditas de proteção trabalhista e de bem-estar social. O projeto de sociedade do trabalho assalariado procurou conferir unidade mínima de remuneração e direitos, limitando o grau de exploração laboral, com a representação sindical e política atuando na divisão dos significativos ganhos patronais apontados pelos avanços da produtividade laboral. Tudo isso muito distinto da Era Agrária, quando o trabalho se estendia da reprodução humana no interior da casa para as demais atividades vinculadas à estrebaria, à lavoura, entre outras atividades que capturavam cerca de 4/5 do tempo de vida humano. Na Era Industrial, o trabalho pela sobrevivência, evidenciado pelas atividades realizadas fora de casa na obtenção de rendimento, declinou para 2/5 do tempo de vida urbano. Atualmente, a Era Digital vem turvando a antiga divisão entre trabalho em casa (reprodução) e fora de casa (produção). Com a digitalização da produção, o trabalho e a sociedade se modificam profundamente, reduzindo a necessidade de intensos deslocamentos físicos (casa, trabalho, escola, compras, entretenimento, relacionamentos etc.), o que muda substancialmente o modo de vida urbano. Além disso, a antiga relação salarial parece se dissolver pelas novas formas de exercício do trabalho, transmutando-se em relação débito-crédito.
Todos temos um custo (débito) para viver, individual ou familiarmente, o que nos faz mover continuamente em busca recorrente do rendimento (crédito) para financiá-lo através da realização de qualquer trabalho, legal ou ilegal, desde que resulte em crédito monetizado. Com a desregulação neoliberal, difundiu-se a multiplicidade e simultaneidade do exercício dos chamados trabalhos em geral (motorista, segurança, entregador etc.) que, ademais de moerem as tradicionais categorias profissionais, não oferecem identidade e pertencimento. Assim, o trabalho fora de casa, tradicionalmente organizado pelo emprego assalariado, vem sendo corroído, substituído por atividades laborais de qualquer natureza, cada vez mais vinculadas à internet, a moldar o avanço da relação débito-crédito, sem representação e organização coletiva. Sinal disso tem sido o impacto nas instituições convencionais de representação de interesses coletivos. O descrédito nos partidos políticos e a perda de filiados em sindicatos e associações de moradores e de estudantes, entre outras, parece evidente, pois se caracterizam por serem entidades de atuação específicas a quem é eleitor, empregado com carteira assinada, morador, estudante. É nesse contexto perturbador do despertencimento e desidentidade que o fanatismo religioso e o banditismo social encontram terreno fértil para avançar. Ao oferecerem espaços e formatos próprios de pertencimento e de identificação, contaminam massas humanas desconectadas com o incerto horizonte da mudança atual de época.
Sem que ainda tivesse se completado enquanto sociedade industrial, pois registrava parcela significativa da população excluída do acesso pleno ao emprego decente e ao consumo dos bens e serviços da produção manufatureira, o Brasil se desviou do projeto tenentista perseguido desde a Revolução de 1930. O ingresso equivocado, pois passivo e subordinado, na globalização desde 1990 encerrou o ciclo da industrialização nacional, impondo a decadência da sociedade industrial existente e o cancelamento do futuro da nação. Desde então, a política que assumia a nobre função de procurar trazer para o presente o horizonte de expectativas futuras foi rebaixada à mera gestão das emergências. Assim, governos se transformaram em pronto-socorro a tratar das urgências, cuja expectativa dominada pelo curtíssimo prazo apontava, no máximo, para a postergação da barbárie. Numa espécie de compra do tempo da “espera por milagres”, o país empacou. A decadência se generalizou. Dos 3,2% do PIB mundial que o Brasil representava nos anos de 1980, declinou para 1,5% do PIB mundial nos dias de hoje. Do sistema produtivo complexo, articulado e integrado, e capaz de exportar desde bens manufaturados e automóveis a computadores e centrais telefônicas, e ocupar cerca de 3% da mão de obra industrial do mundo, o país regrediu. Mais de três décadas depois, a ruína da estrutura produtiva desarticulada e empobrecida indica ocupar apenas 1% da força de trabalho em manufatura mundial, dependendo da nova versão do extrativismo mineral e vegetal. O desmonte do operariado industrial e das classes média assalariada e proprietária permitiu a geração de inédita massa de população sobrante, os inorgânicos do capitalismo atual no Brasil. Até o charme da mobilidade social ascendente desapareceu, impedindo que os pais consigam projetar nos seus próprios filhos um padrão de vida e trabalho melhor que os seus.
Tal como na passagem do século 19 para o 20, o Brasil se assume atualmente enquanto praça de consumo diversa e dependente da importação de bens e serviços manufaturados e, sobretudo, digitais. Detendo a sexta maior população e o 13º PIB do mundo, o país responde pelo quarto maior mercado consumidor de bens e serviços digitais do planeta, que não produz internamente. Com isso, trata de financiar o consumismo interno, cada vez mais elitizado, através da produção e exportação de produtos primários, as commodities, cujos preços e quantidades são definidas externamente. O retorno à sociedade extrativista que, à espreita do neocolonialismo, aprofunda a ultrapassada visão de que a natureza seria um recurso de uso infinito. Repetem-se os erros do passado, do comércio desigual a transferir riqueza interna para o exterior, intrínseca, por exemplo, na troca de grande escala da exportação de minério por alguns chips de computadores. Isso, sem comentar, a ausência de soberania nacional nas comunicações e informações internas que se avolumam ao serem realizadas totalmente pelo oligopólio das big techs estrangeiras. Essas empresas privadas detêm atualmente mais informações sobre o Brasil que o próprio IBGE e os poderes da República.
Os novos sujeitos sociais aguardam – já por certo tempo – instituições que possam constituir identidade e pertencimento coletivos, perdidos na passagem para a nova Era Digital. Embora continuem a existir, as organizações oriundas da Era Industrial se assemelham a mortos insepultos, cuja essência do descrédito segue ocultada pelo manto da aparência de que o conservadorismo atual possa continuar a oferecer a defesa dos interesses da ordem. Há um cheiro de queimado no ar. O que é que vem por aí diante da inegável frustração histórica às massas inorgânicas? A percepção antissistema se pronuncia há mais de três décadas de domínio da visão de mundo que o neoliberalismo configurou, sem jamais entregar o que prometeu aos brasileiros. A autópsia dos movimentos da sociedade no Brasil indica haver ondas de protestos e contenção, como nas manifestações da década de 1980 pela redemocratização política e os protestos contra a tungada econômica da inflação nos anos 1990. Neste século, o começo da rebeldia das corporações no interior do setor público até chegar na explosão repulsiva ao sistema atual na década passada a consolidar a política em gestão tanto dos negócios financeiros que valoriza o estoque da riqueza velha do “andar de cima”, quanto das emergências mais fundamentais de sobrevivência do “andar de baixo”. Até parece algo que se assemelha ao filme O Poço (Dir. Galder Gaztelu-Urrutia, Espanha, 2019), que retrata o imaginativo futuro distópico de uma cadeia vertical a atender desigualmente os seus residentes nos andares da desigualdade social, sendo beneficiados aqueles segmentos situados nos andares de cima.
ATRAVÉS DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO,
PASSAMOS A ESTAR PLUGADOS NO TRABALHO “24 HORAS POR DIA”
Urge no Brasil, ademais da necessária reversão das “deformas” trabalhista de Temer e previdenciária de Bolsonaro, a construção democrática da nova Carta Nacional do Trabalho, que atualizaria a CLT contemporânea do trabalho em plena Era Digital. Isso porque a destruição dos antigos sujeitos da sociedade urbana e industrial acontece simultaneamente à recomposição da classe trabalhadora desagregada da tradicional relação salarial e, por consequência, dos direitos sociais e trabalhistas. Entre a abolição da escravatura, no final da década de 1880, e a eleição presidencial de 1989, a relação salarial despontou como o principal mecanismo de transformação da antiga massa inorgânica herdada do agrarismo em proletariado urbano associada, sobretudo a partir da década de 1930, com o acesso à carteira de trabalho enquanto passaporte à cidadania regulada. Contudo, desde os anos 1990, assiste-se à marcha da desproletarização no interior do mundo do trabalho, cuja relação débito-crédito se fortalece em plena condição de consumidor que o país assume na Era Digital. Em grande medida, a intermediação das plataformas digitais atende atualmente desde os serviços profissionais (psicólogos, coach, telemedicina, cursos remotos, entre outros), os especializados (vendedor, entregador, youtuber, influencer e outros) e os simplificados (microtarefas variadas). De forma dispersa geograficamente, o labor na Era Digital tem sido externalizado através da disponibilização da contratação de multidões de trabalhadores disponíveis (crowdwork), sem que horário e lugar sejam determinados previamente, permitindo crescentemente a sua realização em casa (teletrabalho). Sem regulação, a intensificação do trabalho tem sido brutal, pois lastreada em aplicativos decorrentes do curso da revolução informacional que aproxima o labor, muitas vezes, ao já muito existente, não fossem as novas ferramentas da digitalização. A partir da renovada carta nacional do trabalho, o resgate da centralidade do labor deve fundamentar a retomada da agenda soberana do desenvolvimento nacional em bases sustentáveis ambiental e socialmente.
Desde a década de 1970, os limites do progresso estabelecido pelo projeto de modernidade ocidental se encontram explicitados. Impossível prosseguir com a mesma orientação do desenvolvimento humano apartado da natureza, que segue vista dominantemente como um recurso inesgotável. Não obstante os inegáveis avanços alcançados pela diversidade de ações governamentais, privadas e da sociedade civil nas últimas cinco décadas, são visíveis as suas insuficiências, pois seguem prisioneiras, em geral, da hipótese heroica de que a mudança tecnológica arrefece o conteúdo destrutivo do modo de produção e acumulação de riqueza dominante. O resultado disso parece inegável. Conferências, relatórios, acordos e políticas governamentais variadas proliferaram sem que a humanidade deixasse de prosseguir na marcha da insensatez, degradando incondicionalmente o planeta. A “queda do céu” na sábia versão Yanomami do desastre que significou a imposição do modelo de sociedade trazida do ocidente aos povos originários da ameríndia há 500 anos parece agora se apresentar a nós mesmos, signatários dos povos das mercadorias, a produzir sem limites aos distintos biomas. A aceleração do Antropoceno [era geológica marcada pela ação humana; antropo = do grego, humano + ceno = do grego, recente] aponta para o novo regime climático, cuja presença de crises virais parece resultar dos efeitos em cadeia da alteração profunda na composição do carbono na atmosfera, na elevação da temperatura, no derretimento das geleiras, no aumento do nível do mar, entre outros. Só uma mudança radical na forma de viver, produzir e distribuir pode, talvez, barrar o que veio sendo engendrado nos últimos séculos de modernidade ocidental assentado no progresso a qualquer custo. Ainda há tempo para a contra intervenção humana, mas haverá consciência e vontade política suficiente para interromper a atual marcha da insensatez?
A compreensão, em geral, construída a partir do final do século passado de que estaríamos diante da época de mudanças levou à formação de duas extremadas visões dominantes que acabaram se mostrando retumbantes equívocos. De um lado, a hipótese da sociedade pós-industrial geradora do ócio criativo a sustentar perspectiva de vida superior, com menos trabalho e mais bem-estar social; e, de outro, a hipótese do fim do trabalho destruidor de ocupações e protagonizador de gigantesco desemprego relacionado ao avanço da inteligência artificial e da robotização plena. Acontece que, até hoje, a sociedade de serviços que acabou dando lugar ao vácuo deixado pela desindustrialização nos países do norte ocidental do planeta tem sido produtora e reprodutora da precarização generalizada do mundo do trabalho. Não obstante o salto tecnológico, o neoliberalismo dominante valida a desorganização do Estado de bem-estar social, a perda de direitos trabalhistas e a volta da pauperização. Da mesma forma, os países que atualmente mais conseguiram avançar tecnologicamente têm sido justamente aqueles que menos detêm desemprego aberto em grande escala. Isso não significa que não registrem problemas sérios no mundo do trabalho. Em síntese, a desigualdade se aprofundou com a polarização crescente entre ricos e pobres diante do esquartejamento do operariado industrial e da classe média assalariada. O equívoco cometido nas duas principais visões decorre da incompreensão de que não se trata de uma época de mudanças, mas, justamente, de uma mudança de época. Por isso, o passado pouco tem a ensinar. Não se trata de revolução industrial, como ocorreu por duas vezes no passado, quando o avanço da mecanização destruiu empregos em larga escala. No passado, a imigração internacional permitiu aos países que se industrializaram no século 19 exportarem os seus desempregados ao “mundo novo”, enquanto a criação do Estado de bem-estar social no século 20 permitiu atacar o desemprego tanto pelo financiamento público da inatividade de doentes, deficientes físicos e mentais, idosos, crianças e outros desassistidos, quanto pelo emprego público nas atividades universalizadas de educação, saúde, assistência e outras. Ao excluir Estados Unidos e Alemanha do conjunto dos países de capitalismo avançado, constata-se que os trinta anos após o segundo pós-guerra, caracterizado pelo pleno emprego, registrou o emprego privado praticamente estagnado. A revolução informacional que demarca a atual mudança de época reconfigura o trabalho em sua totalidade (produção e reprodução). Através das tecnologias da informação e comunicação (TICs), passamos a estar plugados no trabalho “24 horas por dia”. Se há mais trabalho, há mais riqueza, que por não estar sendo politizada e, portanto redistribuída, não gera consciência de classe capaz de mover transformações necessárias para o novo futuro do presente.
OS PAÍSES QUE ATUALMENTE MAIS CONSEGUIRAM
AVANÇAR TECNOLOGICAMENTE TÊM SIDO JUSTAMENTE AQUELES
QUE MENOS DETÊM DESEMPREGO ABERTO EM GRANDE ESCALA
O cancelamento do futuro a que estamos prisioneiros parece indicar o vácuo deixado pela ausência de utopia a nos movimentar e provocar saídas das trincheiras do conservadorismo, para não dizer reacionarismo dos dias de hoje. Como época de mudança, o Brasil atual revela situação histórica excepcional, somente comparável, guardada a devida proporção, às específicas décadas de 1880 e de 1930. Enquanto nos anos de 1880 o Brasil rompeu com a escravidão e o modelo político da monarquia para ingressar no modo de produção capitalista, inaugurando a sociedade de classes, o da década de 1930 marcou a passagem para a nova sociedade urbana e industrial. Tanto os abolicionistas como os tenentistas não conquistaram tudo o que defendiam. A correlação de forças definiu mudança de época contagiada por projetos de branqueamento da sociedade executados durante a República Velha (1889-1930) e de contração das reformas clássicas do capitalismo contemporâneo (agrária, tributária e social) entre os anos 1930 e 1980. Diante de três grandes desafios do mundo atual, o Brasil se encontra entre os países com melhores condições de enfrentá-los. Inicialmente, o desafio do deslocamento do centro dinâmico do mundo do Ocidente para o Oriente que abre excelente oportunidade de integração e reorganização sul-americana em torno da maior importância do oceano pacífico. Na sequência de desafios, o avanço do novo regime climático que torna central os biomas, sobretudo a Amazônia, para que o Brasil seja capaz de reconfigurar o seu passaporte para o seu inédito desenvolvimento no século 21. E, por fim, a Era Digital que ressignifica a questão da soberania, exigindo que o processo de digitalização seja planejado e coordenado pelo novo Estado Digital. Algo parecido transcorreu nas mudanças de épocas que resultaram no ingresso do capitalismo, ao final dos anos de 1880, com a criação do Estado mínimo liberal em substituição ao Estado absolutista e mercantil. E também na década de 1930, com a implantação do moderno Estado Industrial, quando se mostrou necessário substituir o Estado mínimo para sustentar a passagem da sociedade agrária para a sociedade urbana e industrial.
DIANTE DE TRÊS GRANDES DESAFIOS DO MUNDO
ATUAL, O BRASIL SE ENCONTRA ENTRE OS PAÍSES
COM MELHORES CONDIÇÕES DE ENFRENTÁ-LOS
Como a minha parceira tem sido a perspectiva histórica, entendo que o trabalho tem um futuro que se constrói diante de disputas e medidas de correlações de forças na definição do sentido da centralidade laboral na vida humana. Quanto mais tempo demorarmos em nos conscientizar de que estamos diante de uma mudança de época e que, portanto, nos cabe lutar pelo descancelamento do futuro, mais as forças do retrocesso tenderão a ampliar os seus espaços de poder para conservar o passado irrealizável, pois morto e insepulto.
A edição de março/22 da Revista E está no ar!
Nas páginas deste mês, você conhece o projeto “Infindável Viagem: Takeo Sawada – artista, educador” (imagem de capa), composto por ações no Sesc Thermas de Presidente Prudente e no Sesc TV.
Além disso, a revista de março traz outros destaques, como a exposição “DARWIN, O ORIGINAL”, do Sesc Itaquera; um levantamento que, no mês da mulher, apresenta as ruas da capital paulista que homenageiam personalidades femininas; um depoimento dos jornalistas Tatiana Vasconcellos e Nando Andrade sobre sua rotina no rádio; um perfil da diva Elza Soares (1930-2022); uma reportagem sobre iniciativas que mostram a força de uma economia baseada na solidariedade e na coletividade; um passeio pelas ilustrações criadas para o experimento literário Folhetim, do Sesc Pompeia; uma entrevista com o economista Marcio Pochmann sobre modelos econômicos e o futuro da sociedade; e artigos que abordam os desafios do envelhecimento das pessoas LGBTQIA+.
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