Leia a edição de junho/22 da Revista E na íntegra
A poucos passos da entrada do prédio do Sesc Consolação, um grande e colorido mural de um vaqueiro com uma lata de spray em punho saúda os visitantes da exposição Xilograffiti. O mural, criado pelo artista maranhense Romildo Rocha para a empena do edifício da unidade do Sesc, soma-se a outras intervenções da parte externa que transbordam até a parte interna, no espaço de convivência. Cada escada, parede, janela… cada espaço serve como tela para a experimentação das técnicas artísticas da xilogravura e do graffiti, que tradicionalmente ocupam as ruas da cidade ou feiras populares – a exemplo da literatura de cordel, na qual a xilogravura se faz presente. “Partimos da ideia de unir essas linguagens, e o que a gente tem é uma instalação imersiva, na qual, antes de pisar no Sesc, você já está dentro da exposição. Ela te conecta, te transporta. Usamos todo o ambiente como espaço expositivo”, conta o curador Baixo Ribeiro.
Colados, entalhados, impressos ou esculpidos, as gravuras, desenhos, cordéis, lambe-lambes e matrizes da exposição Xilograffiti reproduzem mensagens de cunho social, político e cultural. As obras estão agrupadas em núcleos temáticos – Cordel Raiz, Cordel Contemporâneo, Xilo Urbana, Lambegrafia, Tipograffiti e Graffiti Xilográfico –, pelas quais o público percorre os olhos, mas também é convidado ao papel de criador numa grande exposição-oficina com a presença de artistas de norte a sul do país.
Participam nomes consagrados, como o mestre J. Borges (Bezerros – PE), que realizará uma oficina no encerramento da exposição, no dia 31 de julho, além de jovens artistas e coletivos contemporâneos, como: Samuel Casal (Caxias do Sul – RS), Atelier Piratininga (São Paulo – SP), Turenko (Manaus – AM), Paulestinos (São Paulo – SP), Oficina Tipográfica (São Paulo – SP); Romildo Rocha (São Luís – MA), Derlon (Recife – PE), Xicra convida soupixo, Andréa Sobreiro e Carol Piene (CE), 23ª edição do Projeto Armazém – Mulher Artista Resiste (Florianópolis – SC) e Lau Guimarães (São Paulo – SP).
Aliás, o convite feito aos visitantes para vivenciar uma experiência artística também é a palavra-chave da exposição. “Isso porque, além de apresentar colaborações entre artistas, a mostra propõe uma colaboração entre artista e público. Ou seja, quem passar por esse espaço expositivo, que também é um grande ateliê, poderá imprimir e compor seus trabalhos em matrizes diferentes, feitas pelos artistas. Dessa forma, o público pode sair com uma obra de arte, seja um fanzine ou um pôster, que ele pode levar para casa”, reforça Baixo Ribeiro.
Para isso, a programação da exposição reúne oficinas, cursos e vivências que responderão aos múltiplos assuntos, técnicas e processos de cada artista e coletivo presente. Mais do que observar, será possível experimentar como se faz uma xilogravura, carimbo, colagem, estêncil, tipografia, encadernação, além de aprender sobre suportes e mídias, a exemplo de graffiti, lambe-lambes, pôsteres, cartazes, panfletos (flyers), adesivos (stickers), zines, quadrinhos, cordéis etc. “Quem está de passagem pela unidade, quem estava jogando futebol, varrendo o chão, lendo um livro, todos podem vir fazer uma gravura. Essa é uma exposição que penetra no cotidiano da gente”, acrescenta o curador.
Confira uma galeria com 14 obras expostas na mostra Xilograffiti, em cartaz no Sesc Consolação:
Exposição Xilograffiti
Até dia 31/07, de terça a sábado, das 10h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h, no Sesc Consolação.
Confira a programação completa
A EDIÇÃO DE JUNHO/22 DA REVISTA E ESTÁ NO AR!
Nesta edição, celebramos os 30 anos da ECO-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento que, no começo da década de 1990, propôs uma série de debates e compromissos dos quase 180 países participantes com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Nesta reportagem, propomos um resgate histórico sobre os marcos e conquistas ambientais no Brasil e no mundo e revelamos quais os ecos da ECO-92 três décadas depois de sua realização.
Além disso, a Revista E de junho traz outros destaques: uma reportagem que destaca a diversidade de estilos, formações e técnicas na produção contemporânea de música de câmara; uma entrevista sobre parentalidade com a psicanalista Vera Iaconelli; um depoimento de Zezé Motta sobre os mais de 50 anos de carreira; um passeio visual pelas obras da exposição Xilograffiti, em cartaz no Sesc Consolação; um perfil de Lygia Fagundes Telles, um dos maiores nomes da literatura brasileira; um encontro com Marcio Atalla, que defende a adoção de uma vida mais ativa para o bem-estar a e saúde a longo prazo; um roteiro por 5 espaços que celebram a cultura japonesa em SP; o conto inédito “Careiro”, assinado pela escritora Paulliny Tort; e dois artigos que celebram o legado do sociólogo e crítico literário Antonio Candido.
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