“Não enxergamos, mas é: violência contra a pessoa idosa” é a temática da Campanha de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, que o Sesc São Paulo realiza no ano de 2021 em parceria com o Conselho Estadual do Idoso, Grande Conselho Municipal do Idoso (São Paulo), CRI-Norte, OLHE – Observatório da Longevidade e Envelhecimento Humano, e a ONG Eternamente Sou. Fomentando reflexões sobre o quanto as violências interpessoais são fruto de fatores macroestruturais, a campanha discute a violência estrutural, referindo-se a contextos em que uma sociedade perpetua a desigualdade, causando aos grupos menos privilegiados deste sistema (não apenas, mas em especial) grandes impactos negativos.
Assim, as pessoas idosas são vulneráveis a estes impactos por meio de violências não percebidas, como a financeira, a psicológica, a patrimonial, a institucional, entre outras. E este é o objetivo da campanha: propor a visibilidade e o reconhecimento como passos fundamentais para uma longevidade sem violência.
Além disso, as adversidades relacionadas à pandemia de Covid-19 têm se mostrado inúmeras e, na medida em que esse contexto se alonga, tornam-se cada vez mais aparentes as fragilidades sociais que caracterizam o momento em que vivemos.
O número de denúncias de violência contra idosos passou de 3 mil em março de 2020, para 8 mil em abril e quase 17 mil no mês seguinte, representando um aumento de 466%. Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH).
Acredita-se que há ainda muitas subnotificações, uma vez que as vítimas não costumam denunciar, seja por limitações físicas ou pela precariedade da rede socioassistencial, segundo os dados do Disque 100 e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Atualmente, as pesquisas apontam para um crescimento de 59% no número de denúncias de violência contra idosos de março a junho de 2020, comparado ao mesmo período em 2019. Esse cenário sugere que as formas de sociabilização com as pessoas idosas estão atravessadas por episódios conflituosos o que, por sua vez, pode indicar a carência de recursos linguísticos, éticos e afetivos nas relações interpessoais com os idosos, em especial no âmbito familiar, onde a maior parte dos casos de violência ocorrem.
Dessa forma, a campanha, que acontece de 15 a 22 de junho nas redes digitais das unidades do Sesc São Paulo, fomenta a valorização da pessoa idosa como medida essencial para a construção de uma conjuntura que, ao garantir os direitos de igualdade postulados constitucionalmente, também oportuniza a riqueza própria à existência humana na variedade de suas instâncias, inclusive etárias, que muito tem a partilhar e comunicar coletivamente.
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