O mais belo dos belos ritmos

08/11/2023

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Chegou a versão impressa do e-book O canto da cidade, livro que reconta a história e os bastidores do disco e do estilo que ganhou as ruas por todo o Brasil: a axé music

Lançado na versão digital em 2021, o livro O canto da cidade: da matriz afro-baiana à axé music de Daniela Mercury, escrito pelo jornalista Luciano Matos chega em versão impressa para contar os bastidores do álbum que alçou a cantora baiana ao patamar de rainha da axé music. A obra também conta, em detalhes, o fatídico dia do grande show que parou a Avenida Paulista.

Interrompido por risco de desabamento do Museu de Arte de São Paulo (Masp), dada a tamanha concentração de pessoas e a vibração da música no lugar, a produção do evento foi alertada de que havia grave risco da laje do museu desabar. Com quarenta minutos de show, a cantora, ainda pouco conhecida do grande público, precisou parar a apresentação por determinação da Secretaria Municipal de Cultura e da Polícia Militar. Tudo assim: em sequência acelerada e surpreendente, como a “axé music” que Daniela Mercury iria consolidar. 

Entrevista com o autor Luciano Matos

Luciano Matos volta às origens do que seria absorvido (e reelaborado) pela axé music: os blocos afro. Na obra, o autor reconta a trajetória de seus maiores representantes na capital baiana: Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê, Muzenza e Ara Ketu. Volta igualmente à origem da batida do samba-reggae criado por Neguinho do Samba, Mestre Jackson, Ramiro Musotto, responsáveis por somar aos timbaus e repiques da levada do reggae uma poderosa batida grave de surdos. O resultado desse encontro da cantora com os blocos e com o samba-reggae já estava presente no primeiro disco da cantora baiana, “Swing da cor”.  

Ouça o disco O canto da cidade, de Daniela Mercury

“A gente estava descendo a ladeira de São Bento [no trio], quando Marcionílio perguntou se eu já tinha ouvido a música nova do Olodum. Eu não conhecia ainda. Então ele cantou um trecho de ‘Faraó’ e o povo respondeu. Aquilo foi incrível. Fiquei enlouquecida. Era um samba novo, uma síntese nova. Uma estrutura louca, uma música longa e interessante. Era muito diferente”, lembra Daniela. Além dela, entre os entrevistados para o livro estão figuras centrais tanto da música baiana quanto do álbum: Vovô do Ilê; João Jorge, presidente do Olodum; Marcos Kilzer, vice-presidente artístico da Sony à época; Margareth Menezes; Herbert Vianna; Armandinho; Letieres Leite; Liminha; Jorge Xaréu, do grupo Muzenza; Carlinhos Brown; Durval Lelys e os compositores Tote Gira (“Prefixo de verão” e “O canto da cidade”) e Luciano Gomes (“Faraó – Divindade do Egito” e “Swing da cor”), entre outros. Como escreve Matos: “A enorme visibilidade alcançada por Daniela serviu para escancarar de vez o que já era realidade na Bahia. A música pop baiana, que ganhou o apelido de axé music, virava uma realidade nacional, sem que os artistas precisassem sair de lá, como antes acontecera com quase toda a música surgida fora de Rio de Janeiro e São Paulo.  

O canto da cidade: da matriz afro-baiana à axé music de Daniela Mercury (2021) é o quarto livro da coleção Discos da Música Brasileira, organizada pelo crítico musical Lauro Lisboa Garcia, a sair no formato impresso. O primeiro foi Da Lama ao caos: que som é esse que vem de Pernambuco? (2019), título que revela os bastidores do disco antológico de Chico Science & Nação Zumbi, escrito pelo jornalista José Teles; e o segundo foi África Brasil: um dia Jorge Ben voou para toda a gente ver (2020), eleito o melhor do ano na lista da Scream & Yell e escrito pela jornalista Kamille Viola. O próximo a sair da tela para o papel é Refazenda: o interior dá frutos na abertura da trilogia ‘Ré’ de Gilberto Gil (2023), escrito por Cris Fuscaldo. É só aguardar.

Trecho do livro

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