O papel da rede de apoio

17/07/2023

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Do Peito Ao Prato é Realizado entre 1 e 7 de agosto, durante a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Ilustração: Bruna Martins

A vida com um recém-nascido é pura novidade. Cada bebê é único e traz, com a sua chegada, uma nova organização familiar. 

Além dos cuidados fundamentais com o novo membro, a saúde e o bem-estar maternos também precisam ser observados. Por isso, a formação de uma rede de apoio é de extrema importância para garantir que todos os integrantes da família sejam bem cuidados, tanto nos aspectos práticos, quanto nos emocionais. 

Como afirma a nutricionista Viviane Laudelino, a importância da rede de apoio é bastante discutida atualmente. Como diz o provérbio africano, “é necessária uma aldeia para cuidar de uma criança”. E isso fica ainda mais evidente nos primeiros dois anos do bebê, quando são esperadas mudanças físicas, emocionais, sociais e estruturais relacionadas à mãe. 

Ilustração: Bruna Martins

“É importante identificar, antes mesmo do nascimento, quem poderá prestar ajuda, quem estará por perto e com quem a mãe e a família poderão contar depois da chegada do recém-nascido”, explica Viviane. Uma rede de apoio pode ser formada por pessoas próximas, como familiares, amigos, vizinhos, ou mesmo por profissionais que possam auxiliar ativamente nos cuidados com a casa e o recém-nascido. 

A nutricionista Rachel Francischi destaca o momento de vulnerabilidade que a mãe enfrenta após o parto, período conhecido como puerpério. “Essa fase pode ser comparada a um ‘luto’, pois a mulher abandona quem era antes do bebê para abraçar uma vida nova. Mesmo que já tenha outros filhos, a chegada dessa criança pode representar uma crise de identidade, ainda que revestida da maior felicidade e alegria”, explica ela. “E, como sociedade, é muito importante que nós cuidemos, amparemos essa mulher nesse período.” 

Ilustração: Bruna Martins

Quem deseja apoiar a nova família pode se colocar à disposição para realizar alguma tarefa que seja importante para esse núcleo recém-formado. Oferecer uma refeição, se prontificar a lavar uma louça, cuidar das roupas ou mesmo estar disponível para conversar são atitudes que ajudam bastante. O importante é acolher e evitar julgamentos. 

A volta ao trabalho 

Um dos momentos mais delicados é a volta ao trabalho. Muitas vezes, até esse episódio, a mãe era a referência principal dos cuidados com o bebê, o que inclui a amamentação. Por isso, é esperado surgirem desafios e inseguranças na retomada da vida profissional da mulher. 

Como explica Rachel, essa é uma fase de transição para a família, pois a mãe poderá se ausentar de casa por algumas – às vezes muitas – horas, quando o bebê ficará sob os cuidados de outras pessoas. Nem sempre é um processo fácil… Há um afastamento físico, a definição de novos horários e rotinas e podem surgir inseguranças. Cada mulher é única, cada situação é exclusiva e diferente mas, em todos os casos, é preciso buscar o máximo de tranquilidade, ajuda e cooperação para que essa fase seja atravessada com êxito. 

Ilustração: Bruna Martins

Essa é a oportunidade para a inserção de novos cuidadores, com a mãe se adaptando a essa rotina. Para o bebê, também é muito saudável o convívio com outras pessoas, desde que elas sejam responsáveis e atentas às necessidades. 

Se o bebê foi alimentado até então com leite materno, mesmo na ausência da mãe, a oferta desse alimento pode seguir em livre demanda, especialmente no início. O ideal é que seja oferecido o leite materno previamente tirado e bem armazenado. 

Ilustração: Bruna Martins

O mesmo vale para as situações em que a mãe recorreu aos bancos de leite ou às fórmulas infantis, aos quais o bebê já estava adaptado, sob orientação de um profissional de saúde. 

Para as mulheres que puderam oferecer o peito em livre demanda, Rachel ressalta a importância de manter a amamentação sempre que o bebê demonstrar interesse, para que a produção do leite continue. Inclusive, é importante tirar durante o trabalho para evitar o empedramento ou ingurgitação do leite materno. 

Mais do que tudo, o fundamental é ter apoio, pois essa é uma fase de intensa transformação tanto para a mãe quanto para o bebê.  

* Luciana Mastrorosa é jornalista e escritora especializada em gastronomia e nutrição. Atua há mais de 25 anos na imprensa brasileira, mantém o site Cozinha de Planta e é autora do livro “Pingado” e “Pão na Chapa – Histórias e Receitas de Café da Manhã”

Do Peito Ao Prato

Realizado pelo Sesc São Paulo entre os dias 1 e 7 de agosto de 2023, o projeto aborda na sua quinta edição a importância da alimentação adequada nos dois primeiros anos de vida. Saiba mais sobre a programação!

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