O teatro como agente transformador de pessoas e espaços

21/05/2024

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Coletânea de reflexões sobre as práticas e atividades do grupo sediado na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, aborda o impacto dos Satyros não só no teatro, mas na vida social da metrópole

Fundada em 1989 pelo ator, escritor e promotor cultural Ivam Cabral e pelo diretor teatral Rodolfo García Vázquez, a companhia Os Satyros, sediada desde o ano 2000 na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, ganha agora uma obra publicada pelas Edições Sesc. “Os Satyros: teatricidades: Experimentalismo, arte e política” apresenta a trajetória e os impactos artísticos, pedagógicos, urbanísticos e sociais da atuação desta que é uma das mais relevantes companhias teatrais brasileiras das últimas décadas.

Organizada pelo escritor, crítico literário e crítico teatral Marcio Aquiles, a publicação reúne a coletânea de artigos de pesquisadores e jornalistas, trazendo reflexões sobre as práticas artísticas, as proposições pedagógicas e as atividades socioculturais do grupo, que desenvolveu um teatro marcado pela transgressão e pelos valores da alteridade e da liberdade.

Mississipi, com Ivam Cabral e elenco. Foto: André Stefano.

Uma seleção de imagens dos diversos espetáculos e de críticas jornalísticas complementam os textos de Kil Abreu, Marici Salomão, Miguel Arcanjo Prado, Beth Lopes, Silas Martí e o casal norte-americano Dana e Ricky Young-Howze.

Teatro, cultura e urbanidade

Um dos principais temas do livro é a relação da companhia com o território urbano e as transformações na região central. Com uma rica história na vida cultural e boêmia de São Paulo, na virada do século, a Praça Roosevelt estava degradada e era considerada um local perigoso, marcado pela prostituição e tráfico de drogas. Lá, Cabral e Vázquez abriram seu primeiro espaço. A partir dessa experiência, outros grupos teatrais chegaram à praça, como os Parlapatões, em 2006. Após a chegada deles, surgiu a Associação dos Artistas da Praça (Adaap), a SP Escola de Teatro e também houve também o renascimento do Cine Bijou.

Pessoas brutas, com Henrique Mello, Felipe Moretti, Lorena Garrido, Robson Catalunha e Sabrina Denobile. Foto: André Stefano.

Por essa ligação intrínseca da companhia com a cidade, o organizador decidiu abrir os capítulos temáticos com um texto sobre geografia, cultura e urbanidade, assinado pelo jornalista e crítico de arte Silas Martí, que viveu aquele espaço enquanto quando era um jovem estudante de jornalismo interessado em arte e cultura. 
Em seu texto de apresentação da obra, escrito em agosto de 2023, o diretor do Sesc São Paulo Danilo Santos de Miranda (1943-2023), que fez parte do conselho da Adaap, relembra a amizade com Ivam e Rodolfo e destaca a dimensão educativa e de inclusão social do trabalho d’Oos Satyros. “Como resultado dessa iniciativa, nas últimas duas décadas, a praça tem sido cenário de diversos encontros, agregando públicos e artistas em torno da experiência estética — gesto que aproxima a companhia de teatro ao Sesc no que tange à proposta de ação no território, partilhada por ambos”, afirma Miranda.

Leia um trecho do livro:

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