Os destaques do Sesc SP n’A Feira do Livro

11/06/2023

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por Carime Elmor

Durante a pausa do almoço, perguntei a uma criança e duas adolescentes: Além dos livros, o que mais vocês gostaram n’ A Feira do Livro? Uma delas leu o best seller “Heartstopper”, da britânica Alice Oseman, inteiro no gramado da Praça Charles Miller. O mais novo nem hesitou: “Foram os cachorros!”. É verdade que muitos cães farejaram boas histórias nos estandes e se tornaram verdadeiras atrações à parte. As meninas, já pensando na sobremesa, lembraram do churros e do açaí das fartas tendas de alimentação. Andar pela praça, ganhar um abraço, tirar uma foto de alguém que você não conhece, tomar um sorvete, entrar na fila de autógrafo, assistir a um bate-papo, a um show ou participar de uma intervenção artística é um pouco do que compõe o universo literário dos últimos cinco dias de evento. 

Ao longo de todo o fim de semana, sábado e domingo (10 e 11 de junho), o estande do Sesc SP foi um lugar de encontro, pesquisa e de estímulo à imaginação. A disposição de nossas estantes por área de conhecimento fez com que diversas obras literárias de não-ficção do catálogo das Edições Sesc SP chegassem às mãos de novo/as leitores e leitoras. Artes visuais, música, tecnologia, sociologia e filosofia foram destaques na procura do público.

Para além das obras literárias, a Loja Sesc trouxe produtos de papelaria personalizados por artistas parceiros. Os lápis, os bloquinhos e os cadernos coloriram as bancadas e se tornaram irresistíveis. As sacolas de pano dupla-face também cativaram s visitantes. Os temas das estampas eram inúmeros, contemplando sobretudo a cultura e o meio-ambiente.

Foto: Matheus José Maria

O movimento do estando do Sesc SP foi intenso do começo ao fim. Nas manhãs e sábado e domingo pessoas de todas as idades criaram marca-páginas coloridos com os educadores Bruno O. e Isabel Gomes do JAMAC (Jardim Miriam Arte Clube) — um ateliê de arte, espaço de formação e biblioteca aberto à comunidade do Jardim Miriam, na zona sul de São Paulo. A produção aconteceu por três horas ininterruptas. “Foi uma experiência de aplicação de estênceis a partir de desenhos do acervo do JAMAC e teve muita gente que passou por aqui!”, disse Bruno O.

Um dos participantes foi Theodoro Bomfim, 7 anos. Theo aprendeu com os educadores e criou duas artes que vão se tornar marcadores para seus livros. “As imagens foram me surpreendendo porque eu fui fazendo tudo isso e fui criando um mundo diferente aqui no papel. Eu tentei fazer um degradê sem ser tão misturado e achei muito legal o resultado”.

Oficina de marcadores de página com estêncil (JAMAC). Foto: Carime Elmor

Já durante as tardes do fim de semana, Daniel Viana chegou para o seu o “bala_vras”. Durante a intervenção, o artista senta em uma mesa onde está uma máquina de escrever, cartões coloridos, um caderninho e um baleiro. Quem se aproxima é convidado, um a um, a ocupar a cadeira ao lado a fim de ganhar um poema escrito naquele instante. A pessoa participante deve escolher ou sortear palavras que estão no baleiro. A partir daí, e de uma breve conversa, Daniel cria versos personalizados. A atividade alcançou crianças e adultos. Muitos curiosos rodearam a escrivaninha e assistiram à performance. Teve gente que se emocionou ao ouvir a poesia lida por Daniel. Teve também quem planejou emoldurar o poema datilografado na máquina de escrever. “Essa atividade é sempre uma troca com o público. Esse baleiro que contém as palavras muitas vezes vira quase um oráculo. As pessoas tiram a palavra e se emocionam”, diz Daniel.

Daniel contou que sua máquina foi trazida de Minas Gerais e vem sendo usada por ele em suas intervenções poéticas. Ele é um poeta que cria na rua e se alimenta dos ruídos da paisagem urbana para escrever. “A rua é esse lugar caótico. Esse caos faz parte do meu processo criativo. As pessoas conversando comigo ou ao meu lado, e eu vejo tudo isso como um movimento poético para o meu fazer. Eu gosto de ver as pessoas encantadas e rodeadas na mesa por conta da poesia”, complementa.

Bala_vras – Foto: Carime Elmor

No encerramento do sábado, o Ateliê Libélula Livros transformou o estande do Sesc SP em um espaço para a criação de carimbos ex-libris. Papel japonês, papel jornal e papéis coloridos de diferentes texturas, somados a mais de vinte carimbos, ficaram a disposição de quem veio criar um selo para a própria coleção de livros. As experimentações gráficas foram feitas pelas artistas Maroca Sampaio e Liana Yuri que ao longo da noite apresentaram a proposta aos que chegaram. “Ex-libris significa: ‘Esse livro pertence a’ e na história dos livros isso era usado para identificar, como uma gravura que trazia uma identidade da pessoa e que ela carimbava nos livros, fazia seus selos ou gravuras. Aqui na atividade do Sesc SP, a gente fez quatro carimbos básicos, os ex-libris, e trouxemos uma série de outros carimbos. A ideia é criar uma composição que a pessoa se identifique”, diz Maroca.

Daniela Avelar estreou sua performance “Entre o sim e o não existe um vão” no estande do Sesc SP na noite de domingo (11). A ação foi criada a partir da prática da bibliomancia, adivinhação do futuro realizada pela interpretação da passagem de um livro aberto ao acaso. Ela conta que a escolha dos títulos é bastante pessoal. “A seleção é feita a partir da minha própria biblioteca, é uma seleção afetiva de autores e obras que fazem sentido para mim. E eu fui escolhendo trechos para serem lidos como respostas às perguntas que o público faz às cartas”. Uma fila se formou e muitos brincaram com a possibilidade de enxergar pistas do que acontecerá no futuro.

Entre o sim e o não existe um vão – Foto: Carime Elmor

Aqui no presente, nesta noite de domingo (11), o Sesc SP encerra suas atividades n’A Feira do Livro vibrando por fazer parte de um dos mais importantes encontros do mercado literário do país.

Conheça o catálogo do Edições Sesc SP.

Veja tudo o que aconteceu nos dois primeiros dias d’A Feira do Livro.

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