Desenhista, escultora, gravadora, pintora e ilustradora Ester Grinspum é a artista tema do quarto volume da coleção Arte, Trabalho e Ideal
Organizada por Fabiana de Barros, Michel Favre e Marcia Zoladz, os livros da coleção Trabalho, Arte e Ideal aproximam o leitor do fazer artístico, levando em conta as três dimensões que intitulam a coleção e suas complexas intersecções: “O Trabalho é abordado como um ato de transformação, feito de tensões e resistências entre intenção e gesto, entre ideia e Ideal, a partir de contextos continuamente redefinidos. A Arte é produção, mas também é pensamento, frequentemente concebida em continuidade entre o íntimo e o público, entre o artista, os meios que ele implementa e a coletividade.”, explicam os organizadores.
Os livros anteriores da coleção, que já tiveram como protagonistas Evandro Carlos Jardim, Anna Bella Geiger e Gabriel Abrantes são compostos de uma entrevista com o artista em questão, um ensaio crítico de notório conhecedor de sua produção, uma breve biografia, fotos de suas obras mais representativas e uma versão integral do texto em inglês.
Ester Grinspum traz para este quarto volume mais de 40 anos de carreira e pesquisa em diversas linguagens, especialmente no desenho e na escultura. Formada em Arquitetura e Urbanismo pela USP, a artista hoje tem obras na Pinacoteca de São Paulo, no MAC-USP, no MAM São Paulo, no Brooklyn Museum (Nova York), no Fonds National d’Art Contemporain (Paris), no Museo Reina Sofía (Madri), na Coleção Patricia Phelps de Cisneros e no Instituto Figueiredo Ferraz.
“Criar um espaço. Que eu passei a chamar de lugar, em vez de espaço, porque é um lugar criado por um acontecimento, por alguma coisa. A escultura é um lugar. Para mim, a escultura é um lugar, seja ela fechada, seja aquela a primeira grande escultura do vaso, que é um vaso aberto, que é a minha obsessão, está em todos os lugares na casa. Que é uma coisa de um lugar. É como se estivesse guardando alguma coisa, né? Eu sempre falo: ‘Ah, guardando isso, guardando aquilo’. Guardando nada, guardando pensamento, guardando um lugar para alguma coisa, nem que seja para uma possibilidade de alguma coisa. Quando eu fiz a escultura para a I Bienal de Esculturas ao Ar Livre, na Escola de Artes Visuais do parque Lage, no Rio de Janeiro, que o Frederico Moraes propôs, eu fui lá no parque Lage para ver o que ia fazer. E chovia muito, chovia a cântaros. Fiquei ali sentada, olhando. Daí eu falei ‘Bom, aquele vaso para mim, a princípio, é para guardar chuva’. Sabe assim, essa coisa de guardar alguma coisa, de conter, o continente, o limite.”
“Então você afirmar, você afirmar o seu lugar no mundo com o trabalho que você faz… é o que me interessa, né? A coisa que me preocupa, pela qual eu batalhei muito, e vou continuar batalhando, né? E que é muito duro, foi muito duro. Foi… é um percurso… No final, eu quero existir como uma pessoa que produza o trabalho que eu produzo. Ponto. “
Leia um trecho do livro:
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