Foto: Diego Lajst
Quais lugares falam dessa cidade composta de área insulada e continental?
Seus 280 quilômetros quadrados cortados por rios, compostos por morros, encostas e uma parte de Mata Atlântica, vão bem além dos aspectos geográficos, pois cada porção de espaço está cheia de significados particulares, de relações e práticas humanas, onde se manifestam os fenômenos sociais.
Expedições Geográficas, atividades coletivas de exploração e registro artístico de locais significativos de Santos, aconteceram em cinco encontros realizados de novembro de 2016 a fevereiro de 2017. Os participantes, orientados pelos artistas: Daniel Caballero, Flávia Mielnik, Helen Faganello, Laura Gorski, Renata Cruz e Renato Leal, acompanhados por um agente local, visitaram diferentes lugares, como o Centro Histórico, a Ilha Diana, o Morro da Nova Cintra, o Morro José Menino e deram uma volta náutica pela Ilha de São Vicente, conhecendo a sua história e as pessoas. Durante este contato, foram produzidos registros artísticos desta experiência, por meio de desenho, pintura e fotografia.
A artista Flávia Mielnik, relata que a união e a decisão de sete artistas numa exposição em que o tema a ser tratado é o lugar onde ela acontece, causa uma condição de que o artista vai começar a trabalhar a partir de uma observação com o entorno do lugar expositivo e define o processo desse trabalho. E como cada artista junta e articula os temas de interesse e as poéticas individuais, numa investigação de como a cidade é vista, observar os processos e como nos relacionamos.
Para a artista Renata Cruz o objetivo desse trabalho é ouvir a população e como ela define essa paisagem, essa geografia. Diversas camadas e insignificâncias que muitas vezes não se nota na cidade, é possível perceber pelo olhar de alguém local, que tudo se transforma, tudo se amplia e há uma troca de aprendizados. Santos é muito simbólica, é uma cidade portuária; o Brasil é o resultado de uma grande colagem, as culturas vão chegando e deixando suas heranças, e Santos é a representação disso. O projeto Expedições Geográficas pede um olhar receptivo, o que acontece que é possível se entender e entrar em diálogo, a cidade, a reunião de sete artistas com projetos bem distintos, essa é a porta de entrada das culturas, e de todo esse processo que gerou a exposição Geografias.
Todo esse processo de imersão no projeto Expedições Geográficas contribuiu como base para as obras da exposição Geografias – Nosso Lugar é Caminho, que faz o reconhecimento dessa cartografia como lugar de encontros sociais e afetivos, que fazem ou deveriam fazer parte das formas de convívio e de ocupação humana, como dinâmicas que se reinventam diante de novas perspectivas ou impedimentos, e passam a escrever outras narrativas.
Fotos: Diego Lajst e Rani Fuzetto
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