O riso ajuda a melhorar o humor, regula hormônios, auxilia no enfrentamento de situações difíceis e acreditem, atua também em ambientes instáveis.
Assim é a organização sem fins lucrativos Palhaços Sem Fronteiras (PSF), que utiliza essa poderosa ferramenta, o riso mesmo, para criar pontes afetivas por onde passa.
Atuam diretamente com espetáculos de palhaçaria e números circenses em ambientes instáveis como acampamentos de refugiados, guerras, desastres ecológicos e lugares que sofrem com exclusão social, transcendendo barreiras, sejam elas culturais, religiosas, políticas ou de idiomas.
Como surgiram?
Tudo começou em 1993, com o artista catalão Tortell Poltrona, que foi convidado a realizar uma expedição no campo de refugiados de Veli Joze (Savudrija), na Croácia, junto a um coletivo de educadores que desenvolviam um programa pela paz nas escolas da Catalunha e mantinham contato com escolas antigas da Iugoslávia, uma região que na época, passava por situação de guerra.
Essa experiência e a de outros artistas ao redor do mundo com trabalhos similares, uniram objetivos em comum e fortificaram ações a fim de melhorar situação psicológica e emocional de populações durante e após conflitos. Em 2012 a necessidade de unificação deu origem ao Palhaços Sem Fronteiras Internacional – Clowns Without Boders International (CWBI), sediado na Espanha e composto atualmente por 14 países, incluindo o Brasil – o primeiro país da américa latina a fazer parte da entidade internacional desde 2016.
O Sesc Bom Retiro perguntou para os artistas do PSF como o circo e a palhaçaria podem atuar a serviço dos direitos humanos e mais alguma situação vivenciada que gostaria de compartilhar conosco.
“O riso é a ferramenta mais acessível a todos os seres humanos, independente da condição social. Acredito que o Riso transforma e que a imaginação é capaz de construir novas possibilidades de futuro para quem se encontra em situações vulneráveis. O circo e a palhaçaria são ferramentas para que pessoas tenham acesso a esse direito básico de sorrir e que crianças possam brincar, mesmo nas situações mais adversas do planeta. Levando em consideração à importância do riso no suporte da regeneração socioemocional, a figura da palhaça e do palhaço tem grande valor no que diz respeito a conectar as pessoas, promover caminhos de reflexão e promover encontros a partir do autoconhecimento, o que gera a possibilidade de uma pessoa ouvir, respirar, compreender, ser responsável, comprometida e solidária, a fim de criar um relacionamento saudável, atencioso e pacífico consigo mesma e com os outros.”
Aline Moreno (Palhaça Donatella) atua no PSF desde 2016
“Em 2022, fizemos a segunda edição do projeto JAPUKA – Riso para todos, lá no Mato Grosso do Sul, da região de Dourados. Nosso foco era atuar para crianças das comunidades indígenas guarani e kaiowá, além de crianças dos bairros mais vulneráveis da cidade. Numa das atividades, fomos até uma área de reserva onde havia uma comunidade com indígenas das duas etnias que citei e também indígenas terena. Era um local de difícil acesso pela estrada de terra, especialmente naquele período de chuva em que estávamos ali e, por causa dessas características, precisamos remarcar algumas vezes a apresentação. Quando chegamos, logo na entrada, percebi uma área queimada ao lado, uma queimada muito recente e muito próxima às casas das pessoas. Pensei que fosse uma queimada controlada, realizada pelos próprios indígenas que moravam ali, como uma técnica de agricultura que nos disseram que alguns deles praticavam na região. As pessoas foram chegando e logo fizemos uma roda, com banquinhos nas beiras para que pudessem assistir. Num primeiro momento, demoraram para interagir conosco, não sei se pelo idioma ou por qualquer outra razão, mas, depois de muita palhaçada, estávamos todos brincando juntos. Não era muita gente, talvez não tivesse nem 30 pessoas, incluindo nossa equipe de 7 artistas. Mas virou uma coisa linda mesmo, das senhoras e crianças rindo do palhaço ao mesmo tempo, ou da palhaça, se encantando com a menina que jogava uma mesa para o alto só com os pés e muitas bobeiras mais. Soubemos, depois, que eles chamaram a família inteira para assistir, gente que morava longe dali até. Soubemos também que eles quase precisaram cancelar a apresentação porque aquela queimada que eu estava contando antes tinha sido criminosa. Felizmente, ninguém se machucou e o fogo foi controlado a tempo de não atingir outras casas. Felizmente também, conseguimos ir lá no dia seguinte ao dia do fogo, conseguimos ser gente de fora que foi lá só para brincar juntos, para rir juntos, para compartilhar um momento de alegria e diversão. E fomos muito bem recebidos! Nem queriam que fôssemos embora, queriam que ficássemos para o jantar, para o dia seguinte, para a festa que teria no outro mês… Logo, logo voltaremos!”
Tetê (Palhaça Purezempla), no PSF desde 2018No Sesc Bom Retiro tem Palhaços Sem Fronteiras no mês de julho!
MEMORÁVEL: HISTÓRIAS NOTÁVEIS
Dir: Cristiane Paoli Quito
Domingos, às 12h | Até 28/7
Terça (feriado), às 12h | 9/7
Ingressos | Livre
— Grátis para crianças até 12 anos —
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SERENATAS SEM FRONTEIRAS
Domingo, às 16h | 14/7
Grátis | Livre
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Quer saber mais sobre os PALHAÇOS SEM FRONTEIRAS? Acesse palhacossemfronteiras.org.br
Espetáculo foi destaque no Sesc Bom Retiro
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