Fernanda e Cézar Sant’Anna | Foto: Arquivo pessoal
“Na escola me apresentei como pai e informei que também seria a mãe. Falei diretamente com a professora, contei minha história, expliquei que o diálogo com minha filha foi sempre muito aberto e que ela já tinha acesso ao universo da diversidade LGBTQIA+.”
Cézar nasceu Beatriz, a quarta filha de uma família de três meninos. Uma menina que sempre se considerou nada “feminina”. Aos 18 anos ficou grávida do namorado, juntos cuidavam da casa e da filha, Fernanda. O relacionamento acabou, mas continuaram amigos.
Cézar, ainda Beatriz, se percebeu como uma mulher, cisgênero* e lésbica. Começou a viver nessa configuração por algum tempo. Mesmo assim se via como uma pessoa deprimida, sem posicionamento e sentia um desconforto que não sabia explicar. Até o momento em que houve uma grande repercussão na mídia sobre pessoas transgêneras**, foi então que leu mais sobre o assunto e se entendeu como homem.
O primeiro passo foi se assumir. O segundo, foi contar para a filha, que na época tinha 9 anos. Falou sobre padrões de gênero, sociedade, as mudanças que ocorreriam em seu corpo, na sua voz e no seu nome, além do comportamento que mudaria com a transição. Fernanda respondeu: “Você faz tudo o que eu preciso para ser feliz, então precisa ser feliz também.”
Hoje, Cézar Sant’Anna, 30 anos, trans, estudante de direito e pai de Fernanda de 12 anos, fala que curou um problema da alma, e que curando esse problema ganhou forças para resolver outros problemas em sua vida.
“As pessoas perguntam se a minha filha me chama de mãe ou de pai, ela me chama dos dois. Eu posso ser O mãe da minha filha. Acho que mais importante do que como ela me chama é a relação que a gente tem.”
“Uma vez, na escola perguntaram pra ela como ela consegue viver com uma pessoa como eu, ela disse: olha, meu pai não é um bicho de sete cabeças não, ele é uma pessoa normal.”
Em entrevista para a Revista EOnline, Cézar conta um pouco da sua história:
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* Cisgênero (Cis): indivíduo que se identifica, em todos os aspectos, com o seu gênero de nascença.
**Transgênero (Trans): indivíduo que se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído quando nasceu.
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