No Brasil, há diversas manifestações de cultura tradicional, que partem de comunidades em atividade e dialogam com o tempo presente e com todos os desafios da contemporaneidade. É neste cenário, que as tradições da cultura popular ao mesmo tempo em que são ameaçadas, retomam seu sentido.
Pensando nisso, o Sesc São Paulo apresenta o ciclo Percursos da Tradição – Encontros, Trocas e Aprendizados com a Cultura Popular Tradicional, que permite mais aproximação com estas manifestações, bem como a difusão da memória cultural de povos tradicionais que compõem a identidade nacional. Busca, ainda, a valorização, o reconhecimento e a revitalização das diferentes culturas e suas manifestações.
O ciclo, que acontece bimestralmente em diversas unidades do Sesc na capital, interior e litoral de São Paulo, consiste em encontros, apresentações, vivências e bate-papos com diferentes grupos, de várias regiões do país, inseridos em contextos sociais diversos, com intuito de ampliar a circulação e apreciação de outras narrativas, a convivência e o protagonismo das comunidades de cultura popular tradicional.
Abrindo o ciclo, o Sesc Itaquera (16/2), Campo Limpo (17/2) e 24 de Maio (23/2) recebem, o grupo Batuque de Umbigada, que por meio do batuque, do canto e da dança de umbigada, traz suas histórias passadas e recentes, seus valores e assuntos relacionados às tradições afro-brasileiras como: memórias do cativeiro, louvações, resistência, crítica ao racismo e a outras formas de opressão.
O batuque de umbigada, também conhecido como tambu ou caiumba, é uma tradição cultural afro-brasileira, de origem bantu, que nasceu no período escravista e foi gestada no Estado de São Paulo, na região do Oeste Paulista e, mantém-se viva e pulsante, principalmente nas cidades de Tiête, Piracicaba e Capivari.
A circulação começa com o Batuque de Umbigada, seguida pelo Congado (MG), Dança de São Gonçalo (SE), Jongo da Serrinha (RJ), Marabaixo (AP) e pelo Centro de Tradições Gaúchas Porteira do Rio Grande (RS).
Saiba mais sobre o Batuque de Umbigada
O que significa a umbigada?
Dentro da cultura bantu existe a visão de que o umbigo é a nossa primeira boca e o ventre materno a primeira casa, então, a umbigada celebra o momento único em que eles se tocam, um agradecimento ao dom da concepção, uma ação rápida e mágica, materializada através da dança.
O que é a origem bantu?
A matriz étnico-linguística bantu é composta por um conjunto de etnias que desfrutam de diferenças culturais e semelhanças linguísticas. A maior parte dos negros escravizados que foram trazidos para o Brasil era de etnias bantas. A extensão geográfica da presença bantu no continente africano é ampla, percorrendo boa parte da África subsaariana até o extremo sul do continente. Aqui no Brasil essa extensão ocorre de norte a sul, deixando ao longo do território traços dessa cultura, constituída por meio da resistência dos povos escravizados.
Outras tradições que herdamos da origem bantu:
• Jogos e danças: Capoeira, samba, jongo, caiumba, congada, maracatu.
• Palavras do nosso vocabulário atual: berimbau, cachimbo, machado, cochilar, dendê, moqueca, moleque, fubá, farofa, caçula, cafuné, quitanda, curandeiro.
• Alimentos cultivados e consumidos: jiló, maxixe, melancia, galinha d’angola, quiabo, azeite de dendê, feijão fradinho.
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