Árvores – foto: Paola Brunelli
Segundo o dicionário, biofilia é: “amor à vida; instinto de preservação, de conservação”. Exemplos cotidianos talvez sejam um modo mais simples de explicar o conceito: biofilia é aquela sensação de felicidade que você sente quando você está em um jardim verdejante, e sente o ritmo da respiração harmonizar com o ambiente à sua volta. É quando a gente fareja de longe o cheiro da terra sendo molhada lentamente por gotas de chuva, e o barulho da água vai aumentando, e tudo aquilo junto nos faz sorrir. É aquela emoção que sentimos quando olhamos fotos de animais, e apesar deles viverem do outro lado do planeta, desejamos ainda assim largar tudo que estamos fazendo para protegê-los, e logo depois, nos pegamos procurando passagens aéreas no google para nos envolvermos no preservação dos botos cor-de-rosa na Amazônia. Não se preocupe: é tudo natural, é a nossa capacidade de amar a natureza e a tudo que é vivo, ou seja, é apenas essa tal de biofilia.
Mas de onde será que vem esse sentimento? Será que as pessoas sabem onde nasce o carinho que sentimos pela natureza? No vídeo a seguir, fizemos esta pergunta para a Isadora, para a Anna, para a Ivanil e para Dona Cida:
Talvez seja uma característica nata, intrínseca aos seres humanos, visto que somos parte do planeta e tudo que acontece com a natureza está interligado conosco, reflete em nossas vidas e em nossos corpos, assim como o que fazemos reflete no planeta. Algumas pesquisas apontam neste sentido: somos programados geneticamente para amar a natureza. Mas porque será que algumas pessoas têm mais sensibilidade para esse amor e outras pessoas tem menos? Esse sentimento pode vir dos exemplos que recebemos em nossos círculos de convivência social e familiar. Crianças aprendem rápido a respeitar e proteger a natureza se os seus responsáveis dão o exemplo desde cedo. Elas provavelmente repetirão o mesmo padrão, igual acontece quando a gente aprende a comer arroz e feijão desde cedo, e a vida toda. Para grande parte das pessoas é normal continuar comendo, é natural. Ações educativas escolares que valorizam a percepção e a interação com o ambiente também reforçam a construção deste indivíduo mais consciente em relação à questões socioambientais. Definitivamente, para o bem de toda vida no planeta, e inclusive a nossa, a biofilia deveria ser contagiosa!
A educação é essencial para despertar e nutrir o amor à natureza. A transmissão de saberes e conhecimentos socioambientais para crianças, jovens e adultos pode fazer muita diferença, agora e no futuro. Essa é a missão do Centro de Educação Ambiental de Catanduva, CEA, que organiza ações educativas nas formas de demonstrações, palestras e oficinas, como se verá a seguir, no passeio pelo Jardim das Sensações com a responsável pelo centro, a Daiane, para descobrir plantas, cheiros, texturas e sons da natureza:
Estimular o brincar ao ar livre, a exploração e o descobrimento das crianças em áreas verdes, é um modo eficaz de nos conectar à natureza. A troca de conhecimento também é. Já reparou que ainda tem gente que acha que folha é sujeira? Nas cidades, é comum ainda a prática de retirada de árvores nas calçadas porque os moradores se queixam da “sujeira das folhas”. Os mesmos moradores que depois fazem queixas sobre o calor excessivo ou da falta de sombra pra estacionar o carro. Os pássaros que gostamos de escutar, que nos trazem paz e alegria, vêm por causa das árvores e seus frutos. Parece obvio mas vale reforçar que cimento armado não atrai passarinho, não absorve água do solo, nem sequestra carbono da atmosfera. Ainda resiste ao tempo também aquela ideia equivocada que criança deve permanecer “limpinha”, mesmo depois de um dia de brincadeiras. Isso é um conceito que desafia as leis da física; matematicamente ou racionalmente não é possível! Já viu um filme de Indiana Jones em que o herói estivesse limpinho? Pois bem, se crianças são seres tanto quanto exploradores (e são mesmo), elas também não conseguirão passar uma dia de aventuras sem deixar marcas em suas roupas. Criança tem que se sujar sim: Viva o direito de ficar sujo já!
Pular em poças de barro, balançar pendurado em galho de árvore, passar os dedos entre folhas de texturas diversas, fazer esculturas de galhos e folhinhas, inventar historinhas com as formas das nuvens, montar acampamento. Cheiros diversos, formas, cores, sons, comportamentos, ver os ciclos da natureza, entender seus ritmos….brincar ao ar livre traz uma série de descobertas, porque a própria natureza proporciona um fazer livre, divertido. É assim que as crianças vivenciam a natureza, é assim que elas aprendem sobre as relações ecológicas, e é assim que passam a respeitar a preservar aquilo que verdadeiramente conhecem e amam. Como nos contam o Augusto, a Laurinha, o Rodrigo e a Bia, crianças do programa Curumim e Esporte Jovem do Sesc Catanduva, aqui:
Com a oficina da composição de terrários fechados, o Sesc Catanduva deseja incentivar crianças, jovens e adultos a amar a natureza, e sensibilizá-los sobre seus ciclos e qual nosso papel diante das questões socioambientais, reforçando assim a importância da preservação do meio ambiente para a nossa própria sobrevivência.
Quer vivenciar a natureza no Sesc SP? Então vem, durante o ano todo, e especialmente neste mês: www.sescsp.org.br/ideiaseacoes
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