A primeira edição do “Omodé: Festival Sesc de Arte e Cultura Negra para Molecada” aconteceu entre os meses de junho e agosto no Sesc Bom Retiro. A programação visava enaltecer as culturas afrobrasileiras na relação com as várias formas de ser criança, além de reverberar a importância de se pensar coletivamente a ancestralidade, o antirracismo e a diversidade na infância através do convívio, do compartilhamento de saberes e da arte.
Entre as diversas ações desenvolvidas, uma série de bate-papos integraram a programação semanalmente ao longo dos meses. Sempre na Praça de Convivência, espaço aberto e central do Sesc Bom Retiro, diferentes vozes foram convidadas para debater temáticas que atravessam os universos das infâncias negras.
Além da importância das discussões ali estabelecidas com o público adulto, a presença das próprias crianças sempre foi estimulada através de vivências que ocorriam no espaço e também atravessavam o tema das negritudes.
Para reiterar o compromisso de estimular o pensamento coletivo através das questões fundamentais do Festival, confira neste artigo mais informações sobre os bate-papos, além do acesso aos áudios na íntegra, que fizeram parte da programação.
No dia 14 de junho, aconteceu o bate-papo “Valores Civilizatórios Afro-brasileiros e sua Importância na Infância”, com mestre Carlos Caçapava e Célia Cristo e mediação de Antonio Carvalho.
O bate-papo abordou o pensamento da intelectual negra carioca Azoilda Trindade sobre os valores civilizatórios afro-brasileiros na formação da identidade e na educação das crianças.
🔹 Célia Cristo: doutora em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da UNIRIO e coordenadora da Rede Carioca de Etnoeducadoras Negras (ReCEN).
🔹 Carlos Caçapava: percussionista, compositor, luthier, professor de percussão e pesquisador de ritmos e instrumentos afro-brasileiros.
🔹 Antonio Carvalho é mestre em História e educador de atividades infantojuvenis do Sesc 24 de Maio.
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Com Renato Noguera e Lili Almeida e mediação de Jerusa Machado Gomes, “Afetividades Negras e Infâncias” aconteceu no dia 21 de junho e debateu o desenvolvimento da afetividade entre as crianças negras e as pessoas de seu convívio, visando acolhimento e a construção de espaços seguros.
🔹 Renato Noguera é professor do Departamento de Educação e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
🔹 Lili Almeida é chef de cozinha e comunicadora baiana. Criou o AFRIKANBAHIA.
🔹 Jerusa Machado Gomes, atua como Educadora do Programa Curumim do Sesc Campo Limpo. Formada em Educação Física, Nutrição Esportiva e Infância, Educação e Desenvolvimento social. Atualmente, mestranda na FEUSP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo), com a pesquisa “Brincar na encruzilhada: crianças negras na roda de samba”.
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Encerrando o mês de junho, no dia 29, “Olhar para as Infâncias Negras: Desafios do Cuidar” debateu as práticas de cuidado que valorizam a singularidade de cada criança, seu contexto e suas potencialidades, em uma sociedade que naturaliza o racismo e a violência. O bate-papo contou com a participação de Tiganá Santana, Janaína Costa e mediação de Antonio Carvalho Costa.
🔹 Janaína Costa é mestra em História pela Pontificia Universidad Javeriana de Bogotá e desenvolve o podcast Quadro de Empregada. É também ativista e produtora de conteúdo com o perfil “Ela é só a babá”, no Instagram.
🔹 Tiganá Santana é compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor musical, diretor artístico, curador, pesquisador, professor e tradutor.
🔹 Antonio Carvalho é mestre em História e educador de atividades infantojuvenis do Sesc 24 de Maio.
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No dia 5 de julho, o bate-papo “O Corpo Negro Educador” trouxe Kiusam de Oliveira, Thiago Elniño e mediação de Ana Carolina Alves de Toledo para abordar o papel do corpo negro como educador, a importância da sua presença e do seu protagonismo, além das possibilidades e dos desafios de uma educação antirracista que valorize e respeite a diversidade étnico-racial.
🔹 Kiusam Regina de Oliveira é doutora em Educação e mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Pedagoga, escritora, artista multimídia, arte-educadora, bailarina, coreógrafa e contadora de histórias.
🔹 Thiago Elniño é pedagogo, educador popular e importante nome do rap brasileiro.
🔹 Ana Carolina Toledo mestra em Dança Negra (UNESP), especialista em Corpo: Dança, Teatro e Performance pela Escola de Teatro Célia Helena, monitora de Esportes no Sesc 24 de Maio.
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Com Thiffany Odara, Luciana Viegas e mediação de Dulci da Conceição Lima, o encontro “Maternidades Negras” aconteceu no dia 12 de julho e debateu a construção do papel da mãe negra na sociedade e a maternidade como um espaço de resistência, afeto e aprendizado diante da necessidade de redes de apoio, do cuidado de si, da criação e da educação dos filhos.
🔹 Luciana Viegas é pedagoga, atua como professora da educação básica e da educação inclusiva. Criadora do perfil nas redes sociais Uma mãe preta e autista falando, é uma das idealizadoras do Movimento Vidas Negras com Deficiência Importam.
🔹 Thiffany Odara é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEDUC – UNEB) e especialista em Gênero, Raça e Sexualidade na mesma universidade. Autora do livro Pedagogia da Desobediência: Travestilizando a Educação.
🔹 Dulci Lima é doutora em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC e mestra em Educação, Arte e História da Cultura pelo Mackenzie. Também é bacharel em História pela USP e pesquisadora no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP.
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Para tratar sobre os desafios ainda existentes para a construção de relações étnico-raciais mais equânimes na sociedade brasileira, visando preparar um solo fértil de possibilidades para frutificar futuras ações, o bate-papo “20 anos da Lei 10.639” no dia 20 de julho, contou com a participação de Macaé Evaristo e Janaú, com mediação de Jussara de Paula Justino.
🔹 Macaé Evaristo é deputada estadual da 20° Legislatura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Graduada em Serviço Social, é mestre em Educação doutoranda pela UFMG.
🔹Janaú – Marajowara é poeta, artista-visual e educadora. Publicou os livros de poesia: Atlantida (Ed. Urutau), Verão Cinza (Ed. Primata), JANAU (ALA editorial) e Felina Abissal (Editorial Nosotros).
🔹Jussara de Paula Justino doutora em educação, musicista e arte-educadora. Educadora de atividades infantojuvenis no Sesc Araraquara.
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O último bate-papo de julho, no dia 26, abordou as “Paternidades Negras” com Thiago Ribeiro, Theo Brandon e mediação de Jailton Nascimento Carvalho. O debate focou na diversidade de experiências vividas pelos pais negros: a construção do seu papel na família e na sociedade, as questões relacionadas à educação e à formação das crianças e a paternidade como espaço de resistência e afeto.
🔹️ Thiago Ribeiro é tradutor e intérprete, fotógrafo, documentarista, pesquisador e ativista pelos Direitos Humanos. É embaixador do Instituto Jô Clemente, membro do Comitê de Acompanhamento da Política de Cotas de São Paulo e fundador do Instituto InvisibiliDOWN.
🔹️ Theo Brandon é técnico em Informática pelo Instituto Federal da Bahia (IFBA- Camaçari), graduando em Medicina pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Salvador) e diretor financeiro da Liga Acadêmica de Endocrinologia e Metabologia da Bahia (LAEMB-UNEB).
🔹️ Jailton Nascimento Carvalho é licenciado em Educação Artística pela UNESP e mestre em História da Educação pela USP, animador sociocultural no Núcleo Socioeducativo do Sesc Pinheiros.
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Abrindo o mês de agosto, no dia 2, aconteceu o bate-papo “Famílias Interraciais e Adoção” com Alyne Silva e Chenia d’Anunciação e Mediação Adriana Cruz Macedo. O encontro propôs uma reflexão sobre as experiências de famílias adoção e interraciais. A construção de uma família interracial por meio da adoção envolve questões sociais, culturais e emocionais.
🔹 Alyne Silva é psicóloga especializada em Maternidade pela Universidade de Araraquara. Pós graduada em Psicologia na saúde da Mulher pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Doula de parto. E há um ano e 8 meses, através da adoção, sendo a Mãe de Francisco, Vitória e Leandro.
🔹 Chenia d’Anunciação é pós-graduanda em enfermagem obstétrica, enfermeira, doula desde 2010, membra e fundadora do Coletivo Doulas Pretas, uma iniciativa pioneira no Brasil; idealizadora do curso Maternidades Invisibilizadas, mãe solo da Zaya e do Benjamim.
🔹 Adriana Cruz Macedo é assistente Técnica da Gerência de Ação Cultural do SESC SP. Jornalista pela Faculdade Cásper Líbero, bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo e pós-graduada em Gestão Cultural pelo Senac, trabalha há 12 anos no Sesc SP na curadoria e programação de artes cênicas. É mãe solo por adoção tardia interracial.
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No dia 9 de agosto recebemos Vovó Cici de Oxalá e Nego Bispo, para o bate-papo “Infância Negra: família e comunidade“, com mediação de Fabiano Maranhão. Os presentes puderam acompanhar um debate papel da familia e da comunidade na formação da identidade e na experiência das crianças negras, com reflexões sobre temas como a educação e a formação das crianças e os espaços de resistência, aprendizado e acolhimento.
🔹 Vovó Cici é griot e Egbomi no Terreiro Ilê Axé Opó Aganju. Conhecedora da cultura afro-diasporica, participou de exposições recentes como: Hu: minha alegria atravessou o mar, Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), Rio de Janeiro, 2022; e Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio (MAR), 2021
🔹 *Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo, formou-se com os saberes de mestras e mestres do Quilombo Saco Curtume, no município de São João do Piauí. Como liderança, atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (Cecoq/PI) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
* Antônio Bispo dos Santos, faleceu em 03 de dezembro de 2023
🔹 Fabiano Maranhão é Assistente Técnico da Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc São Paulo. Mestre em Educação e graduado em Educação Física, é pesquisador em Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras, Corporeidade Negra e Educação das Relações Étnico-Raciais. Faz parte do Projeto Brasil-África: Histórias cruzadas.
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Com Ellen de Lima, Lucilene Silva e mediação de Jackson Cruz Magalhães, no dia 16/8, aconteceu o bate-papo “Terreiros, Quintais e Brincar“. O encontro abordou a importância dos espaços onde as crianças negras brincam e como eles influenciam seu desenvolvimento. Além de trazer reflexões sobre a valorização e a proteção desses espaços, reconhecendo a riqueza das tradições e brincadeiras que fazem parte da cultura afro-brasileira.
🔹 Ellen de Lima Souza é graduada em Pedagogia, mestra e doutora em educação, tem pós- doutorado em Educação com focos nas infâncias. Integra o Núcleo de Estudos da Infância na UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro e coordena o grupo de pesquisa LAROYÊ – Culturas Infantis e Pedagogias Descolonizadoras.
🔹 Lucilene Silva é mestre e doutoranda em Música, é pesquisadora do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. Coordena o Centro de Cultura Infantil da Oca Escola Cultural. Integra a equipe gestora da Casa Redonda – Centro de Estudos e é educadora do Instituto Brincante.
🔹 Jackson Cruz Magalhães é agente de educação ambiental no Sesc São Paulo. Biólogo, é mestre em Sustentabilidade e doutorando em Antropologia Social.
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Para tratar sobre políticas públicas voltadas às crianças negras, seus direitos e sua saúde, no dia 23/8 aconteceu o bate-papo “Políticas, Direitos e Saúde nas Infâncias Negras“. Com Viviana Santiago, Maria Ribeiro e mediação de Melina Barbosa da Silva, a discussão discutiu sobre temas como o acesso à educação e à saúde, a construção de políticas inclusivas e o papel da sociedade na garantia dos direitos das crianças negras.
🔹️ Viviana Santiago é pedagoga e consultora em diversidade, inclusão e sustentabilidade. Atuou em organizações internacionais de promoção de direitos de crianças e adolescentes. Feminista, participa de encontros sobre os temas de antirracismo e comunicação não violenta.
🔹️ Maria Ribeiro é cientista social, mestre e doutora em Comunicação e Semiótica. É professora no Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades (FFLCH/USP) e na Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (COGEAE/PUC-SP).
🔹️ Melina Barbosa da Silva é bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo. Coordenadora do setor de Programação do Sesc Vila Mariana, atua nas áreas de diversidade cultural e direitos humanos.
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Em 30 de agosto, o último bate-papo se deu com o debate sobre produções artísticas e culturais voltadas para as infâncias negras: como elas colaboram para a construção da imagem sobre a infância negra e como podem desafiar estereótipos e preconceitos, promovendo uma visão mais ampla e respeitosa da diversidade cultural. Com Lucélia Sérgio, Salloma Salomão e mediação de Maíra Caroline Martins.
🔹 Lucélia Sérgio é atriz, diretora, dramaturga e arte-educadora. Cofundou a companhia de teatro negro “Os Crespos˜. Escreve e compõe o grupo curatorial da revista de teatro negro Legítima Defesa.
🔹 Salloma Salomão é compositor, educador, ator e dramaturgo. Doutor em História, atua como artista e educador no ensino superior. Cria e difunde pesquisa e música para teatro, dança e cinema.
🔹 Maíra Caroline Martins é educadora de Artes Visuais e Tecnologias no Sesc SP. Graduada em Letras e mestranda em Educação. Desde 2013 é cantora, compositora e vocalista do grupo Samba de Dandara.
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