Sesc Rio Preto traz filmes da década de 1920 para programação de cinema de abril

05/04/2022

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Em abril, a programação de cinema e vídeo do Sesc Rio Preto apresenta o projeto Cinema e Cidades: Lentes Modernistas, uma seleção de filmes da década de 1920, que traz para a tela a agitação das cidades, com seus veículos e máquinas industriais, cujo ritmo embalou as transformações estéticas das artes no Modernismo.

Serão cinco exibições de filmes que recriam a atmosfera do cinema mudo, com trilha sonora executada ao vivo e/ou comentários de especialistas, além de uma com projeção em 16mm. Participam do projeto: Tony Berchmans músico, compositor, pianista e criador do espetáculo audiovisual Cinepiano, Anselmo Mancini, músico, compositor e doutor em audiovisual e o cineasta Donny Correia. A programação será realizada de 6 a 20 de abril, com entradas gratuitas e retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência de cada sessão, nas bilheterias das Unidades do Sesc SP. 

Abrindo as exibições, o filme O Homem Mosca, de 1923, traz o burburinho de Los Angeles nesta época. Transitando entre comédia e drama, humor e romance, a obra narra a história de um homem do interior que se muda para a cidade grande com a esperança de ganhar dinheiro o suficiente para poder buscar a namorada e se casar com ela. Quando a garota aparece, ele finge ser o gerente geral do lugar onde trabalha e realiza uma perigosa ação para promover o estabelecimento e ganhar dinheiro para concretizar seus planos. A direção é de Fred C. Newmeyer, codireção do roteirista Sam Taylor e atuação de Harold Lloyd.

Com projeção em formato de 16mm, a atividade ainda conta com a execução de trilha sonora ao vivo durante a exibição, feita pelo músico Tony Berchmans.

O Homem Mosca. Foto : Divulgação

Dia 6/4, quarta, às 19h30. Grátis. Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência. Livre.

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De acordo com a técnica de programação Ana Paula Dias, responsável pelo projeto, “para além das exibições, o Sesc Rio Preto oferece uma experiência diferente do cinema, a sessão de abertura praticamente reproduz o que existia na época, um projetor de 16 mm, o filme em rolo, com reprodução em um teatro, o que é um acontecimento super importante, pois na época não existia sala exclusivas para as projeções, o cinema foi tomando o espaço dos teatros, pois era o ambiente em que era possível fazer essas exibições. É bem emblemático exibir os filmes no teatro!” 

Já o segundo filme do projeto, “São Paulo: Sinfonia da Metrópole” apresenta a cidade de São Paulo no final da década de 20. A lente objetiva dos diretores húngaros Adalberto Kemeny e Rodolfo Lustig, donos de um dos melhores laboratórios de cinema da época, tece uma narrativa de culto à modernidade, mostrando uma São Paulo semelhante às maiores metrópoles mundiais e em constante progresso. A obra inspira-se no clássico “Berlim – Sinfonia da Cidade (1927)”, para trazer o romance da cidade, seu urbanismo, a labuta diária da grande massa anônima, moda, monumentos públicos, industrialização, fatos históricos, expansão do café, educação e o burburinho do cotidiano.  

A exibição, em cópia digitalizada, conta com os comentários de Donny Correia, poeta, cineasta, mestre e doutor em Estética e História da Arte pela Universidade de São Paulo (USP). 

São Paulo: Sinfonia da Metróploe. Foto : Divulgação

Dia 13/4, quarta, às 20h. Grátis. Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência. Livre.

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Um dos grandes destaques da mostra é a exibição do filme “Um homem com uma Câmera”, do diretor russo Dziga Vertov. 

O filme acompanha uma cidade na União Soviética da década de 20, do dia até a noite, retratando cenas do cotidiano na Rússia e celebrando a modernidade da cidade. A exibição é acompanhada de música composta e executada ao vivo pelo compositor, mestre e doutor em audiovisual Anselmo Mancini

Filmado por um período de três anos e extremamente inovador para a época em que foi lançado, em 1929, o filme ficou famoso por apresentar para o público todos os tipos de técnicas de câmera possíveis até então, entre elas dupla exposição, câmera acelerada, câmera lenta, quadros congelados, telas divididas, close-ups extremos, filmagem de trás para frente e animação em stop motion.  

Embora pareça se passar em uma única cidade, o filme foi filmado em Moscou, Odessa, Kharkiv e Kiev, quando estas três últimas faziam parte da União Soviética, mas que, hoje, integram o território da Ucrânia. Preocupado com a forma como o filme seria recebido e que ele poderia ser destruído pelos censores do governo, o diretor Dziga Vertov enviou mensagens para o Pravda, principal jornal da União Soviética, para tentar explicar as intenções do filme e sua posição anticonvencional contra o cinema regular, uma tática que deu certo e criou um maior interesse pela obra. 

Um homem com uma câmera. Foto: Divulgação.

Dia 14/4, quarta, às 20h. Grátis. Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência. 12 anos.

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Para encerrar a programação, uma sessão dupla e com trilha sonora inédita, composta pelo músico Anselmo Mancini: Fragmentos da Vida (1929) e Veneza Americana (1925).

O primeiro, traz a história de dois vagabundos que vivem de pequenos golpes nas ruas da crescente São Paulo. Um deles, quando mais jovem, presenciou a morte de seu pai, um operário trabalhador da construção civil, que caiu de um andaime. Antes de partir, o pai pediu ao filho que trilhasse o caminho da honestidade, entretanto, passado o tempo, o garoto, agora um vagabundo, procura ser detido pela polícia para não ter que passar o inverno nas ruas.  

O longa teve a direção de José Medina, um dos pioneiros do cinema paulista. Realizado com um baixo orçamento, o elenco era composto de artistas amadores, “os protagonistas, Carlos Ferreira e Alfredo Roussy, trazem a experiência do teatro amador, enquanto que Áurea Auremar, realiza sua primeira interpretação. 

Fragmentos da Vida. Foto: Divulgação

Já na segunda sessão, Anselmo Mancini cria uma nova versão de Veneza Americana, um documentário que mostra as obras e a infraestrutura da cidade de Recife no segundo aniversário da administração de Sergio Lorêto, governador do Estado. O porto de Recife, que a partir de 1922 passa a ser dependência direta do Estado, os armazéns, alguns ainda em construção; o cais, capacitado para receber navios e o trabalho nas pedreiras de Comportas, de onde são extraídas as pedras para as obras do porto. O filme foi dirigido Ugo Falangola e por J. Cambière, pioneiros do cinema mudo brasileiro e que juntos, fundaram a produtora Pernambuco Film no início dos anos 1920. À frente dela, realizaram uma série de documentários sobre a capital pernambucana.   

Veneza Americana. Foto: Divulgação.

Dia 20/4, quarta, às 20h. Grátis. Retirada de ingressos com 30 minutos de antecedência. Livre.

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Além de integrar o projeto Cinema e Cidades: Lentes Modernistas, esta programação também faz parte da ação Diversos 22: Projetos, Memórias e Conexões, realizada pelo Sesc SP desde setembro de 2021, com vistas a comemorar, refletir, lidar e problematizar as representações do Centenário da Semana de Arte Moderna e Bicentenário da Independência do Brasil. Ela acontece em todas as unidades do Sesc no Estado de São Paulo até dezembro desse ano, com atividades em diversos formatos e linguagens como seminários, cursos, programas musicais e audiovisuais, exposições artísticas e documentais, espetáculos, publicações e reedições de obras literárias.

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