Sesc São Paulo apresenta Mostra de Cinemas Africanos com estreias nacionais

05/09/2024

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Abderrahmane Sissako, um dos cineastas do continente africano mais consagrados pela crítica internacional, estará presente na abertura para apresentar seu longa “Black Tea: O Aroma do Amor”, e também participa de uma masterclass no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.

A 7ª edição da Mostra de Cinemas Africanos acontece de 11 a 18 de setembro no Cinesesc e apresenta 16 longas e 4 curtas de 14 países do continente africano, com vários títulos inéditos no Brasil, além de uma programação especial sobre a exploração colonial, violência e epistemicídio que marcaram a história de países do continente. A presença de convidados africanos também se mantém na programação com debates pós sessão.

A abertura, estreia no Brasil, conta com a presença do diretor do longa “Black Tea: O Aroma do Amor” (2024), Abderrahmane Sissako, um dos cineastas do continente africano mais premiados no mundo. O filme conta a história de uma jovem da Costa do Marfim que se apaixona por um homem chinês mais velho, após emigrar para a Ásia. Nascido na Mauritânia, Sissako é conhecido por filmes que exploram a globalização e o deslocamento, com várias premiações em festivais internacionais. Com apoio da Embaixada da França no Brasil e no Senegal, o cineasta estará presente no festival e participa de uma masterclass no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. 

Outro destaque deste ano é o conto senegalês “Banel e Adama” (2023), da franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, que acompanha um jovem casal de uma pequena aldeia confrontado pelas convenções da sua comunidade. O filme, que já chegou despertando atenção e concorrendo à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023, foi exibido no Festival do Rio no ano passado e tem sua pré-estreia comercial no Brasil na Mostra de Cinemas Africanos. A diretora também vem a São Paulo para participar da Mostra. 

Entre os filmes estreantes no Brasil, que também contarão com a presença dos seus realizadores, estão a docuficção “Pirinha” (2024), da cabo-verdiana Natasha Craveiro, que apresenta a jornada de uma jovem lutando para libertar-se das masmorras de seu subconsciente e dos traumas de infância. Da África do Sul, o documentário “Banido” (2024), de Naledi Bogacwi, narra os acontecimentos em torno do filme “Joe Bullet” (1973), composto totalmente por pessoas africanas negras e banido pelo governo do apartheid. Já o nigeriano Dika Ofoma discute as complexidades das relações comunitárias e familiares em um contexto de tensão política no curta “Uma Segunda-Feira Tranquila” (2023). 

Direito à arte, à terra e ao luto 

Uma seleção de filmes que tratam da exploração colonial, racismo e epistemicídio integra um programa especial na Mostra de Cinemas Africanos 2024. Com curadoria de Ana Camila Esteves, Gabriela Almeida e Emi Koide, esta sessão exibe curtas e longas documentais que tematizam, de diferentes formas, o trauma e o luto da violência colonial e o direito à restituição de objetos, obras de arte e restos mortais. 

“A Sepultura Vazia” (2024), de Agnes Lisa Wegner e Cece Mlay, mostra os traumas do colonialismo e a luta das famílias para repatriar os restos mortais de seus familiares. Em “Nossa Terra, Nossa Liberdade” (2023), de Meena Nanji e Zippy Kimundu, mãe e filha quenianas investigam as atrocidades cometidas pelo governo colonial britânico contra o Quênia e seu povo. A “História de Ne Kuko” (2023), de Festus Toll, segue o ativista Mwazulu Diyabanza na luta pela devolução de objetos africanos mantidos em museus europeus. Dois filmes clássicos que também tratam do saqueamento e opressão colonial sobre obras de arte africanas fecham a programação: “As Estátuas Também Morrem” (1963), de Alain Resnais, Chris Marker, Ghislain Cloquet, e “Você me Esconde: A Colonização da Arte Africana no Museu Britânico” (1970), de Nii Kwate Owoo. 

A História de Ne Nuko (Foto: Divulgação)

Masterclass com Abderrahmane Sissako 

A Mostra de Cinemas Africanos também tem como missão difundir conhecimento, produzir conteúdo e promover o diálogo entre a produção audiovisual africana e brasileira. Nesta edição em São Paulo, o festival realiza uma Masterclass com o cineasta mauritano Abderrahmane Sissako, um dos maiores nomes do cinema africano contemporâneo, vencedor dos prêmios Cesar de melhor Direção, Roteiro e Filme, com “Timbuktu” (2015), além do Prêmio Especial do Juri, no Festival de Cannes, entre vários outros festivais. O evento é gratuito e acontece dia 12 de setembro, quinta-feira, das 10h30 às 13h, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, com mediação da pesquisadora brasileira Hannah Serrat, especialista na obra do cineasta. 

Na conversa, o público pode compreender como Sissako retrata experiências migratórias e diaspóricas em seus filmes, criando novas formas de identidade coletiva. A discussão também aborda como esses temas são construídos esteticamente nos enquadramentos, na mise-en-scène e na montagem. Baseado na pesquisa de Hannah sobre a filmografia de Sissako, este encontro entre a pesquisadora e o realizador oferece uma análise profunda de uma obra que explora questões essenciais ao continente africano, como as complexidades em torno dos processos de deslocamento das pessoas africanas no mundo. 

A Mostra de Cinemas Africanos 2024 em São Paulo tem realização do Sesc São Paulo, idealização de Ana Camila Comunicação & Cultura e apoio cultural da Embaixada da França no Brasil e no Senegal. A curadoria de longas é assinada pela diretora e idealizadora da Mostra, Ana Camila Esteves e pela programadora senegalesa Ibee Ndaw

Dir. Abderrahmane Sissako (Foto: Chevié Link)

Mostra de Cinemas Africanos 2024  

11 a 18 de setembro

CineSesc (Rua Augusta, 2075) 
Ingressos para os filmes: R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia), R$ 8,00 (credencial plena);  

Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar) 
Masterclass com Abderrahmane Sissako e mediação de Hannah Serrat
12/09, quinta-feira, das 10h30 às 13h 
Grátis. Inscrições no site ou no app Credencial Sesc SP
Tradução simultânea FR-PT

sescsp.org.br/cinemasafricanos

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