O quanto da gente não ficou lá dentro daquele último show que assistimos no Sesc e uma outra parte ainda presa na expectativa dos shows que ainda queremos ver?
Em tempos de reestruturar para onde vamos daqui pra frente, sabemos que o estado das coisas se modifica bastante quando somos arrebatados pela música. Ainda mais quando essa música nos suscita boas memórias. Foi assim que em 2017 surgiu o Sessões Selo Sesc, cuja fonte está na programação musical do Sesc em São Paulo e a diversidade sonora encontrada nas suas unidades. Se tratam de registros musicais, mixados e masterizados em formato digital e disponibilizados nas plataformas de streaming (Deezer, Spotify, Apple Music, Amazon Music, entre outras).
Gravar um disco já é uma tarefa um pouco árdua a muito músicos quando entram num estúdio, que dirá um disco ao vivo, ao sabor do desprendimento, da energia presente nos palcos e dos inevitáveis improvisos, mas mesmo assim, muitos aceitaram o desafio. A Orquestra Mundana Refugi, inaugurou o projeto reunindo artistas de todos os cantos do mundo, trazendo vivências e outras formas de se abordar a matéria musical, logo depois recebemos Siba e a Fuloresta, trazendo ciranda, coco de roda, maracatu de baque solto e outras manifestações tradicionais da música nordestina, após longos seis anos sem tocarem juntos. Seguimos com Metá Metá, Rashid, Bixiga 70, Rakta + Deafkids e, recentemente lançamos o encontro entre João Donato e Projeto Coisa Fina, no Sesc Pinheiros.
A novidade é que a partir de agora, tanto Sessões Selo Sesc como os próximos lançamentos do Selo Sesc contarão também com uma antecipação exclusiva na plataforma Sesc Digital. A partir desta sexta, 15/5, o público tem contato, em primeira mão com o Sessões Selo Sesc #8: Toada Improvisada – Jackson do Pandeiro 100 Anos, álbum digital gravado no dia do centenário do compositor paraibano, vulgo Rei do Ritmo, em 31 de agosto de 2019 no Sesc Santana.
Daqui em diante vai ser sempre assim: você escuta os lançamentos do Selo Sesc com antecedência no Sesc Digital!
100 anos de Jackson do Pandeiro
Em comemoração ao centenário de Jackson do Pandeiro (1919-1982), o violinista francês Nicolas Krassik, a cantora espanhola Irene Atienza e os brasileiros Junio Barreto, Silvério Pessoa, Mariana Aydar e Targino Gondim transformaram o repertório de cocos, rojões, sambas e frevos de Jackson em uma Toada Improvisada com releituras registradas ao vivo pelo Selo Sesc.
Ao lado do violão 7 cordas de Gian Correa, da sanfona de Cosme Vieira e da percussão de Kabé Pinheiro, o violino de Nicolas Krassik dá início à homenagem ao grande ritmista brasileiro. As clássicas “O Canto de Ema”, “Sebastiana” e “Meu Enxoval” ecoam embaladas em arranjos instrumentais, seguidas pela voz personalística de Junio Barreto nos forrós “Morena Bela” e “Tum, Tum, Tum” e no samba “Lágrima”. Logo depois, o sotaque flamenco da cantora espanhola Irene Atienza mostra como o Nordeste brasileiro se encaixa em todas as sonoridades, inclusive nas canções “Bodocongó”, “Forró de Surubim”, “Chiclete com Banana” e “Na Base da Chinela”.
Com uma relação quase hereditária com Jackson do Pandeiro, Silvério Pessoa revisita os frevos e a música da Zona da Mata nordestina, em “Um a Um”, “Papel Crepom”, “Cabeça Feita” e “Micróbio do Frevo”. Na sequência, o toque de forró, samba e MPB de Mariana Aydar toma conta do disco com “Casaca de Couro”, “Capoeira Mata Um” e “A Ordem é Samba”. O laboratório de encontros musicais segue com Targino Gondim, acompanhado de guitarra, baixo e bateria, em meio às melodias de “Amor de Mentirinha”, “Tem Pouca Diferença” e “O Canto de Ema”. Por fim, todos se juntam em uníssono para celebrar a “Cantiga do Sapo” e “Sebastiana”.
Com o time formado, as obras de Jackson do Pandeiro ganham canto, coro e som com um registro contemporâneo ao olhar do diretor artístico Alessandro Soares. “Revisitamos o vasto repertório de Jackson do Pandeiro, incluindo temas menos lembrados, com arranjos criados especialmente para o projeto. Esse disco é formado por camadas que unem texturas da música ibérica, elementos do jazz, sapateado com pisada de coco, a MPB atual e a tradição rítmica do Nordeste”, afirma Alessandro.
Considerado um dos grandes ícones da música nordestina, Jackson do Pandeiro atravessou fronteiras culturais durante os 62 anos de vida. Promoveu diálogos na MPB e influenciou artistas de diversos gêneros como Gilberto Gil, Alceu Valença, Genival Lacerda, Hermeto Pascoal, Chico Science, João Bosco, Guinga, entre muitos outros. A própria canção “Jack Soul Brasileiro”, de Lenine, mostra a força poética das misturas dos forrós sambados de Jackson. Assim como a célebre composição “Sebastiana”, que ganhou versões nas vozes de Gal Costa, Lucy Alves, Rastapé, Silvério Pessoa e Xuxa Meneghel. Enquanto a faixa Um a Um foi do coco ao pop-rock, em uma roupagem moderna dos Paralamas do Sucesso.
Ouça agora Sessões Selo Sesc #8: Toada Improvisada no Sesc Digital
Utilizamos cookies essenciais para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando você concorda com estas condições, detalhadas na nossa Política de Cookies de acordo com a nossa Política de Privacidade.