Identidade visual criada por Marcelo D’Salete para essa edição do Tecnologias e Arte em Rede
Com foco na valorização do protagonismo da pessoa negra no campo das artes visuais e das tecnologias, a ação Tecnologias e Artes em Rede: Tecnologias Negras oferece, em outubro, em todas as unidades do Sesc São Paulo, na capital, no interior e no litoral do estado, mais de 150 atividades, como bate-papos, encontros, cursos e oficinas
A terceira edição do Tecnologias e Artes em Rede mobiliza, no próximo mês, todos os 37 ETAs (Espaços de Tecnologias e Artes) das unidades do Sesc e busca dar visibilidade para a relação de artistas, cientistas, criadores, mestres populares e pesquisadores negros e negras (reunidos por meio de um mapeamento realizado esse ano) com as tecnologias ancestrais; as tecnologias digitais e contemporâneas; o afrofuturismo; as tecnologias invisibilizadas e de resistência; a estética, a crítica e a história da arte.
A programação completa será divulgada nos próximos dias em sescsp.org.br/ETAemRede
O professor, ilustrador e premiado autor de histórias em quadrinhos Marcelo D’Salete (1979) – que, aliás, ministra uma oficina na programação de outubro do Sesc Consolação – foi quem criou a identidade visual dessa edição do Tecnologias e Artes em Rede. “A proposta da ilustração“, conta Marcelo, “foi articular objetos, símbolos e conceitos antigos africanos com a tecnologia atual. Parte dos símbolos se referem aos Adinkra do oeste da África (Gana etc.) e aos Sona do nordeste de Angola. Em geral, os símbolos articulam graficamente ideias sobre conhecimento, sabedoria e ancestralidade. A tecnologia aparece em objetos do nosso cotidiano e também nas linhas que conectam cada elemento“.
Autor de HQs como Noite Luz (2008) e Encruzilhada (relançada em 2016), D’Salete conta que já havia estudado e trabalhado com esses símbolos (Sona e Adinkra) na elaboração de Cumbe (2014) – vencedora, no ano passado, do celebrado Prêmio Eisner – e de Angola Janga – Uma história de Palmares (2017): “Eles foram parte muito relevante para criação dos personagens e do universo cultural dos povos de origem africana no Brasil. Os desenhos Sona e Adinkra comportam um conjunto de dezenas de símbolos gráficos, acompanhados por provérbios e ensinamentos.“
A comunicação de conceitos e ideias por meio dos Adinkra será tema de cursos e oficinas – de light painting à gravura e à estamparia – em diferentes unidades durante a ação, que conta também com aulas de desenho de modelo vivo com corpos negros; bate-papos sobre machine learning, algoritmos e questões raciais; oficinas de moda afro-brasileira; expedições fotográficas e palestras sobre fotografia contemporânea africana; games, podcasts e muito mais.
Um bate-papo com a ex-diplomata brasileira Dulci Maria Pereira, que presidiu a Fundação Cultural Palmares e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, e com a física Sônia Guimarães, primeira mulher negra brasileira doutora em Física e primeira mulher negra brasileira a lecionar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), abre o Tecnologias e Artes em Rede: Tecnologias Negras na terça-feira, dia 1º de outubro, às 19h30, no Sesc Pompeia. A mediação é da youtuber Gabi Oliveira (DePretas).
O destaque, em outubro, para as Tecnologias Negras complementa os temas abordados nas duas edições edições anteriores da ação Tecnologias e Artes em Rede: As Mulheres e as Tecnologias, em setembro de 2018, e as Tecnologias Livres, em junho de 2019.
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