Tempos de Folhetim

23/03/2022

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Matéria gráfica
Acesse a galeria de ilustrações do Folhetim

EXPERIMENTO LITERÁRIO CONVIDA ESCRITORES A CRIAREM NARRATIVAS INÉDITAS DURANTE A PANDEMIA, ACOMPANHADAS DE ILUSTRAÇÕES ORIGINAIS INSPIRADAS NESSAS HISTÓRIAS
 

Houve um tempo em que a literatura ocupava os jornais. Um tempo em que a arte ganhava as páginas dos periódicos, em que as narrativas em prosa e poesia se organizavam de forma ritmada e as leituras eram frequentes. Nas linhas publicadas, histórias marcadas por dramas cotidianos, terror e comédia, com finais nem sempre felizes. Tempos de folhetim.

Mas o tempo também pode ser agora, pois ele se reinventa e carrega a essência e a potência das narrativas que vieram antes, com a vivência e o pulsar de hoje, mas sempre com olhar para o futuro. A perspectiva de fazer com que o saber literário se faça presente no dia a dia inspirou o projeto Folhetim, criado pelo Sesc Pompeia [leia o depoimento Experiência literária em tempos de isolamento, a seguir]. Escritores brasileiros foram convidados a produzir textos inéditos, narrativas divididas em seis episódios e disponibilizadas semanalmente na internet, pela plataforma Medium.

Para além de uma viagem da escrita, o projeto traz ilustrações originais, pensadas para cada episódio e assinadas por artistas convidados. “Acredito que o projeto, de certa forma, é uma ligação entre a linguagem digital e os formatos clássicos dos antigos folhetins. É uma forma muito bacana de apresentar a profusão de estilos literários, escritores e ilustradores“, afirma o escritor Ricardo Terto, que realizou o experimento literário Coisas que viram fumaça.

Nas próximas páginas desta matéria Gráfica, é possível passear o olhar por algumas das ilustrações que deram traços e cores para cada uma das narrativas publicadas. Conheça: folhetimsescpompeia.medium.com.

Carol Itzá. Para o texto Peixe fora d’água com banzo, de Elizandra Souza

Experiência literária em tempos de isolamento

Por Soraya Idehama, programadora do Sesc Pompeia
 

Você já ouviu dizerem que leitura precisa de um lugar silencioso? Ou que escrever é um ato solitário? Nada mais pertinente do que usar o isolamento que a maioria das pessoas vivenciaram e propor a escritoras e escritores a criação literária em tempos de pandemia e às leitoras e leitores a experiência de uma leitura produzida com um curto intervalo entre sua criação e o momento em que será lida. E assim foi feito. Inspirado no movimento homônimo das narrativas literárias dos séculos 19 e 20, Folhetim foi criado com a vontade de experimentar. Experimentar novos suportes para leitura, uma escrita em tempos de isolamento imposto e muitas possíveis histórias.

A partir desse desafio, uma curadoria percorreu o maior número de caminhos possíveis, oferecendo diversidade de escritas, de escritoras e escritores, de estilos, de narrativas e de formatos. As únicas regras foram: quantidade de caracteres (pois há um limite da plataforma escolhida) e uma narrativa em seis capítulos, publicados semanalmente. Como resultado, histórias que poderiam ser contadas em forma de romance, novela, cordel.

Para complementar essa aventura literária de forma imagética, pedimos para que cada autora e autor indicasse um ilustrador. Isso porque apostamos na total liberdade de criação para que, na escrita ou na imagem, a provocação que a narrativa buscasse causar estivesse sempre alinhada com quem a tivesse criado.

São histórias que podem ser lidas por meio de palavras e imagens que trazem ao público o contato com os mais diversos estilos literários e criações nas artes visuais. Tivemos Ricardo Terto, Conceição Evaristo, Aline Bei, Luiz Ruffato, Elizandra Souza, Ferréz, Clara Averbuck, Daniel Galera, Jarid Arraes, Natália Borges Polesso, Fabio Kabral, Eliana Alves Cruz, André Vianco, e Sheyla Smanioto.

Em abril, teremos Daniel Munduruku e mais um monte de histórias bacanas para ler e apreciar em 2022. Sempre é tempo de Folhetim. E, toda semana, você poderá acompanhar um novo episódio dessa história.

A edição de março/22 da Revista E está no ar!

Nas páginas deste mês, você conhece o projeto “Infindável Viagem: Takeo Sawada – artista, educador” (imagem de capa), composto por ações no Sesc Thermas de Presidente Prudente e no Sesc TV.

Além disso, a revista de março traz outros destaques, como a exposição “DARWIN, O ORIGINAL”, do Sesc Itaquera; um levantamento que, no mês da mulher, apresenta as ruas da capital paulista que homenageiam personalidades femininas; um depoimento dos jornalistas Tatiana Vasconcellos e Nando Andrade sobre sua rotina no rádio; um perfil da diva Elza Soares (1930-2022); uma reportagem sobre iniciativas que mostram a força de uma economia baseada na solidariedade e na coletividade; um passeio pelas ilustrações criadas para o experimento literário Folhetim, do Sesc Pompeia; uma entrevista com o economista Marcio Pochmann sobre modelos econômicos e o futuro da sociedade; e artigos que abordam os desafios do envelhecimento das pessoas LGBTQIA+.

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