Tudo o que aprendo com as juventudes

30/09/2024

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POR ANA CRISTINA AMAIA BATISTA

Leia a edição de OUTUBRO/24 da Revista E na íntegra

Depois de cinco anos imersa em ações dedicadas às infâncias, atuo, desde 2022, com o programa Juventudes, do Sesc São Paulo.  Se as crianças me mostraram o mundo pela curiosidade e descoberta, as juventudes vêm me ensinando o valor da inquietação, da busca por identidade e da constante transformação. Elas trazem uma pluralidade de olhares que desafiam percepções e ampliam minha compreensão sobre o que significa viver e resistir em um mundo em constante mudança. O aprendizado é diário e profundo, vai além de qualquer estrutura geracional. Suas vivências são moldadas pelos corpos que habitam, pelos territórios que ocupam e pelas experiências que carregam – todas únicas. Cada jovem é um universo singular, repleto de histórias, sonhos e desafios.  

Aprendi que as juventudes exigem um olhar atento, respeitoso e empático por parte da sociedade. Elas não querem apenas ocupar espaços; querem redefinir esses espaços com suas vozes, atitudes e formas de ser. E é nossa responsabilidade acolher esses movimentos, pois neles residem demandas por reconhecimento e justiça. Suas manifestações, sejam artísticas, políticas ou sociais, são reflexos de uma geração que não aceita o conformismo e nos convida a revisitar nossos conceitos de cidadania e pertencimento. Precisamos ouvi-las com seriedade, pois seus gritos de alerta apontam para questões que afetam a todos nós, mas que muitas vezes são negligenciadas. 

As juventudes são, também, porta-vozes de uma nova consciência. Elas nos lembram, com urgência, dos perigos da crise climática e da importância de construirmos cidades e ambientes mais saudáveis e receptivos. Em cada debate e ação, elas demonstram uma capacidade extraordinária de reimaginar o futuro – não como uma espera distante, mas como uma construção do presente, feita aqui e agora. Nos desafiam a ver o mundo com novos olhos, com a clareza de quem entende que a transformação não pode mais ser adiada.   

Esse processo de aprendizado mútuo não é apenas enriquecedor para o meu trabalho, mas essencial para o avanço de uma sociedade que precisa de novos paradigmas. As juventudes são o presente pulsante que exige ser ouvido, valorizado e respeitado.  

A prática da alteridade também é fundamental para a relação entre o universo adulto e as juventudes. Enxergar os jovens a partir da alteridade significa abrir espaço para uma escuta genuína, na qual suas vivências são reconhecidas como próprias e válidas. Apenas através desse olhar respeitoso conseguimos criar um diálogo real e construir pontes entre gerações. 

A alteridade nos desafia a sair de nossos lugares de conforto e a nos colocarmos na posição de aprendizes. Quando vemos os jovens através desse prisma, percebemos que suas inquietações e sonhos são expressões legítimas de um desejo de transformar o presente. Para que as juventudes possam exercer plenamente seu papel transformador e sejam respeitadas em sua diversidade, é essencial fortalecer ações sociais e criar espaços de acolhimento, diálogo e expressão, promovendo o desenvolvimento de uma consciência crítica e colaborativa que resulte em soluções criativas para os desafios contemporâneos.   

Por meio de programas como o Juventudes, o Sesc São Paulo oferece um ambiente acolhedor, seguro e plural, onde os jovens encontram ferramentas para explorar suas potencialidades, compartilhar suas inquietações e contribuir para uma sociedade mais alegre, reflexiva e equânime.  

Ana Cristina Amaia Batista é mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc. 

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