Enquanto Tarcísio participava de discussões sobre cinema independente, Linda ouvia atenta, quase ao lado, detalhes técnicos sobre arquivos musicais. Às 17h, ao final das duas aulas, os amigos comemoraram o encontro inesperado com um café e um lanche rápido: ela se preparava para assistir ainda a uma palestra sobre Oráculos ali mesmo; ele seguiria para outro curso de cinema, fora da unidade.
Cruzamos com a dupla de aposentados à mesa logo depois de tomar um café com o estudante Ítallo, dedicadíssimo aos estudos desde que decidiu tentar uma vaga para estudar fora do país. É na biblioteca, em meio a mais de 12 mil títulos, que ele tem passado várias horas do dia, focado nas provas de admissão no final do ano.
“É quase como uma universidade de cursos”, resume o biólogo Jair, quem encontramos logo em seguida, num cantinho de descanso. Havia poucos dias que ele tinha “descoberto” o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, mas a identificação com o espaço foi imediata. “Estou num momento da vida de decidir algumas coisas e encontrei aqui um lugar bom para pensar.” Pensar, estudar, escutar, conversar: são essas as tarefas com as quais ele tem ocupado as duas últimas semanas em que vem “bater cartão” no CPF.
Diferente de outras unidades do Sesc que se avistam de longe, o Centro de Pesquisa e Formação fica discretamente localizado entre os andares do edifício da Fecomércio SP. “Acho que a fachada do prédio dá uma intimidada, parece um hospital”, brinca Ítallo, que mora ali no mesmo bairro do Bixiga, que abriga o CPF desde 2014.
Se o prédio pode intimidar, o interior compensa em acolhimento. “Foi interessante pra mim a forma como esse espaço é muito livre. A gente chega e é quase como um abraço de recebimento: ‘fica a vontade, pode usar a sala de estudo, ali atrás tem lanchinhos'”, conta Érika, que terminava seu primeiro curso ali, sobre ecopsicologia.
Antes de ocupar todo o 4o andar da Rua Plínio Barreto, 285, o espaço era bem mais conciso. O Centro de Pesquisa e Formação surgiu em três salas do terceiro andar do Sesc Vila Mariana, onde o Curso de Gestão Cultural do Sesc começou a tomar forma.
De lá pra cá, o curso voltado à formação dos gestores públicos e privados do campo da cultura já formou mais de 250 profissionais, expandindo o saber-fazer acumulado nos mais de 70 anos de ação desenvolvida pelo Sesc, por meio de atividades de vivência, experimentação e produção de conhecimento.
Dessa experiência com a formação em Gestão Cultural, surgiram ainda os cursos de Gestão Cultural em Áreas Indígenas, Gestão em Cultura Digital e Gestão Cultural na perspectiva de Direitos Humanos.
Hoje, cerca de 1500 pessoas passam pelo CPF semanalmente, para participar dos mais diversos cursos e palestras com pensadores de destaque do Brasil e do mundo, para curtir as atividades culturais, ou simplesmente em busca de um cantinho silencioso para estudar. Além da biblioteca e das salas dedicadas aos cursos, seis salas de estudo ficam abertas ao público, de segunda a sábado.
“Faço mestrado em Antropologia, e uma das professoras me indicou esse lugar. Um bom lugar pra estudar e para escrever a dissertação. Aí tem um mês que eu comecei a vir”, conta Otávio, entre uma leitura e outra.
Diversidade de vozes, possibilidades de encontro e reflexão crítica são importantes pilares do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. Para conhecer mais sobre essa atuação nos campos da difusão do conhecimento, pesquisa e comunicação, assista ao vídeo:
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