Foto: Regina Moraes
Exposição “Retrato Social – Uma Experiência Fotográfica – Índia” tem fotos de Regina Moraes, e fica em cartaz no Sesc Carmo até 4/abril
Cidades como Agra, Jaipur e Udaipur, localizadas no norte indiano, entraram no roteiro da viagem que Regina Moraes, presidente da ONG Velho Amigo, fez ao país, em 2012. “Aprendi a agradecer pelas coisas simples da vida”, ela conta. Idosos, crianças e jovens casais inspiraram as 24 imagens que chegam ao Sesc Carmo no dia 7 de fevereiro, na exposição “Retrato Social – Uma Experiência Fotográfica – Índia”, com concepção e direção artística assinadas pelo ator Fabio Assunção.
A seguir, os melhores momentos da entrevista concedida por Regina Moraes, via e-mail, à EOnline:
EOnline: Você sempre teve vontade de conhecer a Índia? O que mais a atraía na ideia de viajar para lá?
Regina Moraes: Eu pensava, sim, em conhecer a Índia, mas nunca tinha parado para organizar uma viagem específica. Quando soube deste grupo de mulheres que iriam para lá, senti uma vontade enorme de fazer parte, mesmo sem conhecer nenhuma delas. Digo que foi um chamado (risos). Eu queria muito me aprofundar no lado espiritual e conhecer os templos de meditação.
EOnline: Por quais cidades passou? E quanto tempo ficou no país?
R.M.: Começamos a viagem em Delhi, passando também por Agra, Jaipur e Udaipur. O grupo ficou 12 dias, mas eu e uma das mulheres esticamos a viagem para passar 4 dias meditando no Himalaia, o que foi (diga-se de passagem) uma das melhores experiências da minha vida!
EOnline: O que mais a impressionou na Índia?
R.M.: Acho que a alegria deles, independente da pobreza, e o trânsito, que chega a ser engraçado. É uma loucura! Buzinas por todos os lados, vacas, camelos, elefantes, e no final das contas dá tudo certo!
EOnline: O que aprendeu com o povo indiano?
R.M.: A agradecer pelas coisas mais simples da vida.
EOnline: Como surgiu a ideia de realizar uma exposição com o material produzido nesse período?
R.M.: Como eu estava sozinha (com um grupo de pessoas desconhecidas), às vezes postava fotos nas minhas redes sociais, e dali surgiu um convite. Achei que era brincadeira, porque a pessoa era muito amiga minha. Quando surgiu o segundo convite, pensei “opa, acho que isto pode dar certo”!
EOnline: No total, tirou quantas fotos durante a viagem? Foi muito difícil fazer a seleção dessas imagens?
R.M.: Ah, devo ter chegado numas mil fotos, entre pessoas, paisagens e pores do sol… Mas optei por selecionar fotos de pessoas, porque os olhares me encantavam demais! São olhares maravilhosamente expressivos e sensíveis. Fiz uma pré-seleção, e o Fabio Assunção, nosso diretor artístico, filtrou novamente.
EOnline: As suas fotos retratam crianças, idosos, casais jovens… Quais características do povo indiano você queria captar quando fez as imagens?
R.M.: A alegria de viver, a amizade, e até mesmo sua introspecção e ingenuidade. O inglês usa o adjetivo “naïve”. Acho-o perfeito.
EOnline: Como se deu a parceria com a FASS Produções, do ator Fabio Assunção? Vocês já se conheciam?
R.M.: Conheci o Fabio quando ele fez a campanha do Projeto Velho Amigo em 2011. Desde então, a parceria tem dados bons frutos… A campanha ganhou prêmios de publicidade e estamos indo para nossa segunda grande exposição. Vale ressaltar que a campanha “Velho é o seu preconceito” foi totalmente pró-bono, desde sua criação feita pela DM9, a participação do Fabio, a edição da Cine e suas veiculações! Tudo 100% gratuito, uma verdadeira corrente do bem!
EOnline: Qual a importância do trabalho dele para o resultado final da exposição?
R.M.: Como o Fabio tinha dirigido a peça “O Expresso do Pôr do Sol”, e assinado a exposição fotográfica “Ponte dos Arcos”, achei que seu olhar seria perfeito para a concepção da minha exposição. Além do mais, precisava de alguém com a criatividade e a intensidade dele para transformar um sonho em realidade em apenas três meses.
EOnline: A cenografia e a iluminação da mostra “Retrato Social” também são cuidadosas. Você pode nos falar sobre elas?
R.M.: Os profissionais foram escolhidos pelo próprio Fabio. São dois gênios e pessoas deliciosas de se trabalhar. Tínhamos algumas referências, mas a arte de cada um deles foi tirar a ideia do papel e transformá-las em realidade. Ao Fabinho Namatame, coube transportar as pessoas para uma Índia enraizada e árida. O Caetano Vilela deu o tom da luz natural, rica em contrastes. Enfim, serei eternamente grata!
EOnline: Além de exposição, “Retrato Social” também é o nome de um projeto social. Pode nos falar sobre ele?
R.M.: O Retrato Social é uma empresa social que tem como missão transformar a cultura de doação no Brasil. Conhecemos as ONGs de perto e as validamos mediante a apresentação de documentações específicas e visitas. Tudo para que o doador sinta confiança em fazer a sua doação.
EOnline: De que forma a experiência na Índia se relaciona com sua história no terceiro setor (Regina atua como fundadora e presidente nessa área há 15 anos)?
R.M.: Na verdade, digo que a Índia foi uma inspiração. O Retrato Social já estava na minha cabeça, e lá eu consegui alinhar e organizar aquela porção de ideias que fervilhavam nos meus pensamentos. As fotos nada mais são do que retratos que trazem à luz essa sociedade esquecida pela grande maioria das pessoas. E é isto que o Retrato busca: dar oportunidade também para pequenas instituições que fazem trabalhos belíssimos e devem ser do conhecimento de todos.
EOnline: O que o público vai encontrar quando visitar a exposição? E o que você espera que as pessoas levem dessa experiência?
R.M.: Cada um tem a sua experiência e enxerga o que está dentro de si. Mas posso dizer, com certeza, que irão encontrar ali um ambiente onde cada profissional deu o melhor de si para fazer desta uma experiência única e transformadora. Que cada indivíduo saia realmente consciente das diferenças sociais que existem no nosso país, mas que ninguém mais finja não ver ou simplesmente vire as costas. O Retrato Social chegou para ficar e para mostrar quantos projetos bacanas e idôneos existem nesse Brasil afora!
o que: | Retrato Social – Uma experiência fotográfica – Índia |
quando: | 7/fevereiro a 4/abril |
onde: | Sesc Carmo |
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