Caixa de abelhas no meio da floresta
Por Alexandre Leopoldino*
Aproximadamente 250 quilômetros separam a capital São Paulo de uma das cidades conhecida por ser uma das mais antigas do Brasil. Cananéia, além desse reconhecimento, abriga uma série de pontos de interesse para aqueles que desejam se conectar com a natureza – seja na praia ou por visitas a parques e cachoeiras.
A cidade também é berço de iniciativas onde é possível encontrar ações sinérgicas entre humanos e natureza. Em busca dessas ligações, fui até o Sítio Bela Vista, onde aprendi um pouco sobre o sistema agroflorestal, criação de abelhas e ainda vi de perto a vivência de uma criança em um ambiente tão rico em biodiversidade.
O sítio, do produtor Clodoaldo Bernardo, tem como principal objetivo fortalecer e difundir o sistema agroflorestal, caracterizado pela recuperação de áreas degradas com o auxílio do plantio de árvores nativas, frutíferas e outras plantas. Toda a produção é caracterizada pela agricultura familiar e orgânica, onde a manutenção do espaço é realizada pela própria família do produtor e por trabalhadores locais, que compartilham seus conhecimentos sobre a terra e as vivências da própria região. O resultado das colheitas é então vendido em mercados locais, tornando-se -a principal fonte de renda do grupo.
Lá encontrei uma variedade enorme de frutos como a lichia, jabuticaba, chuchu, carambolas e, é claro, a juçara, a queridinha do Vale do Ribeira, com a qual se produz o palmito, fibras para artesanatos e uma espécie de “açaí” muito consumido na região.
Sementes de Juçara
O Bela Vista também é uma das casas do projeto SOS Abelhas Sem Ferrão, que há mais de dez anos realiza um trabalho de preservação das espécies nativas de abelhas sem ferrão, uma vez que elas são responsáveis por até 90% da polinização da vegetação nativa de alguns biomas. Jorge Diogo, policial civil aposentado e um dos líderes do projeto, apontou a urgência dessas iniciativas em espaços como agroflorestas e até mesmo cidades, uma vez que essas espécies garantem a variedade da flora local.
Abelhas sem ferrão
E quando se trata de agricultura familiar, é importante lembrar das crianças que vivem nas fazendas e sítios. No Bela Vista, conheci Júlia Bernardo, filha do Clodoaldo e da Suzete Bernardo. A menina de apenas dez anos me mostrou que crianças podem sim – e devem! – conhecer a natureza que as rodeiam e participar ativamente para a sua preservação.
Além de me apresentar um do pouco do sítio, demonstrando ter um riquíssimo conhecimento do local, ela literalmente colocou a mão na colmeia para me mostrar as abelhas, me surpreendendo positivamente com a sua coragem e alegria ao se conectar com a natureza.
Para além de conhecer de perto uma agrofloresta e a sua importância, conhecer crianças como a Júlia é fundamental para percebermos que a infância é sim um momento de se conectar com a natureza, correr riscos e construir conhecimentos para a vida. A partir do projeto Ideias e Ações Para Um Novo Tempo de 2018, o Sesc São Paulo aponta para a necessidade de se brincar com a natureza. Para saber mais sobre o projeto, acesse aqui.
Júlia, a nossa exploradora
*Alexandre Leopoldino é editor web do Sesc Registro
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