Vida de Paulo Vanzolini vai da ciência ao boteco em exposição no Sesc Ipiranga

23/08/2024

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A cidade de São Paulo teve alguns personagens peculiares e marcantes ao longo de sua história. Um deles era Paulo Vanzolini, zoólogo, compositor e bon vivant da noite paulistana, que estará em cartaz na exposição “100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio” no Sesc Ipiranga, de 29 de agosto de 2024 a 16 de março de 2025. 

Com curadoria de Daniela Thomas, a mostra com ambientes temáticos que resgatam sua trajetória foi idealizada pelos filhos, o diretor de arte e cineasta Toni Vanzolini e a psicóloga Maria Eugênia Vanzolini, para celebrar o centenário.

Em cinco salas, o Sesc Ipiranga apresenta as múltiplas versões de um homem excêntrico, rigoroso e boêmio. A Sala Paulo por Paulo traz o dom de contar boas histórias por meio de depoimentos em vídeo, frases emblemáticas e excertos de entrevistas documentadas ao longo de décadas.

A Sala Laboratório traz um recorte da rotina científica, apresentando a Teoria dos Refúgios, espécies em taxidermia e um painel explicativo de cubos giratórios para interação do público.

A Sala Expedição Amazônica propõe uma imersão na floresta, onde Vanzolini passou 20 anos estudando. A viagem continua na sala A Bordo do Garbe, que a partir do barco usado na jornada em busca de descobertas, entrelaça ciência, arte e cultura.

Na área externa foi colocada uma Kombi como instalação artística, para ilustrar as expedições terrestres através de fotografias e diários de bordo do cientista. 

Chegando à vida noturna que lhe rendeu participação em rodas de samba e chorinho, a Sala Boêmia reverencia um período peculiar da cidade, onde encontros rendiam verdadeiros legados para a cultura brasileira. Na cenografia, foi reproduzido um bar antigo, rodeado por fotografias e trilha sonora saudosa. 

O que você precisa saber sobre Vanzolini

A vida de Vanzolini tem alguns fatos marcantes. Formado em medicina e com doutorado em Zoologia, ele se dedicou a muitas aventuras por terra e água Brasil adentro em busca de catalogar espécies encontradas na natureza. As expedições renderam um acervo tão rico ao Museu de Zoologia da USP, onde Vanzolini ficou por 50 anos, que o tornou um dos maiores da América Latina. 

Paulo Vanzolini a bordo do Garbe, em expedição na Amazônia na década de 1960 
Crédito: Acervo da Família

O herpetólogo, especializado no estudo de répteis e anfíbios, chegou a aumentar o inventário da instituição de 1.200 para mais de 220 mil exemplares do tipo. A paixão veio da infância, durante uma visita no Instituto Butantan, e teceu toda a gama de afetos no trabalho de extrema dedicação, que rendeu ainda 15 espécies animais nomeadas em sua homenagem, como o lagarto Vanzosaura savanicola e a serpente Lygophis vanzolini. 

“Eu aprendi que o cientista, em primeiro lugar, tem de ser generoso. Não é importante ser o dono da ideia. O importante é que a ideia esteja à disposição de todo mundo. Se tenho uma coleção, tenho a obrigação de compartilhá-la com quem dela precise. Se tenho uma biblioteca, meu desejo é compartilhar os livros.”

Na carreira, Vanzolini contribuiu com estudos junto a outros nomes relevantes da área científica, como geomorfologista brasileiro Aziz Ab’Saber, e em conjunto com o herpetólogo americano Ernest Williams, além de atuar também junto a artistas. 

Entre os amigos que cultivou, alguns estavam na área das artes plásticas e deram suas contribuições para os trabalhos envolvendo Vanzolini. Teve a participação do ilustrador Aldemir Martins, e dos artistas José Cláudio e Arnaldo Pedroso d’Horta, em sua expedição pela Amazônia, que revelou grandes percepções acerca da biodiversidade tropical. 

Outra faceta não menos importante de Vanzolini era a de compositor. No tempo livre, gostava de escrever e chegou a compor mais de 70 canções, interpretadas por artistas como Chico Buarque e Maria Bethânia. É dele até mesmo um verso que virou jargão: “levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima”, presente no samba “Volta por Cima”. 

Apaixonado por São Paulo, foi um cronista urbano, de olhar atento, se entrelaçando com seus bares e sua gente. Do Cambuci ao Ipiranga, do Brás ao Centro, Vanzolini deixou sua marca feito um copo gelado de cerveja carimbando a mesa em dia quente. 

SERVIÇO 
100 anos de Paulo Vanzolini, o cientista boêmio  
Abertura em 28 de agosto, às 19h 
Visitação: de 29 de agosto de 2024 a 16 de março de 2025 
Terça a sexta, das 9h às 21h30. Sábados, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 10h às 18h30. 
Recursos de acessibilidade: videolibras, audiodescrição, leitura ampliada e em braile, reproduções, mapa e pisos táteis e legendagem. 
Agendamento de grupos: agendamento.ipiranga@sescsp.org.br 
Entrada gratuita e livre a todos os públicos. 

SESC IPIRANGA  
Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo. 
Horário de funcionamento da unidade: Terça a sexta, das 7h às 21h30. Sábados, das 10h às 20h Domingos e feriados, das 10h às 18h30.  
Para informações sobre outras programações, acesse o portal sescsp.org.br/ipiranga e nos acompanhe na rede social instagram.com/sescipiranga

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