Um instrumento singular e marcante na memória dos interiores do Brasil, a viola caipira marca a nossa história musical desde a colonização portuguesa. Sua presença em diversas esferas geográficas do país lhe confere não apenas variações de afinação como outras denominações: viola sertaneja, nordestina, cabocla e até mesmo brasileira.
Oriunda da cultura árabe e descendente do alaúde, chegou a Portugal com a ocupação dos mouros na península Ibérica por volta do ano 711 e influenciou a cultura musical portuguesa. Com o processo de exploração e colonização do Brasil, a viola caipira desembarcou no país para se tornar um dos ícones da nossa música popular. “Na época em que se deu início ao processo de exploração e colonização do Brasil, tinha grande popularidade na música da corte portuguesa e na do povo, além de também ser utilizada pelos jesuítas para o trabalho de catequese, exercendo funções na Igreja dentro do projeto da Companhia de Jesus de evangelizar os indígenas. Por isso que a vemos tão presente nas mais diversas esferas geográficas brasileiras”, explica o músico Ivan Vilela em um artigo publicado em 2010.
E para celebrar o instrumento, a partir do dia 16 de junho, o Sesc Rio Preto apresenta uma mostra evidenciando a importância da viola caipira na narrativa musical brasileira. São diversas atividades que possibilitam ao público adentrar esse universo da viola caipira, entre shows, oficinas e uma exposição – que acontecem em espaços abertos do Sesc, com entrada gratuita – e shows realizados no Teatro – com venda de ingressos a partir de 9 reais.
O instrumento que ainda hoje influencia composições de uma nova geração de músicos, passou a ser fabricado – no período colonial – com madeiras rústicas brasileiras, como o pinho e o jacarandá. Antecessora do violão, a singularidade da viola está não apenas no tamanho menor como no posicionamento das cordas: 10 delas conectadas aos pares, resultando em 5 parelhas. A afinação da viola também é um quesito a parte, envolvendo muitas lendas e narrativas de violeiros e violeiras.
Há também quem diga que a habilidade de tocar viola é um talento sagrado. No meio de tantos causos, existem lendas afirmando que um violeiro pode ganhar esse dom fazendo simpatias ou até mesmo uma reza na sepultura de um violeiro já morto, na sexta-feira da Paixão. Essas e outras boas histórias certamente vão envolver todo o público na programação do projeto no Braço da Viola, que pode ser conferida na íntegra aqui.
A começar pela exposição Nos Braços do Violeiro com os originais do livro “A Viola Encarnada: moda de viola em quadrinhos”, de Yuri Garfunkel e curadoria de João Carlos Villela. A HQ é um conjunto de narrativas caipiras vivenciadas por violeiros e vaqueiros, personagens também de muitas letras de música. Uma seleção especial de originais é exposta emoldurada em 10 quadros medindo 50 x 35 cm, enquanto as demais páginas são encadernadas num grande livro artesanal, acessível ao público.
No embalo da exposição, o músico e quadrinista Yuri Garfunkel realiza uma oficina sobre técnicas de criação narrativas visuais, a partir de histórias tiradas de tradicionais músicas caipiras e sertanejas. A atividade acontece nos dias 17 de junho e 3 de julho e terá abordagens distintas em cada encontro.
Ao longo do mês de junho, estão programados shows na Comedoria e no Teatro da unidade. No dia 16 de junho, quinta, as violeiras Fabiola Beni, Letícia Leal e Marina Ebbecke apresentam Violeiras Fora da Caixa, às 17h30, onde exploram diferentes timbres da viola caipira dialogando com a música pop e a instrumental.
O músico Ivan Vilela faz show no dia 25 de junho, sábado, às 21h, mostrando no palco diferentes paisagens sonoras, com composições de vários momentos da sua carreira. Ivan possui uma obra expressiva para a viola caipira, com vinte álbuns lançados.
Encerrando o projeto, no dia 3 de julho, domingo, às 18h, Ricardo Vignini e Zé Helder apresentam um repertório envolvendo a fusão da música caipira com o rock, no show Moda de Rock III, dando vida nova a clássicos de Metallica, Led Zeppelin, Queen, Pink Floyd e outras bandas.
O projeto No Braço da Viola traz também oficinas gratuitas, entre elas Técnicas de Construção da Viola de Cabaça, com o violeiro e luthier Levi Ramiro, no dia 26 de junho, domingo, às 10h. A oficina acontece no Espaço de Tecnologias e Artes e abordará de forma teórica e prática as etapas de construção de um modelo de viola desenvolvido por Levi. Ainda no domingo, o músico encerra a programação do final de semana com show no Teatro, às 18h.
Enúbio Queiroz também vira oficineiro com A Viola Caipira Nas Festas do Interior, no dia 18 de junho, sábado, às 15h, mostrando a viola no desenvolvimento da valsa, quadrilha, catira, folia de reis, entre outros ritmos, além de falar sobre os ornamentos como mordente, rasgueado, vibrato, arpejo. Na oficina, o músico mineiro aborda ainda sua metodologia de ensino, técnicas e habilidades, que depois podem ser apreciadas no show que ele faz no dia 30 de junho, quinta, às 20h, com participação de Gustavo Paulluci e Junior Crestani.
Lembrando que o uso da máscara cobrindo boca e nariz voltou a ser obrigatório em locais fechados, de acordo com o Decreto municipal Nº 19.213, de 31 de maio de 2022.
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