Entrevista

21/12/2023

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CPF: O conceito de economia criativa tem reunido um conjunto diverso e heterogêneo de acepções que, do ponto de vista teórico, às vezes se confunde com indústria criativa ou é visto em contraposição à economia da cultura. Como você define o campo da economia criativa?

Cláudia Leitão: A confusão entre taxonomias, glossários e conceitos acerca da economia dos bens e serviços de valor simbólico é uma das expressões nefastas do império cognitivo do Norte global sobre as epistemologias do Sul. Nesse sentido, categorias teóricas que fundamentam modelos de desenvolvimento são adotadas de forma acrítica, reforçando subordinações econômica, mas, sobretudo, dependências culturais.
Boaventura de Sousa Santos observa que, para descontruir grandes palavras e produzir novas mediações, é necessário que estejamos abertos a perspectivas surpreendentes, à heterogeneidade do conhecimento, à possibilidade de desaprender para reaprender, a reconhecer novas metodologias, a produzir novas semânticas e sintaxes, enfim, a dar voz a novos interlocutores. No campo da Economia Criativa, os Relatórios da Unctad e da Unesco são as grandes referências das terminologias das indústrias criativas, da economia criativa e da economia da cultura. Se tomarmos, por exemplo, o Relatório da Economia Criativa 2010, que foi traduzido para o português pela Secretaria Nacional da Economia Criativa, observaremos que, embora intitulado “Relatório de Economia Criativa”, quando se refere aos números apresentados, a expressão utilizada é a das indústrias criativas. Ora, essa (con)fusão entre economias criativas e indústrias criativas, sobretudo quando os discursos são laudatórios à sua performance econômica, exemplificam a hegemonia de uma expressão sobre a outra.
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