Leia a edição de JANEIRO/24 da Revista E na íntegra
O marco Temporal
É um projeto legislativo
A continuação do domínio colonial
De invasão e dominação
Do genocídio atualizado
Que não tem data para terminar
Esse projeto não foi dialogado
Com quem sente, vive e conhece a história
Foi pensando visando
A ganância de poucos
Em detrimento da dor de muitos
Estamos antes de 1988
Das coroas de Portugal e Espanha
Enfrentamos as primeiras invasões
E no século XXI
Querem nos destruir
Para tomar o que restou.
Antes era a cruz e a espada
Hoje é a canetada
Votação no Congresso e Senado
Tudo em nome do Progresso
Que nunca parou de destruir
Com nossos territórios ancestrais
Sentimos hoje a mesma dor e insegurança
Lutamos com a mesma intensidade
Dos nossos Ancestrais
Para não ver nossos povos
Serem expulsos de suas terras
Por invasores que não nos deixam em paz
Estamos em constante guerra.
Marco Temporal jamais!
Não nos representa
É retrocesso.
É voltar à cena de 1500
Com um agravante pior
Destruir com nossas terras hoje
É assassinar o clima
Contribuir para o aquecimento global
É dominar para destruir
E a gente assiste a cena
Mas não permitiremos novas mortes
Marco Temporal não!
Ele é a votação da morte
Lutaremos como nossos avós e bisavós
Até o fim.
Maria dos grandes rios
Das barrancas e igapós
Maria de muitos sonhos
Amazônias
Somos muitas não estamos a sós
Maria
Dos furos e igarapés
De profundos olhares
Das rezas, benzimentos
Dos terreiros e encantarias
Marias, nossas pajés
Maria mãe da mata
Maria do cocar
Das lutas nas aldeias
Força no caminhar
Senhora das águas
Rogai por nós!
Maria mulher guerreira
De força ancestral
Resistência territorial
Maria das multivozes
Rainha, rogai por nós!
De joelhos em silêncio
Na dor e na alegria
Te pedimos em oração
Mais amor ao coração
Que chegue aos céus
Nossas vozes
De súplica e devoção
Somos romeiros e romeiras
Somos filhos, somos irmãos
Te pedimos por tantas Marias
Que tiveram a vida interrompida
Na dor e crueldade
Marias de várias etnias
Que agora estão na ancestralidade
Salve Maria!
Mãe de toda a gente
Do menino de rua
Do mendigo
Do migrante
Do indigente
Maria agricultura
Maria anciã
Pescadora
Lavadeira
Benzedeira
Parteira
Riozeira
Professora
Maria mãe solteira
Maria de muitas Marias
Dai-nos paz e proteção
Aumentai a nossa fé
E sede sempre intercessora.
Senhora Amazônia
Teus rios voadores
Tuas matas sagradas
Teu solo fecundo
Nós vamos guardar
Canoas e remos
Estrada molhada
Por entre as árvores
O sol nascerá
São janelas que se abrem
No meio da mata
Para olhar com esperança
A vida na terra
Para ver o mapinguari
A Matinta e o Matim Tim
Curupira enganar o caçador
E botar para correr
Quem chega na Amazônia para tocar o terror
Sinto o vento vargeiro
Chegar bem devagar
Seu sopro é mensageiro
Traz segredos do rio e do mar
Quero mais que 80%
De mata em pé
Quero mostrar ao curumim
O que lhe é de direito proteger
Para no fim descansar
No mundo da ancestralidade
Sany Amazônia
Sany paranawaçu
Iapã indá tana Saisu
Iapã kumiça muki may-sangara tuiuka.
Ikumi, ikumi, ikumi
[Tradução:
Vem Amazônia
Vem grande rio
Vamos cantar nosso amor
Vamos falar com a alma terra
Hoje, hoje, hoje]
Meu rosto eu pintei
Na água me espiei
Grafismo de identidade
Resistência!
Sou Amazônia
De alma e águas Kunhãs
Eu sou
Tenho continuidade
Na voz cunhantã (menina)
Que da canoa falou:
Quero peixe com farinha
Sem veneno para comer
Ver o rio correr seguro
Ter água potável para beber
Abraçar a samaumeira
Os encantados reverenciar
Conversar com o boto rosa
Ver a donzela por ele se encantar
Tomar bença ao pajé
Na mata buscar remédio e cura
Quero ver a terra limpa
Sem lixo, lixões, sem secura
Sou a Amazônia
Presente em tantas gerações
Nas populações que ensinam
Que para cuidar, conservar
É preciso conviver e respeitar.
Se ver ambiente
Para o clima não se alterar
E o mundo não degradar.
Sou o futuro, sou resistência.
Palha velha
Palha nova
Uma morre
Para outra viver
Palha velha
No chão vira adubo
Para nova planta crescer
Palha velha
Palha nova
Entrelaçadas
São obras da natureza
Palha velha
Palha nova
Tem valor, cultura
Utilidade, cooperação
Obra-prima da realeza
Palha velha
Palha nova
Tem vida e certeza
Que um dia seremos adubos
Para outras gerações florescerem.
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