O seminário Arte urbana: potencialidades, proposto pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc e pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP, almeja abordar as artes de rua sob diversos ângulos complementares: o da sociologia da cultura e o dos estudos literários, em conexão com o memorialismo e o da produção editorial. Tencionam-se apreender vivências pessoais e profissionais de artistas, como também suas percepções acerca da realidade brasileira e universal.

Cabe avaliar em que medida o trabalho da memória deságua transfigurada (ou não) nas obras de criação, exibidas em território público, as ruas. A arte feita na rua radica-se, comumente, em ações combativas, colocando na ordem do dia questões sociais, raciais e de gênero, demandando um olhar mais apurado sobre o modo como as suas figurações ou abstrações artísticas contam histórias (quais enredos? de que maneira? com que objetivo?).

Quatro artistas nascidos no estado de São Paulo, atuantes no Brasil e no exterior, reconhecidos por seus grafites, estênceis, murais e outras produções plásticas — Claudio Ethos, Dedé Tolaini, Mag Magrela, Thiago Gomes –, contribuem para o desenvolvimento do debate em torno da sociabilidade e da solidariedade no âmbito cultural, tanto quanto, em oficinas, partilham suas técnicas, processos e ideários de criação com o público interessado em arte e em vivência artística coletiva, no trânsito entre a arte de rua e a produção editorial. A arte urbana pode ser vista, neste projeto, como matriz criadora, concretizando-se em diversas experiências artísticas.

Quarta, 7/5, das 15h às 17h
Primeiro dia: mesa-redonda. Artistas e organizadores. Em pauta, a autobiografia como experiência estética na arte de rua (memorialismo e criação artística); as poéticas (narratividade, lirismo e dramaturgia) nas modelagens criativas da arte urbana; a sociabilidade artística como fundamento nas intervenções urbanas (prosopografias); a arte das ruas para os livros.

Sexta, 9/5, das 15h às 18h
Segundo dia: oficina no baixio do viaduto Doutor Plínio de Queiroz (praça 14 Bis).

Quarta, 14/5, das 15h às 18h
Terceiro dia: oficina no mesmo local.

Sexta, 16/5, das 15h às 18h
Quarto dia: oficina no mesmo local e conversa de encerramento com os artistas e os organizadores, sobre percursos artísticos, convivialidade, partilhas formadoras: a arte de rua e o direito à cidade.

Com Andréa Tolaini (Dedé), artista visual formada pela Escola Panamericana de Arte, SP. Suas ilustrações e murais, de colorido intenso e forte simbolismo, laboram densos sentidos identitários de potência coletivizadora.

Com Claudio Ethos, artista visual de vocação muralística. Elabora vigorosas figurações humanas que iluminam os complexos meandros da psique, valendo-se igualmente de apuradas tendências abstracionistas e surrealistas.

Com Mag Magrela, artista visual. Maneja diversas técnicas e linguagens (desenho, escultura, bordado etc.), é poeta e cantora, e promove marcantes intervenções estéticas urbanas, colocando em debate pautas e lutas feministas.

Com Thiago Goms, artista visual de amplos interesses estéticos, como a tatuagem, e DJ. Vem moldando um singular universo pictórico com figurações híbridas (em particular homens-felinos), suscitando reflexões sobre as novas epistemologias contemporâneas.

Organizadores:
Maurício Trindade da Silva, sociólogo, doutor em Sociologia pela USP e gerente-adjunto do CPF. Publicou, entre outros trabalhos, “Mário de Andrade, epicentro: sociabilidade e correspondência no Grupo dos Cinco” (2022).

Marcos Antonio de Moraes, professor de literatura brasileira no IEB-USP, dedica-se ao estudo do memorialismo literário. Publicou, entre outros livros, Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira (Prêmio Jabuti, 2000) e Câmara Cascudo e Mário de Andrade: cartas, 1924-1944 (Prêmio Jabuti, 2010).