Arte: Walter Cruz
Arte: Walter Cruz

Da natureza para as redes: as ciências diante da emergência climática

Da natureza para as redes: as ciências diante da emergência climática

Centro de Pesquisa e Formação

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atividade presencial

R$ 18,00 Credencial Plena
R$ 30,00 Meia entrada
R$ 60,00 Inteira

Local: Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo

Inscrições a partir das 14h do dia 28/8, até o dia 10/9. Enquanto houver vagas.

Data e horário

De 10/09 a 15/10

Terça

Terças, 19h às 21h

Arte: Walter Cruz
Arte: Walter Cruz

Desmatamentos, inundações, deslizamentos, alagamentos e ondas de calor passaram a ser parte do nosso cotidiano e a preencher as crônicas do nosso tempo. O modelo econômico industrial e o poder dos fluxos financeiros nos tornaram de um lado, agentes geológicos, capazes de transformar e destruir os ecossistemas e ao mesmo tempo, contraditoriamente, membros frágeis, entidades vulneráveis e impotentes diante dos eventos climáticos de grande porte.

A ideia do agir humano sobre a natureza, entendida como realidade externa tornou-se, assim, obsoleta. Mais que sujeitos autônomos e atores artífices dos nossos destinos, no começo deste milênio nós nos descobrimos parte de uma complexidade maior, da qual dependemos e com a qual devemos aprender a lidar, superando a lógica instrumental que reduz os componentes da bioesfera como matéria prima e recursos externos.

Com a participação de alguns dos mais importantes pesquisadores da temática, os encontros apresentarão numa linguagem acessível, o que a pesquisa científica entende por aquecimento global, mudanças climáticas, transição ecológica, antropoceno, governança hídrica e data-ecology.

Os encontros são uma iniciativa do Centro Internacional de Pesquisa Atopos da USP, do GovAmb do Instituto de Energia e Ambiente IEE – USP, em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do SESC.

Programa
10/9 – Os desafios das mudanças climáticas numa sociedade sustentável | Prof. Paulo Artaxo (IF-USP)
Hoje é claro que nosso sistema socioeconômico não é sustentável mesmo a curto prazo. Estamos na trajetória para a construção de uma nova sociedade onde os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) serão a linha mestra. Mas, a aceleração das mudanças climáticas  e o aumento dos eventos climáticos extremos colocam questões que vão fazer esta transição mais difícil. A palestra irá discutir como estas questões estão interrelacionadas.

17/9 – Valores em disputa em mudanças climáticas | Prof.Paulo Sinisgalli  (IEE USP)
A palestra mostra a construção de como a economia lidou com estes aspectos,  e a necessidade de incluir novos valores, que não podem ser traduzidos em valores monetários. Dependendo da visão de futuro, visando o  enfrentamento das mudanças climáticas, e no caminho traçado para a sustentabilidade, há a necessidade de uma inflexão importante: valores socioculturais e ecológicos, que muitas vezes não possuem representação no cotidiano, devem entrar nesta nova perspectiva.

24/9 – As redes da Amazônia: re-existência digital dos povos indígenas | Almir Suruí Líder Indigena e Eliete Pereira – MAE-USP
O processo de digitalização protagonizado pelos povos indígenas proporcionou a essas populações a possibilidade de acessar conteúdos e de produzir, de forma autônoma, uma diplomacia cultural e política global inédita. Neste encontro intercultural, serão debatidas as redes conectivas dos povos originários e a incorporação das tecnologias digitais para o enfrentamento da emergência climática na Amazônia.

1/10 – Oceanos | Prof.ª Leandra Gonçalves – UNIFESP/Instituto do Mar
Esta palestra explora a relação entre os oceanos e o clima, destacando o papel do oceano na regulação do clima global. Serão abordados temas como a capacidade do oceano de atuar como sumidouros de carbono, a influência das correntes oceânicas nos padrões climáticos, e os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde dos ecossistemas marinhos e das comunidades costeiras. A palestra também discutirá estratégias de conservação e gestão integrada do oceano como parte fundamental das respostas globais às mudanças climáticas.

8/10 – Data Ecology, depois da natureza e da técnica | Prof. Massimo Di Felice – ECA/ PROCAM/IEE/USP
Após a integração de pessoas e dispositivos tecnológicos, as últimas gerações de redes digitais passaram a conectar territórios, biodiversidade e florestas, expandindo a arquitetura da internet para além dos espaços urbanos. Sensores, satélites, internet das coisas e plataformas digitais, por meio do processo de transformação da realidade em big data, passaram a permitir a criação de ecossistemas digitalmente conectados, nos quais é possível monitorar em tempo real a nossa relação com os diversos componentes desses territórios informatizados. Assim como ocorreu com telescópios e microscópios, o acesso tecnológico à natureza e seus fenômenos altera não apenas a nossa percepção da natureza, mas também a sua própria concepção. A ideia de natureza e técnica produzida pela episteme ocidental não nos ajudará a enfrentar os desafios do aquecimento global e dos eventos climáticos extremos. Partindo da crítica ao significado desses dois conceitos ocidentais, a palestra apresentará modelos de interações digitais ecossistêmicas capazes de reduzir impactos e criar soluções ecologicamente inteligentes.

15/10 – Cidades e regiões metropolitanas: agendas climáticas e segurança hídrica | Prof.ª Gabriela Di Giulio (FSP-USP) e Prof. Pedro Jacobi – (PROCAM/IEE/USP)
Com os impactos das mudanças climáticas se tornando cada vez mais visíveis, as nações ao redor do mundo estão aumentando seus esforços para se adaptarem às mudanças climáticas. Nesse contexto, as cidades passam por diversos desafios. O enfrentamento destes requer atuações articuladas e colaborativas entre ciência, política e sociedade. Alinhar a adaptação aos esforços de combate à pobreza e múltiplas injustiças e de proteção da biodiversidade é fundamental, particularmente no contexto brasileiro. Dentre os diversos desafios está a governança e segurança da água como essencial para a manutenção da vida e das atividades desenvolvidas.

Palestrantes:

Paulo Artaxo, físico pela Universidade São Paulo, com mestrado em Física Nuclear pela USP e doutorado em Física Atmosférica pela USP. Trabalhou na NASA (Estados Unidos), Universidades de Antuérpia (Bélgica), Lund (Suécia) e Harvard (Estados Unidos). É professor titular do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP. Trabalha com física aplicada a problemas ambientais, atuando principalmente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos, poluição do ar urbana e outros temas. É membro do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e de vários outros painéis científicos internacionais. Coordena o Centro de Estudos Amazonia Sustentável (CEAS) da USP.

Paulo Sinisgalli, professor do Programa em Ciências Ambientais (PROCAM-USP) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP) , Economista ecológico. Grupo de Estudos e monitoramento da Governança Ambiental (GovAmb/IEE/USP), Centro de Estudos da Amazônia Sustentável (CEAS/USP). Grupo de Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP)

Almir Suruí, liderança do povo Suruí Paiter da Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia. É reconhecido mundialmente pelo seu trabalho em defesa de seu território com uso de novas tecnologias. O cacique Almir também é o pai da Txai Suruí, a jovem de 24 anos que ficou conhecida internacionalmente pela sua participação na COP26, em Glasgow.

Eliete Pereira, historiadora com mestrado em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília, Brasil. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Brasil, é pós-doutoranda no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-USP). É pesquisadora do Centro Internacional de Pesquisa ATOPOS da USP, onde coordena a linha de pesquisa – Tekó: a digitalização dos saberes locais. Pesquisa os temas da comunicação indígena, cultura, memória; redes digitais e net-ativismo indígena.

Leandra Gonçalves, professora adjunta no Instituto do Mar da Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP). É bióloga, tem Doutorado pelo Instituto de Relações Internacionais e pós-doutorado pelo Instituto Oceanográfico da USP. Tem interesse nas diferentes dimensões da gestão e governança costeira e marinha, em especial a interface entre a ciência e a política e as questões de gênero no oceano. Integra o grupo de pesquisadores da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. É uma das idealizadoras da Liga das Mulheres pelo Oceano. E já atuou em diferentes organizações ambientais não-governamentais como a Fundação SOS Mata Atlântica e Greenpeace. Foi Autora Principal para o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (PNUMA) no Global Environment Outlook 6.

Massimo Di Felice, sociólogo pela Università degli Studi La Sapienza, com doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em Sociologia pela Universidade Paris Descartes V, Sorbonne. É professor titular da Universidade de São Paulo, ministrando aulas no Programa de pós- graduação em Ciências Ambientais (PROCAM-USP) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE-USP) e na graduação da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP). É coordenador do Centro Internacional de Pesquisa ATOPOS (USP) e diretor científico do Instituto Toposofia de Roma. Autor de vários livros, ensaios e artigos publicados no Brasil, Itália, México, Portugal, França, Inglaterra e China..

Gabriela Di Giulio, professora Associada do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), livre docente na área de Saúde, Ambiente e Sociedade. Tem doutorado em Ambiente e Sociedade pela Universidade Estadual de Campinas, mestrado em Política Científica e Tecnológica pelo Instituto de Geociências da Unicamp, especialização em Jornalismo Científico pela Unicamp e graduação em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Integra o Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados da USP. Áreas de atuação: Crises, Riscos e Incertezas; Interações entre ciência, política, comunicação e sociedade; Dimensões Humanas das Mudanças Climáticas; Saúde global e sustentabilidade.

Pedro Jacobi, graduado em Ciências Sociais e em Economia pela Universidade de São Paulo. Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Graduate School of Design – Harvard University é doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1986). É Professor Titular Sênior do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM/IEE/USP) da Universidade de São Paulo. É membro da Divisão Científica de Gestão, Ciência e Tecnologia Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente/USP. É coordenador do grupo de Estudos de Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados da USP. Pesquisador Colaborador do IEA/USP junto ao Programa USP Cidades Globais. Membro do Conselho Estratégico do Programa USP Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados da USP.

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