A partir de uma conceituação ampla do fenômeno esportivo, que atravessa temas como corpo, cidade, família, juventude, mobilidade e política, o curso tem como principal objetivo abordar as práticas, agentes e dinâmicas que envolvem o processo de transformação de jovens futebolistas em jogadores profissionais do futebol de homens no Brasil.

Após um breve panorama dos estudos sobre futebol nas ciências sociais, o curso abordará produções antropológicas que tematizaram o processo de produção de jogadores, para em seguida focar em uma pesquisa etnográfica realizada em paisagens varzeanas da cidade de São Paulo.

É nas paisagens varzeanas que os projetos familiares futebolísticos têm início, com a revelação do “dom”, e dali podem se desdobrar para os clubes, alojamentos e centros de treinamento, dentro e fora do Brasil. Os projetos familiares se efetivam por meio de diferentes tipos de investimentos (tempo, financeiro, educacionais) e pelo engajamento de familiares, professores de escolinhas, diretores varzeanos, “olheiros”, empresários de futebol etc.

Embora seja multicontextual, a produção de jogadores exprime a centralidade e plasticidade da ideia de família no universo futebolístico, que assume múltiplas formas de organização conforme engloba outros agentes e se alarga. As trajetórias individuais e coletivas dos jovens futebolistas desvelam, portanto, um complexo conjunto relacional – o que podemos chamar de “famílias esportivas” -, bem como projetos marcados por sonhos, ilusões e muitos sacrifícios.

O curso é destinado a um público amplo, com discussões contemporâneas nos campos da antropologia, ciências sociais, educação física, ciências do esporte e lazer.

Com Enrico Spaggiari, mestre e doutor em Antropologia Social pela USP. Pesquisador vinculado ao GEAC (USP), LabNAU (USP) e Ludens (USP), realiza pesquisas que articulam cidade, esporte, lazer e juventude. É um dos fundadores do site Ludopédio e integra a Argonautas – Pesquisa Etnográfica.

Referências bibliográficas:
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