Cinco centros culturais da cidade de São Paulo que se renovaram após grandes incêndios abalarem suas estruturas e acervos
POR LUNA D’ALAMA
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Entre 2008 e 2021, alguns espaços culturais da capital paulista foram parcial ou totalmente destruídos por incêndios de grandes proporções. As chamas consumiram estruturas físicas, acervos de arte e, no caso do Museu da Língua Portuguesa, deixaram também uma vítima – um bombeiro que trabalhava no local. Após as tragédias, esses locais foram reconstruídos, reabriram ao público e se reinventaram. O mais novo deles é o Teatro Cultura Artística, na região central, que se prepara para a reinauguração em agosto de 2024, após 16 anos de reforma. Confira, a seguir, as histórias de cinco instituições culturais que foram abaladas pelo fogo, mas que renasceram com programações diversas. Vida longa!
PATRIMÔNIO ARTÍSTICO
Inaugurado em 1950, o Teatro Cultura Artística foi destruído por um incêndio em agosto de 2008. Os únicos itens preservados pelo fogo foram alguns arquivos históricos, os foyers do térreo e do primeiro andar e a fachada com o painel Alegoria das Artes, de 48 metros de largura por oito de altura, feito por Di Cavalcanti (1897-1976). Mais de um milhão de pastilhas de vidro do mural passaram por restauro, e detalhes originais dos espaços projetados pelo arquiteto Rino Levi (1901-1965) foram reconstruídos – como duas escadas e as bilheterias. O novo prédio, planejado para reabrir em agosto deste ano, tem mais de 7.500 metros quadrados de área construída, sob coordenação do arquiteto Paulo Bruna. Uma livraria e um café devem ocupar o térreo, e um novo átrio ficará voltado para a Praça Roosevelt. A sala principal de espetáculos, com 773 lugares, abrigará concertos de música clássica, popular, eletrônica e jazz. O Cultura Artística terá, ainda, um auditório com 150 lugares no térreo, para receber apresentações de música, teatro, leituras dramáticas, cursos e palestras. Além disso, os bolsistas da instituição contarão com espaços de estudo e prática musical, incluindo 11 salas e quatro estúdios de gravação.
Teatro Cultura Artística
Rua Nestor Pestana, 196, República, São Paulo (SP). A 700 metros da estação de metrô República (linhas 3-Vermelha e 4-Amarela). culturaartistica.org
Foto: Gabriel Farias
LATINOAMÉRICA RESISTE
Com projeto de Oscar Niemeyer (1907-2012), o Memorial da América Latina acaba de completar 35 anos de existência. Em novembro de 2013, o local foi abalado por um incêndio no Auditório Simón Bolívar, palco de shows nacionais e internacionais e de apresentações de música clássica, dança, teatro e cinema. A reinauguração do auditório, em 2017, contou com a presença da orquestra Brasil Jazz Sinfônica e das cantoras Elza Soares (1930-2022), Sandra de Sá, Paula Lima, Liniker e Baby do Brasil. Uma tapeçaria da artista Tomie Ohtake (1913-2015), que havia sido parcialmente destruída pelas chamas, foi restaurada, e hoje o novo Simón Bolívar tem duas plateias que, juntas, abrigam 1.788 pessoas. Além de eventos culturais, o espaço recebe convenções, congressos, seminários, formaturas e produções de TV. Ao longo de sua história, já passaram por lá Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim (1927-1994), Mercedes Sosa (1935-2009), Astor Piazzolla (1921-1992), entre outros importantes nomes da música. Até 7/4, quem for ao Memorial pode conferir a exposição Uruguai, Cultura e Arte, na galeria Marta Traba e, até 21/4, a Exposição Fotográfica Província de Qinghai, no Espaço Expositivo Gabriel García Márquez.
Auditório Simón Bolívar
Avenida Mário de Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo (SP). Próximo à estação de metrô Barra Funda (Linha 3-Vermelha). Áreas externas do Memorial: segunda a domingo, das 10h às 17h. Pavilhão da Criatividade e Salão de Atos: terça a domingo, das 10h às 17h. Biblioteca Latino-Americana: segunda a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados, das 10h às 15h.
Acesso gratuito ao Memorial, e no auditório há eventos pagos. memorial.org.br/espacos/auditorio-simon-bolivar
Foto: Aline Iovasso
NOSSA LÍNGUA VIVA
Aberto em 2006, no prédio histórico da Estação da Luz, região central da capital paulista, o Museu da Língua Portuguesa foi atingido por um grande incêndio em dezembro de 2015. O fogo começou após uma troca na iluminação, destruiu dois andares e causou a morte de um bombeiro civil. Após seis anos de espera, o museu foi reinaugurado em julho de 2021, com a presença dos presidentes de Portugal e de Cabo Verde, do ministro da Cultura de Angola e da cantora Fafá de Belém. Com curadoria de Isa Grinspum Ferraz e Hugo Barreto, o espaço ficou mais interativo, acessível e audiovisual, para apresentar aos visitantes a história e a diversidade desse idioma falado por mais de 260 milhões de pessoas em todo o mundo. No terceiro piso, foi criado um terraço com vista para o Jardim da Luz e a torre do relógio – em homenagem ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha (1928-2021), responsável pelo projeto original. Neste mês, além da exposição permanente, o público pode conferir o Sarau Africanizar no Museu, no dia 20/4, das 12h às 14h, e Plataforma Conexões 2024, no dia 27/4, das 12h às 13h. Na segunda quinzena de maio, estreia a nova mostra temporária: Línguas Africanas no Brasil, que destaca a influência dessas línguas na formação do português brasileiro.
Museu da Língua Portuguesa
Praça da Luz, s/nº, Luz, São Paulo (SP). Ao lado da estação de metrô Luz (linhas 1-Azul e 4-Amarela). Terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h).
GRÁTIS para crianças de até 7 anos e, aos sábados, para todos. museudalinguaportuguesa.org.br
Foto: Ciete Silvério
ARTE ATEMPORAL
Fundado em 1873, com o apoio de comerciantes, cafeicultores e maçons, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo é uma instituição de ensino médio e técnico profissionalizante, com trabalhos de destaque em marcenaria, serralheria e escultura em madeira. No início do século 20, foi dirigido pelo engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo (1851-1928) e, ao longo de sua trajetória, formaram-se nele artistas como Victor Brecheret (1894-1955). Entre as obras mais famosas feitas pela instituição, estão portais em madeira instalados na Catedral da Sé, esquadrias metálicas do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e um monumento a Duque de Caxias. Em fevereiro de 2014, o Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios (CCLAO) foi destruído por um incêndio que queimou boa parte de seu acervo de pinturas, esculturas, móveis e réplicas em gesso. O edifício foi reinaugurado em 2018. Até 13/4, o CCLAO apresenta a mostra Mobiliário Atemporal, com curadoria do arquiteto Guilherme Wisnik, reunindo itens do mobiliário original e um panorama do contexto urbanístico e social da cidade de São Paulo nos últimos 150 anos.
Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios – CCLAO
Rua da Cantareira, 1351, Luz, São Paulo (SP). Terça a sábado, das 12h às 17h. Aberto aos domingos apenas para grupos agendados. GRÁTIS.
Foto: Vic Von Poser
MEMÓRIA DO CINEMA
Criada na década de 1940 e batizada como Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do professor e crítico Paulo Emílio Sales Gomes (1916-1977), a instituição abriga o maior acervo de filmes da América do Sul e um dos maiores do mundo – com 40 mil títulos e mais de um milhão de itens como cartazes, roteiros e livros. Sua função é preservar a memória e promover a difusão de mais de 120 anos de produção audiovisual do país. Suas instalações na Vila Leopoldina, zona Oeste de São Paulo, sofreram dois desastres recentes: uma enchente em 2020 e um incêndio em 2021. O complexo continua interditado pela Defesa Civil, e não há previsão de obras no que restou do prédio. No entanto, no ano passado, a instituição iniciou o projeto Viva Cinemateca, para revitalizar obras audiovisuais e documentos, além de ampliar e modernizar outra unidade da Cinemateca, num edifício histórico localizado na Vila Mariana, onde funciona, desde 1997, a sede da instituição. Segundo a diretora geral da entidade, Maria Dora Mourão, a reforma inclui áreas técnicas e os espaços públicos do edifício. Ainda estão em andamento iniciativas para recuperar filmes em nitrato de celulose, digitalizar as películas e atrair mais público – só em 2023, o local recebeu 210 mil visitantes. A programação deste mês inclui o festival de documentários É Tudo Verdade, além de uma retrospectiva do diretor Jorge Furtado e uma mostra dedicada ao cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard (1930-2022).
Cinemateca Brasileira
Unidade aberta à visitação: Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, São Paulo (SP). A 840 metros da estação de metrô Hospital São Paulo (Linha 5-Lilás). Espaços públicos e jardins: todos os dias, das 8h às 18h. Centro de Documentação e Pesquisa: segunda a sexta, das 10h às 17h (exceto feriados). Café: quarta a domingo, das 13h às 21h. Salas de cinema: verificar horários de acordo com a programação.
GRÁTIS, com retirada de ingressos uma hora antes. Eventos especiais podem ter cobrança de entrada.
Foto: Carol Vergotti
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