Foto: Erick Lohr
Mãe, mamãe, mãezinha, mãinha. Palavras conhecidas por muitos de nós e que carregam vários sentidos. Evocam memórias, imagens, cheiros, presenças, ausências, risos, lágrimas. Embora considerada como inata e natural na vida das mulheres, a maternidade é um fenômeno que se molda pelas relações sociais, e, portanto, se expressa de maneira diversa em diferentes culturas.
Segundo levantamento do Instituto Data Popular, no Brasil há cerca de 67 milhões de mães, representando 33% da população. Mulheres envoltas em um imaginário de plenitude alcançado pelo fato de se tornar mãe. Mulheres que compõe um grande contingente de indivíduos em situação de desigualdade no exercício do cuidado de crianças. Desigualdade de garantia de direitos, de oportunidade de trabalho e renda pessoal, de vida sexual e afetiva, de autonomia moral e reprodutiva, e da divisão de trabalho doméstico. Desigualdades camufladas por um véu de sacrifícios ditos necessários no ato de cuidar de uma criança. Assim, discursos positivos são usados na criação e reprodução de estereótipos. “Ser mãe é padecer no paraíso?”
Enquanto os aspectos positivos da maternidade são amplamente produzidos e utilizados como instrumentos de controle social – ao reproduzir estereótipos sobre a experiência de mulheres na criação de crianças – os aspectos contraditórios são ocultados da discussão coletiva. Ora tidos como sacrifícios necessários, ora como frutos de uma patologia individual de mães não competentes o suficiente, ora como uma problemática não tão legítima.
Portanto, a maternidade carece de discussões coletivas que envolvam toda a sociedade e que, principalmente, coloquem as mães no lugar de produtoras de conhecimento acerca das próprias experiências. Há que se pensar na diversidade dessas experiências e suas implicações, marcadas pelos determinantes etários, de deficiência, étnico-raciais, de classe e de gênero. Há que se criar espaços e ferramentas para que as diversas pessoas envolvidas na experiência materna, e não somente as mães, reflitam acerca de suas condições de existência e contradições. Pluralizar a experiência materna para que ela se desdobre em Maternidades.
Deste modo, o tema Maternidades desponta como urgente em ações que visam promover saúde, qualidade de vida e transformação social. Para tanto, se faz necessário constituir espaços de escuta, de troca, de informação, de reconhecimento e pertencimento para que as diferentes maternidades encontrem expressões genuinamente legítimas para quem as exerce, resistindo às amarras sociais e aos mecanismos de violência presentes no cotidiano de nossa sociedade.
A fim de contribuir para uma sociedade mais equitativa, diversa e democrática o Sesc São Paulo realiza a ação Cuidar de Quem Cuida, que aborda o ato do cuidar e as cuidadoras e cuidadores de bebês e crianças de 0 a 6 anos, com o objetivo de sensibilizar e inspirar a sociedade a partir de perspectivas sobre questões do universo da criança. Na edição Maternidades, que acontece de agosto de 2019 a abril de 2020, nas unidades da capital, litoral e interior, são abordadas as diversas realidades do exercício materno na atualidade.
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