No mês em que se celebra o Dia Internacional do Chá, descubra quatro curiosidades que aproximam São Paulo dessa bebida milenar
POR GUILHERME BARRETO
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Seja quente ou gelado, com ou sem leite, feito para acalmar ou estimular, o chá se mantém, há milênios, como uma das bebidas mais consumidas do planeta. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), ele só perde, em popularidade, para a água. Três bilhões de xícaras de chá são consumidas diariamente, o que movimenta um mercado de mais de 25 bilhões de dólares mundialmente. No Brasil, apesar de ainda tímido – cada brasileiro bebe dez xícaras por ano –, o consumo tende a aumentar na próxima década, de acordo com projeção do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). E o estado de São Paulo segue a tendência: ainda que conhecido por sua histórica ligação com a produção, comercialização e consumo de café, o território e a cultura paulistas mantêm relações cada vez mais próximas com essa bebida de origem asiática. No mês em que é celebrado o Dia Internacional do Chá (21 de maio) este Almanaque convida você a descobrir quatro motivos que aproximam o estado de São Paulo dessa infusão que faz parte de uma cultura milenar.
O desenvolvimento econômico e cultural do Vale do Ribeira, que liga o sul do estado de São Paulo com o leste do Paraná, se confunde com a cultura do chá. Ocupada no século 20 por plantações de Camellia sinensis (popularmente conhecida como chá-da-Índia), a região chegou a reunir mais de 40 fábricas, o que a tornou grande exportadora do produto, além de dar a Registro, maior cidade do Vale, o título de Capital Estadual do Chá (lei nº 4.067, de 1984). Foi com a imigração japonesa que a história da região se encontrou com a tradição do chá. Depois de acolher a primeira colônia de imigrantes nipônicos no Brasil – a Katsura, fundada em Iguape (SP), no ano de 1913 –, o Vale do Ribeira foi aprendendo a plantar e a consumir a erva de origem asiática. Atualmente, o cultivo de chás na região se concentra em plantações especializadas em cultivo orgânico e com métodos agroflorestais. Duas delas estão nos sítios Shimada e Yamamaru, geridos por famílias de descendência japonesa responsáveis pelo cultivo da erva que, a partir deste mês, compõe uma caixa de chá artesanal à venda nas Lojas Sesc de 34 unidades em todo o estado de São Paulo, a 160 reais. O lançamento tem como foco a valorização do trabalho de comunidades, técnicas artesanais e saberes tradicionais que compõem os diferentes territórios em que as unidades do Sesc estão inseridas. Saiba mais: sescsp.org.br/colheita-do-cha
O consumo de bebidas geladas, como o tereré, é uma das maneiras de enfrentar o calor típico do Oeste paulista. Influenciada por um milenar costume guarani nos territórios paraguaio e pantaneiro, cidades como Presidente Prudente e Birigui mantém o costume de ingerir – com a ajuda de uma bomba (canudo) – a erva-mate socada em pilão e infusionada com água fria numa cuia ou guampa (recipiente de madeira ou chifre de boi). Reconhecido por seus efeitos refrescantes, diuréticos e estimulantes, o tereré, que na língua guarani significa “o som produzido pelo ronco da guampa”, foi reconhecido, em 2020, como patrimônio cultural imaterial do Paraguai pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Introduzida no Brasil pelos povos Guarani e Kaiowá, pela fronteira paraguaia com o Mato Grosso do Sul e o Paraná, a bebida se popularizou em outras partes do território brasileiro, como o estado de São Paulo, que hoje é responsável por uma parte da produção nacional de mate e da preservação desse legado ancestral da cultura guarani.
Gengibre, canela, folhas de chá preto, cardamomo, noz moscada, cravo-da-índia, cacau, laranja, açúcar e leite quente. Essa é uma das possíveis misturas que resultam no sabor complexo do masala chai, bebida indiana consumida há séculos no país asiático, geralmente após as refeições, e que vem se popularizando mundo afora pela sua riqueza aromática e suas propriedades expectorantes, digestivas e revitalizantes. Aqui no Brasil, por exemplo, já é possível encontrar a receita em dezenas de endereços que preservam esse e outros costumes da cultura indiana. Segundo dados do Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra), vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), quase 25 mil imigrantes indianos entraram no país desde 2000, e desse total, 12 mil estão apenas no estado de São Paulo. Com eles, cores, aromas e hábitos aproximam os dois países, ensinando-nos a preservar a cultura do chá e outras tradições indianas.
Inaugurado há mais de 130 anos, o primeiro viaduto da capital paulista leva a palavra chá no nome por estar localizado ao lado do que era, até o século 19, chamado de Morro do Chá. O local foi ocupado por uma plantação de milhares de pés de chá preto (ou chá da Índia), numa área de propriedade da família do Barão de Itapetininga (1799-1876) que se estendia do Vale do Anhangabaú até a Avenida São João. Primeiramente construído em metal, e depois alargado e reforçado com concreto – estrutura utilizada até hoje –, o Viaduto do Chá foi a solução encontrada pela cidade povoada, no final do século 19, por 65 mil pessoas, para cruzar o rio Anhangabaú. O viaduto conectava o Centro antigo (Sé) com o lado moderno da capital (atual bairro da República), onde se plantava a erva de origem asiática. Marco da expansão de São Paulo – de cidade colonial para potência industrial –, o Viaduto do Chá segue como cartão postal da cidade. Tombada, em 2015, como símbolo do patrimônio histórico, arqueológico, artístico e turístico da capital, a construção é rodeada por edifícios emblemáticos, como a sede da prefeitura e o Theatro Municipal, além de sediar importantes atividades artístico-culturais, como os desfiles dos blocos carnavalescos de rua e a Virada Cultural.
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